Emma estava vestindo um lindo vestido branco, com uma enorme saia, que rastejava no chão majestosamente. Ela estava com um coque igual ao meu, enfeitado de flores brancas. Suas pálpebras estavam maquiadas com uma cor bege e seus lábios estavam vermelhos. Emma usava luvas brancas e segurava um lindo buquê de rosas.
Ao seu lado, ia seu pai. Ele não era muito alto e tinha cabelos brancos. Tinha um enorme sorriso no rosto. Ao chegar perto do altar, Emma me olhou e sorriu. Nos sentamos e assistimos a cerimônia por uma hora. Era tão entediante ficar ouvindo o padre ficar falando.
Os dois disseram sim e no final, deram um pequeno beijo. Emma não o amava, estava fazendo aquilo para ajudar o reino. Eu não sabia se ele a amava. Ben nunca foi de demonstrar sentimentos. É frio como uma pedra de gelo.
- Princesa Emma e Príncipe Benjamin estão casados. – Escuto o Padre dizer antes de todos saírem da igreja e irem para o salão de festas. Corro até Emma e a abraço.
- Oi Sra. Hightwood. – Digo de brincadeira. Era o sobrenome de Ben, portanto, o meu também. Emma faz uma careta.
- Oi coiote. – Fala ela. Damos uma risada e juntas vamos até o salão. Várias princesas ficam falando com ela no caminho sobre coisas fúteis. Quando falavam algo extremamente idiota, eu não conseguia controlar e devolvia com uma resposta grosseira e sarcástica, fazendo-as me olharem com desprezo e se afastarem.
O salão de festas já estava cheio ao chegarmos. No teto tinha quatro lindos lustres de cristal, com o maior centralizado entre os outros três. No fundo, os músicos já estão tocando seus instrumentos. Garçons passavam entre a multidão, carregando bandejas com taças cheias de bebidas.
Em um canto esquerdo do salão, estavam as enormes mesas com todos os tipos de comida que você pode imaginar. De salgados exóticos a sobremesas coloridas. Não muito perto dos músicos, estava outra grande mesa coberta por uma manta branca e atrás, seis lindas cadeiras banhadas a ouro.
- Olá minha filha. – Diz minha mãe, tocando em meu ombro.
- Oi mãe. – Digo sorrindo. Ela guia eu e Emma até a mesa com as cadeiras douradas. Logo depois, toda a família real estava sentada. Emma estava ao lado de Ben e, eu, estava ao seu lado. Phil estava na outra ponta e meus pais estavam no centro.
Tivemos que assistir três enormes apresentações de dança. Todas muito parecidas, com muitos movimentos iguais, com todos os príncipes e princesas dançando em dupla e em sistema monótono.
Apoiei minha cabeça em minha mão. Meu estômago estava roncando e eu estava com fome.
- Aislin, tire os cotovelos da mesa. – Diz minha mãe. Reviro os olhos e coloco minhas mãos sobre meu colo. Quando estava prestes a começar a quarta, não aguentei.
- Para! Para! – Gritei e fiquei de pé. Phil riu. – Gente, deu! Eu já vi que vocês sabem dançar. – Minha mãe me encarava com os olhos arregalados e ódio. – Eu sou a princesa e estou mandando todo mundo ir comer. Estou com fome. – Bati as palmas. – Com licença. - completei para manter a classe. O Salão foi tomado pelo silêncio.
Me afastei da mesa e andei até ao local do banquete. Todos me encaravam, mas eu nem liguei. No meio do caminho, tirei meus saltos.
- Ui... que alívio. – Digo e os jogo para longe. Pego meu prato e começo a me servir.
- É... me desculpem pela minha filha. – Escuto minha mãe dizer. – Depois continuaremos com as danças. Podem se servir e divirtam-se.
A música mudou e todos começaram a se servir. Eu podia ouvir muitos falarem: "Que princesa sem educação", "nunca vai saber reinar", "com certeza vai morrer sozinha".
Depois que peguei o que queria, voltei para onde minha família estava e comecei a comer.
- Quem você pensa que é para fazer isso? – Pergunta minha mãe controlado a raiva.
- A princesa. – Respondo e coloco um enorme pedaço de pão na boca.
- Aislin! Pare de ser grosseira e coma direito. – Diz minha mãe. –Não sabe a gravidade do problema que me causaste? Uma princesa não pode agir desta forma, como uma mulher da vida.
- Há! Agora o fato de eu ficar com fome, significa que eu sou uma prostituta!?- Falo com sarcasmo.
- Aislin! Olha só como falas. – Diz minha mãe. Bufo e continuo comendo. Emma e Ben saem para se servir. - Elliot, faça alguma coisa. – Diz ela se referindo ao meu pai.
- O que posso falar Dayana? A garota só estava com fome. – Fala ele.
- Mas ela agiu de forma incerta. – Retruca minha mãe. Meu pai respira fundo e me encara com seus olhos verdes.
- Aislin, minha filha, não haja mais dessa forma. – Diz ele. Minha mãe parece inconformada, porém fica calada. Depois de dançar com Philip umas dez vezes e não ser convidada por nenhum outro príncipe, o baile acaba. Meus pais se despedem. Eles são amados por todos, assim como meus irmãos. Eu sou a ovelha negra.
Bebo umas três taças de vinho, minha cabeça já está rodando. Me despeço de Emma e vou andando cambaleante até meu quarto, que fica no terceiro andar. Paro perto de uma janela. Lá fora já está escuro, e a lua cheia brilha intensamente, porém eu mal consigo vê-la por conta dos enormes muros que cercam o castelo.
Meu pai nunca me disse exatamente o porquê daqueles muros. Uma vez ele disse que era para proteção, outra vez foi para manter a beleza do castelo, o que não faz sentido, afinal, quem vai achar muros de pedra bonitos?
Eu nunca sai daqui para ver o meu reino. Sempre fiquei entocada. O máximo que eu ia, era os jardins do lado de fora do castelo, mas não passavam dos muros. Era como uma prisão.
Quando criança, eu subi na torre mais alta, mas lá não tinham janelas. Aquilo era angustiante. Subi as uma escada de cada vez.
- Princesa! Princesa! – Escuto. Olho para trás meio zonza. É salmão, meu mordomo. Esse não é seu nome de verdade, eu que o chamo assim por conta de sua careca brilhante e rosada. Seu nariz é tão comprido que as vezes até assusta, mas eu já me acostumei.
- Princesa, esqueceste teus calçados. – Diz ele formalmente, como sempre. Dou um sorriso e pego meus saltos.
- Obrigada salmão. – Falo e começo a subir as escadas novamente.
Ao chegar em meu quarto, desfaço meu penteado, tiro meu vestido e o corpete, ficando apenas de calcinha e sutiã, e me jogo em minha cama. Um alívio percorre meu corpo. Estou livre de roupas apertadas, sapatos altos e pessoas chatas. Fecho meus olhos e rapidamente caio no sono.

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O reino de Aurion
FantasyAislin é a uma princesa que não gosta nem um pouco de sua vida. É revoltada e não gosta de seguir regras. Sem saber o que tem depois dos enormes muros que cercam o castelo, ela se sente aprisionada e angustiada. Após o casamento de sua melhor amiga...