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Acordo com o telemóvel a tocar repetidamente e atendo sem saber quem é.

- Bom dia! - Ryan diz animado.

- Bom dia...

- Oh acordei-te? Desculpa.

- Não faz mal, já é tarde eu é que estou cansada dos últimos dias.

- Então não faças nada hoje, faz maratona de filmes no sofá.

- Parece-me um plano tentador, mas falta-me companhia...

- Eu trato já disso, vai para a sala!

Eu fico muito confusa, mas levanto-me da cama e desço as escadas. Não sei por quê, Ryan desligou a chamada. Quando chego à sala, vejo algo que me surpreende.

- Ryan!! - grito e corro para lhe dar um abraço.

Ficamos agarrados durante muito tempo e depois ele pousa as mãos na minha cintura e beija-me.

- Vieste para a maratona de filmes?

- Não a podia perder! - exclama.

Ele pega-me na mão, sentamo-nos os dois no sofá e eu encosto a minha cabeça ao seu ombro.

Enquanto Ryan põe a dar o filme, David aparece na sala.

- Gostaste da minha surpresa? - pergunta.

- Foste tu que trouxeste o Ryan? - pergunto a sorrir.

- Sim, foi ele. - Ryan diz também a sorrir.

Eu levanto-me e corro para dar um abraço a David, nem acredito que pensei mal dele por não estar presente nas nossas vidas, e ele agora dá-me este presente tão valioso.

- Obrigada, pai.

De repente, apercebo-me que foi a primeira vez que chamei pai a David... E não me senti nem um pouco desconfortável. Ele sorri muito abertamente.

- De nada, filha. - diz numa voz carinhosa.

Infelizmente, ele tem de sair para ir trabalhar e eu volto para o sofá ao lado de Ryan, que me abraça de lado novamente.

- Então, começamos com uma comédia? - ele propõem e eu concordo.

Sinceramente, nem me importo com o que vamos ver, desde que seja com Ryan e desde que estejamos os dois bem. Depois de mais ou menos uma hora, eu faço a pergunta que me estava a esforçar para não fazer.

- Ficas cá até quando? Não é que te queira ver fora daqui, mas não quero estar com muitas esperanças de que fiques aqui um mês...

Ele sorri um pouco e depois fica sério de repente.

- Amanhã de manhã vou apanhar o avião de volta para Nova Iorque.

- Oh... Está bem. - respondo desiludida e encosto-me mais a ele.

Ryan passa uma mão pelo meu longo cabelo e beija o topo da minha cabeça.

- E tu vens comigo.

Eu fico confusa e olho para ele, franzindo as sobrancelhas.

- Contigo? Mas eu agora tenho trabalho, e a minha tour... - eu começo a responder-lhe.

- Por isso mesmo, antes de ires na tua tour, quero passar algum tempo contigo. Já está tudo combinado, vens comigo passar duas semanas em Nova Iorque.

- Mas, Ryan... Eu odeio esse sítio, tenho tudo menos boas recordações de lá!

- É bom saber que a cidade em que me conheceste é assim tão odiada por ti. - ele diz fingindo-se zangado.

- Não é isso...

- Eu sei, e também sei que se me deres uma oportunidade vou por-te a adorar Nova York.

- Veremos. - eu digo a sorrir. - Olha... Eu estava a pensar em deixar o meu cabelo com a sua cor natural outra vez, estou farta deste azul.

- Parece-me uma boa ideia, nunca te vi sem teres o cabelo azul. - ele diz a sorrir e volta a fixar a sua atenção no filme.

✖️✖️

- Então, pronta para voltar a Nova Iorque? - a minha mãe pergunta.

- Acho que sim... - respondo um pouco desconfortável.

Este é o primeiro jantar em família desde que descobrimos que Elena namora com um rapaz 4 anos mais velho do que ela. Assim como ela prometeu, não tem dirigido nem uma palavra a Michael e, por isso, estamos todos calados durante esta refeição.

- Bom, por muito que nos esforcemos, esta refeição vai continuar a ser desconfortável para todos, podem ir para os vossos quartos. - David anuncia.

Elena é a primeira a levantar-se e a ir para o seu quarto a correr, seguida por Michael. Eu e Ryan vamos para o meu quarto e deitamo-nos na cama. Ele passa um braço à minha volta.

- O que achas do namoro da Elena? - pergunta.

- Não tenho de achar nada, mas gostava que ela se apaixonasse por alguém da idade dela ou assim...

- Mas o tal rapaz trata-a bem?

- Eu não sei... Nenhum de nós sabe nada sobre ele, isso é o que nos assusta. Podíamos não falar disto?

- Claro... Devíamos dormir, o avião é muito cedo amanhã.

Ele beija a minha testa e brinca com alguns fios do meu cabelo até eu adormecer, o que não demora muito. Começo a ver a rua escura onde me refugiei para me esconder dos rapazes com as armas, mas desta vez eles apanham-me e, no escuro da noite, prendem as minhas mãos uma à outra, obrigando-me a assistir ao que eles estão a fazer. Colocam Ryan à minha frente, de joelhos e um deles retira a sua pistola e aponta-a à cabeça do meu namorado. Em menos de um segundo, Ryan cai no chão, com uma bala na sua testa.

Eu sento-me de repente na cama, ofegante, e olho em volta assustada, à procura de Ryan. Olho mais uma vez, e mais outra, mas não o vejo em lado nenhum. Levanto-me da cama e desço as escadas lentamente, muito assustada.

- Jo?

Chego finalmente à cozinha, onde Ryan olha para mim confuso.

- Estás aqui...

Eu corro para o abraçar com imensa força.

- O que é que se passa? - ele pergunta olhando-me fixamente. - Quando chegaste aqui parecias aterrorizada.

- Foi só um sonho... Por que é que não estás no quarto?

- Já são horas de nos arranjarmos para ir apanhar o avião e eu vim preparar o teu pequeno almoço.

Eu sinto-me mais calma e sorrio agradecida. Os dois sentamo-nos a comer o pequeno almoço na mesa que há na cozinha e rapidamente acabamos e eu subo as escadas para me vestir. Reparo que Ryan deve ter feito a minha mala enquanto eu dormia, e pego nela e levo-a para a entrada da casa.

- Vamos? - eu chamo-o, tentando não fazer muito barulho para não acordar ninguém.

Ele vem ter comigo com a sua mala e saímos de casa.

An All New LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora