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- Coruja! - ouço alguém bater no vidro da minha janela.

Sento-me na cama de repente e vejo o rapaz de ontem à noite na minha varanda. Arregalo os olhos e aproximo-me dele, fazendo-lhe sinal para esperar. Vou a correr à casa de banho e arranjo-me. Quando volto ao quarto, ele está sentado no chão da varanda.

- Olá. - digo ao abrir a janela.

Ele encosta o dedo aos lábios.

- Shiuuuu! - sussurra.

Ele pega na minha mão e leva-me para o pátio de cimento de ontem, sempre em silêncio.

- O que é... - ele tapa a minha boca com uma mão.

Afasto a sua mão e mantenho-me ao seu lado calada. Ele continua a andar até a um pequeno beco entre dois dos prédios e aponta para um monte de alguma coisa no fundo deste. Aproximo-me do rapaz e e o que antes era um monte, é agora um cão. Parece magoado numa pata. Olho para o rapaz que aqui me trouxe e ele faz um gesto com o braço que eu não percebo.

- O quê? - pergunto muito baixinho.

- Vai lá! - ele diz.

Não tenho medo de cães, muito menos de um magoado por isso aproximo-me. Agora percebo melhor por que não podíamos fazer barulho: o cão assusta-se a qualquer movimento. Consigo finalmente chegar ao seu lado e pouso uma mão no seu dorso.

- Calma. - murmuro muito baixinho.

Ouço passos e o rapaz baixa-se a meu lado. Ele passa a mão pelo focinho do animal.

- Está cego. - diz.

- Cego? - pergunto e ele acena que sim com a cabeça. - Vou buscar comida a minha casa.

O rapaz faz um pequeno sorriso e senta-se com o cão ao colo. Corro a subir as escadas e vou até à cozinha, onde encontro a minha mãe.

- Bom dia. - ela diz.

Ignoro, como sempre, e pego em alguns pães.

- Onde vais com isso? - ela pergunta olhando para as minhas mãos cheias de comida.

Reviro os olhos e volto para o quarto e vejo o meu telemóvel tocar. Atendo.

- Sim? - pergunto.

- Jo, a Chris... - ouço Luise do outro lado.

- O que é que ela fez?

- Ainda não fez nada, mas ela acabou com o Jake e está a aproximar-se do Shawn outra vez.

- Luise, ela não vai fazer nada. O Shawn nunca me faria isso. - digo impaciente, pois Luise anda a dizer-me isto desde que cheguei a Nova Iorque. - Eu tenho de desligar.

- Ok, mas fala com o Shawn.

- Está bem, adeus.

- Xau.

Pouso o telemóvel e respiro fundo irritada com Luise. Olho para a comida pousada em cima da cama e relembro por que fui à cozinha. Volto a pegar-lhe e desço as escadas até ao beco.

- Finalmente! - o rapaz diz.

Corro até ao seu lado e pouso a comida no chão. O cão fareja tudo à sua volta e experimenta um pão, a medo. Percebo a felicidade do animal quando ele começa a a abanar a cauda e a comer tudo a que tem direito. Dou por mim a fazer um sorriso comovido. Fungo e olho para o rapaz.

- O que vamos fazer com ele? - pergunto.

- Tratar dele, eu posso trazer um cobertores para aqui. - ele responde enquanto afaga o pelo do cão.

An All New LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora