Descobertas

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Engoli um seco e senti minhas mãos tremerem, fiquei nervosa, eu sabia que eu estava em território inimigo, eu era uma intrusa para eles. Tudo presente ali é uma novidade, afinal, eu mal acreditava em fadas.

- Sente-se. – Escuto Vulcano falar ao meu lado – Está parecendo uma estátua no meio do nada, eles não vão lhe machucar.

Assenti com a cabeça e a abaixei, olhando para o chão. Ouvi algumas risadinhas e piadas escrotas e que, se eu tivesse em condições, responderia com algo bem ignorante. Eu segurei a mão de Root, estava com medo, ele me olhou assustado.

- Eu confio mais em você do que qualquer coisa. – Digo. Ele arqueia uma das sobrancelhas e assente, segurando minha mão com firmeza. Ele me acompanhou pelo salão em silêncio, todos nos encaravam curiosos. Eu nunca senti tanta confiança em alguém, mesmo com o pouco tempo em que nos vimos, uma ligação entre nós se formou. Algo que eu não consegui explicar, eu senti que eu podia contar todos os meus segredos para ele sem medo.

Passamos por entre as duas mesas e ele aponta para um lugar vazio ao lado do seu. Sento-me e fico encarando as comidas de diferentes formas, ninguém comia. Por quê?

- Porque ninguém come? - Perguntei.

- Temos que esperar o chefe.

- Chefe? – Franzi o cenho. – Quem?

- Você vai ver. – Diz ele com um tom misterioso.

- Oi... – Escuto em meu ouvido e levo um susto. Vejo Kamorra com um sorriso malicioso. – Pelo visto já fez amigos.

- É... – Não sei o que dizer. Ela sorri e se vira, andando para a outra mesa e beija um garoto e depois outro e logo depois outro. Arregalo os olhos e paro de olhar. Ela só pode ser louca ou algo do tipo. Beijar três garotos? Nunca ouvi falar nisso, afinal, qualquer mulher que fizesse isso no meu reino era considerada prostituta, sem futuro, desonrada e tal. Mas... Aqui, ninguém falou nada, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Não se preocupe. – Diz Vulcano, sentando-se ao meu lado. – Ela está chapada. É sempre assim. – Ele parece triste e começa a cutucar o prato com seu garfo.

- Ela bebe alguma coisa? - Pergunto.

- Também, mas ela também usa outra coisa. – Diz Root.

- O quê?

- Fínindra. – Completa Vulcano. – Titânio também usa.

- Mas que diabos é isso?

- Uma droga. – Responde Root. – Vamos mudar de assunto?

- Vocês usam?

Root respira fundo e me encara no fundo dos olhos.

- Sim, eu uso. – Diz ele. – Vulcano não.

Aquilo foi como uma pancada no peito. Como assim, a pessoa que eu mais confio aqui é drogada?

- É.... Por que você usa? – Pergunto sem jeito. Ele olha para suas mãos escamosas.

- Muitos só querem esquecer o passado... – Root diz com um tom distante.

- Como assim?

- Deu de perguntas por hoje! – Diz Vulcano, quase berrando. Levo um susto, dando um pequeno saltinho da cadeira. Percebi que eles sofriam, de alguma forma, mas sofriam. Nunca ouvi falar nessa droga, não sei nem como é. Era muito raro eu ouvir alguém falando sobre esse tipo de coisa no meu reino. Era como uma palavra extinta. Nunca vi alguém usando nada parecido.

O reino de AurionOnde histórias criam vida. Descubra agora