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2 meses depois

Eu entro no quarto de Ryan e vejo que ele ainda está a dormir. Sento-me numa cadeira e fico a olhar para o meu namorado... Que ultimamente nem parece meu namorado, nem parece que namoramos... Aliás, nem parece que somos sequer amigos. Ele tem parado gradualmente de se cortar e de rebaixar-se a si mesmo, mas qualquer coisa está mal. Ele não é o mesmo e por muito que eu me esforce por fingir que tudo está bem e que estou feliz, nada disso é verdade... Tenho vindo cá a casa todos os dias, pois estou a gravar algumas músicas cá em Nova Iorque.

- Bom dia... - o rapaz deitado na cama diz com o mesmo tom monótono das últimas semanas.

- Dormiste bem?

- Sim... As gravações estão a correr bem?

- Sim.

E assim, desta forma, ficamos sem assunto, sem qualquer tipo de ligação entre nós. Já tenho sentido isto há muito tempo, mas tenho esperado que passe depressa.

- Hey, senta-te aqui, temos de falar. - Ryan diz e senta-se de lado na cama.

Aproximo-me dele e este põe o seu braço à volta dos meus ombros.

- Do que querias falar? - questiono pois ele manteve-se calado.

- Tu também reparaste que qualquer coisa está diferente, não foi?

- Hum, sim, reparei bastante nisso.

- Eu acho que sei por quê...

Ryan retira o seu braço dos meus ombros e olha-me nos olhos enquanto segura na minha mão.

- Eu tenho uma teoria... - ele suspira. - Quando duas pessoas namoram, ou se casam ou têm filhos... Pronto, tu percebes... Para tudo ser perfeito, pelos menos aos olhos de cada um, há uma condição. Algo que não pode faltar...

- Têm de se completar um ao outro. - eu termino a sua frase, pois lembro-me de Ryan já me ter contado isto.

- Exato. E no início da nossa relação eu achava que nós tínhamos isso...

- Eu sei, tu disseste-me.

- Espera, deixa-me continuar... - ele suspira a aperta a minha mão. - Mas com o passar do tempo, com o passar deste quase um ano e meio em que namoramos, eu percebi que não nos completamos. Nós destruímo-nos.

- Como assim? - pergunto genuinamente confusa.

- Já não nos completamos um ao outro como dantes, Jo. Agora destruímo-nos. Tu com a tua carreira e as tuas fãs que não gostam de mim, baixas a minha autoestima. Eu começo a cortar-me, começo a deprimir, por que de certa forma é assim que eu sou, e isso faz-te... isto. Faz-te deprimir também e voltar a ser a Jo insegura e solitária. Há tantas coisas que eu faço que, sem querer, te magoam e te mudam, e vice-versa.

- Acho que tens razão - admito.

Ryan abraça-me e eu enterro a minha cabeça no seu peito.

- Então, nós... - eu começo a murmurar e uma lágrima escorre pela minha face.

- Sim, nós acabamos, Coruja...

Ficamos os dois abraçados durante bastantes minutos, enquanto eu me controlava para não chorar demasiado. Bem lá no fundo, eu senti desde o início que esta conversa com Ryan não ia acabar bem, mas apenas tinha ignorado esse pensamento negativo.

- Não te afastes de mim, ok? - eu pergunto quando nos separamos lentamente.

- Claro que não, és a minha melhor amiga... - ele murmura a sorrir.

An All New LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora