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- Ok, agora já chega, temos de ir embora! Não me interessa se tenho de continuar sozinha!

Elas pagam o almoço por mim e voltamos para o meio da rua.

- Então e agora? - Alicia pergunta. - Já são quase duas, não temos tempo para ir a pé.

Eu respiro fundo contendo o meu choro. Odeio quando me apetece chorar de raiva. É o pior tipo de choro, pois impede-me de pensar direito. Não sei o que fazer mais.

- Alguém está a precisar de ajuda? - uma voz de homem pergunta atrás de mim.

Não acredito que Cody está mesmo à minha frente. Ele está mais alto, mas muculado e o seu cabelo continua tão perfeito como dantes.

- Tudo bem, princesinha?

(Para quem não se lembra, o Cody ajudou a Joanne quando ela fugiu de casa ;))

Abraçamo-nos durante alguns segundos e depois eu conto-lhe tudo o que se passou.

- Tenho uma ideia. - ele diz depois de pensar durante uns minutos.

De repente, ele começa a andar apressado, e eu sigo-o sem pensar. Só espero que ele nos consiga mesmo ajudar. Já não via Cody há imenso tempo, desde que ele tinha ido para a universidade... como é que ele aqui está? Ele é de Toronto e é lá que está a tirar o seu curso.

- Cody, o que estás a fazer aqui?! - pergunto confusa.

- Oh, estou a fazer um favor a uma pessoa cá em Nova Iorque. - ele responde muito brevemente e entra numa loja.

Alicia e a minha psicóloga encontram-se ao meu lado.

- O que é que ele está a fazer? - Alicia pergunta apontando para o nome da loja.

É uma loja de aluguer de bicicletas para turistas, as que eu aluguei com Ryan nas duas semanas em que visitamos Manhattan. Cody corre de novo para o meu lado e dá um capacete a cada uma de nós as três.

- Prontas? - ele questiona.

Eu aperto o meu capacete e aceno que sim com a cabeça. Um homem da loja dá-nos quatro bicicletas azuis e nós subimos para as mesmas.

- Vem sempre atrás de mim. - Cody afirma antes de começar a pedalar.

Eu assim faço e, os quatro, desviamo-nos de carros, pessoas e motas à máxima velocidade que conseguimos alcançar. O vento levanta o meu cabelo e faz com que os meus olhos fiquem marejados de água, mas também me dá um sentimento de liberdade imenso. Inspiro fundo várias vezes e consigo esquecer todo o barulho à minha volta. Concentro-me apenas em pedalar e em seguir Cody em todas as curvas e contra-curvas que ele faz. Consigo olhar levemente para o relógio no meu pulso e vejo que são três horas.

- Acelera! - grito para Cody, que ignora o meu pedido.

Em mais ou menos vinte minutos, o rapaz à minha frente para nas traseiras do recinto. Mesmo de cá de fora, conseguem-se ouvir as vozes das centenas de pessoas que estão à minha espera para cantar para elas. Ou aliás, estavam... por que Liam deve estar prestes a anunciar o cancelamento do concerto. Pousamos as bicicletas e vamos até à porta das traseiras. No segundo em que Alicia toca na porta para a abrir, eu apercebo-me. Todo o choro que eu aguentei hoje, liberta-se e as lágrimas escorrem pela minha face.

- O que se passa, Jo? - a minha psicóloga pergunta.

Os meus últimos anos foram passados à volta da música, mesmo nunca tendo pensado que podia vir a fazer concertos, tive sempre esse sonho escondido algures dentro de mim. Desde que conheci Shawn, esse sonho tem vindo ao de cima. E agora, agora que tenho tudo o que poderia pedir, arruino o meu primeiro concerto e com ele, o meu sonho. O mais curioso é que por muito que queira culpar Shawn, não consigo. É verdade que se não o tivesse conhecido, não estaria agora mais do que muito triste a chorar num passeio qualquer em Nova Iorque, mas se não fosse ele também não tinha experenciado nem metade das maravilhosas coisas que vivi. Sinto Cody abraçar-me de lado.

An All New LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora