Acordo repentinamente e inspiro o ar fresco da manhã. Ao olhar para a espreguiçadeira ao meu lado, vejo-a vazia. Ao olhar para o sítio onde estava o Jeep do Shawn, vejo-o também sem carro nenhum.
- Shawn! - grito, à espera de o ver a sair do estúdio.
Mas ele não aparece. Começo a ficar seriamente nervosa e pego no meu telemóvel rapidamente, marcando o número de Liam, o meu tour manager.
- Bom dia, Jo! Preparada para o concerto? - ele pergunta alegre.
- Preciso de alguém que me dê boleia... passei a noite no estúdio onde o Shawn Mendes está a gravar... bastante longe de Manhattan.
- O quê?! Joanne, já devias estar a preparar tudo, até já tens fãs há espera desde anteontem acampadas em frente ao recinto!
- Mas eu...
- Ou estás aqui às três da tarde, ou vou ter de cancelar o concerto. E vais ter a tour basicamente arruinada.
- Liam! Estás a gozar?
- Já te disse o que tens de fazer.
- Mas ao menos manda alguém vir buscar-me! - peço desesperada, mas ele já desligou a chamada.
Volto a colocar o telemóvel no bolso dos meus calções e respiro fundo.
- O que é que eu fui fazer... - murmuro para mim própria.
Vou para dentro do estúdio, para procurar alguém, mas está completamente vazio. São agora dez da manhã, o que significa que tenho cinco horas para estar no recinto. Volto a pegar no meu telemóvel e vou deslizando o meu dedo no ecrã pela lista de contactos, à espera de ter alguma ideia de alguém que me possa ajudar. Acabo por ligar para um serviço de táxis e informam-me de que daqui a dez minutos terei um táxi à minha espera.
✖️✖️
- Não pode ir mais depressa? - pergunto irritada.
- Menina, não está a ver todo este trânsito? - o taxista responde bastante rude.
Eu bufo e encosto-me de novo ao banco do carro. Já se passou uma hora e meia de viagem e, felizmente, já me encontro na ilha de Manhattan, mas o trânsito está de loucos, mais até do que o costume.
- Então eu saio aqui. - acabo por decidir e retiro uma nota do bolso. - Aqui tem, fique com o troco.
Eu saio do táxi e encontro-me a algumas ruas do Central Park, o que significa a mais de cinquenta ruas do recinto onde vai ser o meu concerto. Dezenas de pessoas apressadas passam por mim e dão-me encontrões, mas no meio da confusão reconheço uma cara familiar a lanchar num café. Corro para dentro do mesmo e olho para a minha psicóloga, com que tive algumas consultas quando vivi em Nova Iorque.
- Olá, não sei se se lembra de mim... sou a...
- Joanne Mason! Quem diria que te viria a encontrar, não é verdade? - ela diz amigavelmente.
- Será que me podia fazer um favor? - pergunto, interrompendo o seu discurso e ela sorri. - Preciso que me diga uma forma rápida de chegar ao Radio City Music Hall.
- Vais a um concerto? - ela pergunta curiosa.
- Vou dar um concerto! - respondo bastante acelerada.
- Uau! Ora bem... uma forma rápida de lá chegar... táxi?
- Está demasiado trânsito. - respondo frustrada.
- Então vem comigo, vamos indo a pé e se nos surgir uma ideia melhor pelo caminho, fica resolvido.
- A pé??
- Tens alguma ideia melhor?
Eu acabo por aceitar e deixo-a pagar o seu lanche. Começamos ambas a andar rapidamente por entre as pessoas no passeio, a certo ponto, eu quase corro por entre elas. Vários carros buzinam de cada vez que eu e a minha psicóloga passamos uma passadeira com o sinal vermelho para nós. Tudo em que consigo pensar é onde raio Shawn pode estar. Ele prometeu dar-me boleia, e desaparece assim... olho para a placa a indicar a rua onde estou.
- Hum, por que é que o número da rua aumentou desde a rua do café? - pergunto.
- Oh não... estamos a andar no sentido errado. - a mulher que me acompanha apercebe-se envergonhada.
Eu fulmino-a com o olhar e começo a desesperar. Já é meio dia e não faço a mínima ideia de como vou estar no Radio City em três horas. Tendo em conta o trânsito, a minha falta de dinheiro neste momento, a minha companhia que não se consegue orientar e a minha fome que aumenta cada vez mais.
- Talvez devesses telefonar a uma amiga, querida. Eu não me oriento muito bem nestas ruas.
- Pois, eu já percebi. - respondo com amargura.
Respiro fundo várias vezes seguidas e concentro-me no local onde me encontro. Olho para o edifício atrás de mim e reconheço-o imediatamente como sendo a casa de Alicia. Apenas tenho receio de ela se ter mudado desde a última vez que estive em casa dela. Acabo por tocar à campainha e, felizmente, ela vem abrir.
- Olá, Jo! Precisas de alguma coisa? - ela pergunta, olhando para mim e para a mulher ao meu lado.
- Alicia, preciso que me ajudes a chegar ao Radio City, agora mesmo. Por favor.
Ela vai até dentro de sua casa buscar o telemóvel e calçar-se, mas aceita o meu pedido com toda a simpatia. Começo de novo a andar apressada, desta vez com Alicia a guiar-me a mim e à minha psicóloga pelas ruas de Manhattan. Algo não está a bater bem... tudo o que se está a passar é surreal. Ontem a minha vida estava tão estável. Eu a passear por Nova Iorque, a ouvir o meu novo álbum, e agora acabei de passar uma noite na companhia do meu ex-namorado, estou quase a faltar ao concerto mais importante da minha vida, e tenho como companhia a mulher que há uns anos eu mais odiava e a rapariga que foi a minha companhia na escola quando aqui vivia. Alicia parece bastante confiante, tenho a certeza que ela conhece estas ruas muito melhor do que eu por isso confio nela e apenas a sigo para onde quer que ela vá. À uma da tarde, estamos apenas a meio caminho e eu, conhecendo bem o meu corpo, sinto que estou demasiado fraca para continuar.
- Parem por favor... - peço ofegante.
As duas pessoas que me acompanham fazem o que eu lhes pedi, e Alicia arrasta-me para dentro de um restaurante.
- Temos de continuar, eu só queria descansar durante uns segundos! - resmungo ao perceber que ela estava a pedir uma mesa para três pessoas.
Por muitos resmungos que eu tenha feito, elas ignoraram-me e obrigaram-me a sentar e a pedir um hambúrguer.
- Vamos perder demasiado tempo aqui, não faz sentido. - digo chateada.
- Estás com um aspeto miserável, precisas de recuperar forças.
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An All New Life
Fiksi PenggemarSequela de Stitches. Aconselho a lerem primeiro a "Stitches (Shawn Mendes)". Chamo-me Joanne. - Não. - Como? - Para mim, passas a ser a Coruja. Franzo o sobrolho com o seu comentário. - Por quê coruja? - pergunto. - Os teus olhos são muito par...