An All New Life

#22#

Hoje é dia 24 de dezembro e fui obrigada a acordar às seis da manhã para ajudar toda a gente a preparar os doces. Desde ontem que não sei onde anda o meu telemóvel e ninguém me deixa pegar em nenhum telemóvel. Enfim... Resumindo, não faço a mínima ideia do que se passa no mundo, ou com o Shawn.

- Jo, chega cá. - Karen chama-me da cozinha.

Entro e espero que ela me diga algo,mas apenas pega nas chaves do carro e dá-las a Lauren, que se vira para mim.

- Vamos. - diz Lauren e puxa-me para fora de casa.

- Laur! Onde vamos?! - pergunto pois estava cheia de frio no meio da neve lá fora.

- Já vais ver, anda!! - ela parece cada vez mais excitada e entramos no carro.

Sento-me ao seu lado no banco da frente e ponho o cinto.

- Veste isso. - ela atira-me uma camisola preta com capucho para o colo. - E quando chegarmos tapa a cara.

Desconfiada, lá visto a camisola e Lauren acelera pela estrada fora. O caminho é passado em silêncio e, por muito que eu quisesse ligar o rádio, Lauren não me deixava. Demoramos uns vinte minutos a chegar às traseiras de uma espécie de armazém ou assim... Não percebi bem. Assim como Lauren disse, pus o capucho e olhei para baixo, cobrindo a minha cara. Lauren agarrou a minha mão e corremos para dentro do edifício. Posso jurar que ouvi gritos estéricos, mas posso ter ouvido mal.

- Agora vou por-te uma fita nos olhos e vais para onde eu te disser. - ela diz ao meu ouvido e logo a seguir os meus olhos são tapados com uma fita preta.

- Mas Lau...

- Depois agradeces-me. - ela diz a rir-se e puxa-me atrás de si.

Subimos algumas escadas e depois, desta vez juro, que ouvi imensos gritos vindos de lá de fora.

- Vai correr tudo bem. - Lauren diz a sussurrar.

Sou empurrada para a frente e um vento frio precorre-me o corpo. Acho que voltei lá para fora. Não ouço gritos, até parar de andar e tirar a venda dos olhos. Quase tenho um ataque cardíaco quando o faço. Estou em cima de um palco, com um microfone à minha frente e, para além disso, milhares de pessoas. Milhares de pessoas olham para mim e seguram cartazes. Esperem... Os cartazes são para o Shawn. Olho para o meu lado direito, e vejo-o.

- Shawn!! - grito e dou-lhe um abraço.

- Olá! - ele diz a rir-se e passa a mão pelos meus cabelos.

- Por que é que me trouxeste aqui? - pergunto.

Shawn vai até ao microfone.

- Olá! - exclama e os gritos voltam. - Hoje trouxe a minha namorada, a Jo, comigo para vos cantar uma canção.

Arregalo-lhe os olhos e ele sorri de lado. Shawn diz "Memories" com os lábios e eu percebo o que tenho de fazer. Vou até ao microfone e ele vai sentar-se ao piano atrás de nós. Há exatamente um ano atrás eu estava a namorar com Thomas, mas secretamente apaixonada pelo Shawn. Há um ano atrás eu estava a escrever as minhas primeiras músicas. Há um ano atrás eu sentia-me a pessoa mais infeliz e solitária do mundo. Há um ano atrás eu nem sonhava que algum dia eu estaria num palco a cantar uma canção minha em frente a milhares de pessoas. E vejam só! Aqui estou eu! Um ano pode mudar imensas coisas e sentimentos. E este último ano mudou-me.

- Olá! Sou a Joanne, e escrevi esta música quando estava sozinha em Nova Iorque. Espero que gostem. - digo ao microfone enquanto reúno coragem.

E pronto. Consegui. Apenas respirei fundo e cantei a plenos pulmões a minha música. O tempo pareceu acelerar e quando dei por isso, já tinha Shawn ao meu lado e os aplausos de toda a gente a fazer-me querer cantar mais e mais e mais e mais. A querer fazer da música. A minha vida. 

- Ajudas-me a cantar o resto das músicas? - Shawn pergunta ao meu ouvido.

Aceno que sim com a cabeça e recomeçamos a cantar. Acho que foi um dos melhores momentos da minha vida e só tenho de agradecer a Shawn por isso.

✖️✖️

Finalmente podemos sair do palco e, já nos bastidores, abraço o Shawn com imensa força.

- Foi tão bom! Obrigada! - não paro de dizer.

Ele sorri e cola os nossos lábios num beijo rápido, antes de sermos interrompidos por Aaliyah, Karen, Manuel, a minha mãe, Ian, Lauren, Sierra e Luise.

- Tens mas é de nos agradecer a nós! Não sabes o trabalho que deu manter-te longe de tudo o que pudesse anunciar este concerto! - Ian diz cruzando os braços.

- Aqui tens. - Aaliyah diz e dá-me o meu telemóvel.

- Tiraste-mo? - pergunto.

- Bom... Sim, mas valeu a pena, não foi?

Despenteio-lhe levemente o cabelo e dou a mão a Shawn.

- Onde queres ir? - pergunto-lhe.

- Casa. Já. - ele diz a sorrir. - Estou a morrer de saudades. 

Saímos todos do edifício e vamos de carro até à casa dos Mendes. Entramos e vamos logo para a mesa jantar. Acho que mesmo com toda a história de Nova Iorque, a separação dos meus pais, e tudo o resto, consegui esquecer tudo por uma noite e senti-me verdadeira e extremamente feliz. Depois de comermos, a maior parte das pessoas foi-se embora e apenas ficaram os Mendes, eu e a minha mãe a ver um filme de Natal.

- Atenção! Um minuto para a meia-noite! - Karen diz.

Por um minuto, ficamos todos em silêncio e depois Karen exclama:

- Feliz Natal!!

Rimo-nos e desejamos feliz Natal uns aos outros e depois, acabo por ficar com Shawn na sala.

- Comprei-te uma prenda. - digo-lhe e ele sorri. - Não se compara à tua, mas...

- Mas ainda nem te dei a tua! - ele exclama.

- Então... O Concerto?

- Isso foi ideia da Luise. - ele pisca-me o olho. - Mas mostra lá!

Shawn bate palmas como uma criança excitada e eu retiro a pequena caixa com o seu presente de debaixo da árvore. Ele pega-lhe curioso e abre-a. Depois de lhe pegar e de sorrir abertamente, mostro-lhe o meu colar idêntico.

- Obrigado. - ele murmura e puxa-me para o seu colo. - É pah. Amo-te tanto.

Shawn passa uma madeixa azul do meu cabelo para trás da minha orelha e beija-me. Não me canso de repetir ' O Shawn é a melhor coisa que eu tenho. Tinha tantas saudades dele!'.

- E a minha prenda? - pergunto.

Ele tira um papel do bolso e dá-mo. Não é apenas um papel, é uma carta. Abro-a ansiosa e leio-a de uma ponta à outra. É um contrato com a mesma agência dele!

- Bem vinda à família da Island Records! - ele diz a sorrir. - Aceitas?

- Claro!!!

Passo os meus braços pelo seu pescoço e ele beija-me a testa.

- Com que então vamos passar a ser rivais no mundo da música, hein? - pergunto e ele ri-se.

- Não te preocupes. - sussurra. - Eu deixo-te ganhar.