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- Anima-te! - Elena pede a terceira vez neste jantar.

- Era suposto estarmos em família... Já não jantamos em família há um mês mais ou menos! - eu queixo-me - E não tenho muita fome.

Eu, Michael e Elena viemos jantar juntos, já que o meu pai está a trabalhar e a minha mãe ficou em casa, pois está muito cansada.

- Acho que estou a fazer uma tempestade num copo de água, ignorem a minha má disposição. - eu peço aos meus irmãos.

Eles sorriem e começam uma conversa entre si. Acho que apenas estou mesmo triste por causa de um simples jantar por que tenho imensas saudades de Ryan, e ele estar distante de mim não ajuda... Ao ter este pensamento, recebo uma mensagem dele.

"Liga-me quando puderes, estou a odiar estar chateado contigo"

Sorrio levemente ao ler a mensagem e tento apressar o resto do jantar, para chegar a casa, enfiar-me na cama e ligar a Ryan. Jacky hoje decidiu dormir no meu quarto e põe-se na cama, por cima dos lençóis.

- Olá... - eu murmuro. - Peço-te imensa desculpa.

- Tudo bem, eu exagerei na minha reação.

- Não exageraste nada, eu fui mesmo estúpida! Nunca te deveria ter dito aquilo, especialmente por que estava errada! Eu amo-te a ti, não a ele, e nunca o amarei de novo... Por que é que achas que fiquei tão contente quando reparei que já não sentia nada por ele? Ele magoou-me muito, não me merece de novo. Já contigo, a questão é se eu mereço um namorado tão querido como tu.

- Eu também te amo... - ele diz e já não sinto irritação na sua voz. - Estás perdoada, Jo.

- Obrigada, não volta a acontecer.

- Estás bem?

- Eu tinha planeado um jantar em família, mas mais uma vez o David não veio por que estava a trabalhar e a minha mãe quis descansar... Estou mesmo frustrada.

- Hey, tens de pensar que ele é muito preciso lá no hospital... Está a salvar vidas! Ele esforça-se imenso para estar contigo e com os teus irmãos, e a tua mãe, como é normal, também tem direito a estar cansada... É mãe de três filhos, com um namorado médico e ainda tem de gerir uma loja de roupa a tempo inteiro.

- Visto dessa maneira eu é que pareço má pessoa...

- Não te sintas, amor, és uma ótima pessoa... As coisas só não estão a correr como esperado e é normal não gostares.

Eu sorrio, ele percebe-me e consegue por-me sempre mais animada, nem que seja só um pouco.

- Então, alguma novidade? - ele pergunta.

- Tantas!

Eu conto-lhe sobre a tour e tudo relacionado com ela, e ele fica tão contente como eu.

- Estou mesmo orgulhoso de ti! - exclama radiante.

✖️✖️

- Bom dia, maninha preferida! - eu digo a cantar e dou um beijo na testa a Elena.

- Pareces mais feliz do que ontem... - Michael comenta do sofá.

- E estou! Pronta para ir para as aulas? - pergunto à minha irmã. - Eu cá estou pronta para ser professora!

Ela revira os olhos e saímos as duas de casa rapidamente. A viagem até à escola é rápida, de autocarro e sinto-me estranha ao lá entrar sem ir para as salas ter aulas. A Elena junta-se às amigas dela, e eu vou sozinha até à sala de música, onde costuma estar a professora Lia.

- Bom dia, Joanne! Tiveste saudades minhas, querida? - ela diz e abraça-me de lado. - A tua mãe já falou comigo e avisou-me que vinhas... E vais já começar! Tenho uma turma a entrar daqui a cinco minutos... Para já vais ser apenas minha assistente, combinado?

- Combinado! - exclamo sorrindo.

A professora Lia foi a minha professora preferida do ano em que estudei nesta escola, todas as outras eram demasiado exigentes. Passei o dia inteiro com ela, a ajudar a afinar instrumentos, a dar formação musical a alguns alunos, para ela ver qual era a minha experiência, também me pediu para eu tocar os instrumentos em que me sinto à vontade e para cantar umas quantas músicas. Ela pareceu impressionada e disse que a partir de agora, às quintas de manhã eu iria dar aulas individuais a um rapaz do último ano e à tarde reunião do clube de música. Pareceu-me bem e, quando já eram sete e meia, saí finalmente da sala de música. Pedi a Michael para me vir buscar de carro por que a estas horas já não há autocarros a sair da escola.

- Olá, professora Joanne. - ele diz a rir-se.

Eu apenas reviro os olhos e Michael faz-me uma festa no ombro como que a pedir desculpa. No momento em que ele ia arrancar o carro, eu digo:

- Espera! - ele para de imediato o que está a fazer. - A Elena já não devia estar no treino de ténis?

- Sim, a estas horas já deve estar a voltar para casa, mas por quê?

Eu aponto para o jardim da frente da escola, onde vemos Elena sentada num banco, aos beijos com um rapaz bastante alto, e que parece mais velho.

- Michael, não vás lá por favor. - eu peço, pois já conheço o meu irmão.

Apesar de me ouvir, ele sai do carro e anda em passo apressado até ao lado de Elena. Eu corro para o lado deles, para tentar prevenir que Michael faça alguma loucura.

- O que é isto, Elena?! - ele pergunta irritado.

- É o meu namorado, por que é que estás a gritar comigo? - ela responde confusa, mas também irritada.

Eu deixo Michael e Elena terem a sua conversa e arrasto o rapaz comigo.

- Quem és tu? - pergunto.

- Sou o Hunter.

- Hunter, que idade tens, para namorares com uma rapariga de 14 anos?

- Tenho 18, estou no último ano. E a idade não é nada! - ele refila.

Ele não é alto para a idade, mas ao lado de Elena é bastante. Tem o cabelo loiro volumoso, os olhos azuis brilhantes, e um corpo musculado. É normal que Elena o ache bonito.

- Agora, tu! - ouço Michael gritar e corre para Hunter.

- Michael... - eu tento para-lo.

- MICHAEL! - Elena grita quando vê o irmão a dar um soco em Hunter.

✖️✖️

- Só o fiz para teu bem! - Michael reclama enquanto põe gelo no lábio.

- Nunca mais voltes a falar para mim! - Elena diz e corre para o seu quarto.

Eu sento-me no sofá ao lado do meu irmão.

- Eu sei que a querias proteger, mas não o fizeste da melhor forma.

- Tu visto o rapaz? Tinha quê? 17, 18 anos? Ela é uma miúda, Jo.

Ele suspira e fecha os olhos durante uns segundos.

- Tudo bem, só quero que lhe vás pedir desculpa, quando essa raiva toda se for embora. - eu digo com calma e vou preparar o jantar para os três.

An All New LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora