- Lin, Você está bem? – Perguntou uma voz familiar. Eu estava encolhida perto da parede do salão principal. Respirei fundo e enxuguei minhas bochechas, com certeza eu devia estar um caco. Ergui os olhos e vi Root, com seus enormes olhos amarelos me encarando, seus cabelos verde-água levemente molhados, o couro de cobra em volta do rosto brilhando. Ele sorriu, e vi seus dentes afiados. Para mim, aquele sorriso era o mais acolhedor que tinha, mesmo sendo tão horripilante.
Fazia um bom tempo que ninguém me chamava de Lin, isso fazia sentir-me acolhida, ser parte da família. Era um apelido tão gentil e carinhoso que quase me fez sentir livre e longe daquilo tudo, daquele pesadelo!
- Lin? – Root falou novamente, desta vez com a mão em meu ombro. Resmunguei em resposta, tentando parecer o mais normal possível. Meus olhos deviam estar vermelhos, assim como meu nariz.
- Você está bem? – Ele perguntou sorrindo novamente. Por que ele é tão gentil comigo? Zoiúdo era diferente, tão acolhedor e carinhoso.
- Sim... – Menti, mas eu não queria mais parecer fraca. Ele levou o dedo indicador ao meu queixo e levantou um pouco minha cabeça, fazendo olhar nos seus olhos.
- Tem certeza? – Root arqueou uma sobrancelha.
- Não... – E o abracei. Eu confiava nele, Root era parecido com Phil, em personalidade, é claro. Ele retribuiu o abraço, seus braços me envolvendo com carinho, sua cabeça em cima da minha. Encostei meu ouvido em seu peito, ouvindo seu coração calmo. Root parecia uma cobertor vivo, que te protegia e aquecia, tirando todas suas aflições.
Sua respiração era contínua. E, pela primeira vez, senti a vida! Algo parecido com liberdade e leveza, senti o viver dentro dele e em mim. Ouvir seu coração batendo me fez pensar que Root iria me entender. Afinal, sentir a vida correndo dentro de si mesmo é tão bom. Perceber que mesmo tudo estando na escuridão, parecendo não ter mais saída, as coisas podem melhorar, basta continuar seguindo em frente.
- Melhorou? – Perguntou Root ainda me abraçando. Concordei e me afastei, sentindo-me muito melhor. Ele sorriu e tirou um fio de cabelo da frente de meu rosto.
- Vamos, o café da manhã está pronto. – Root se levantou e estendeu a mão para mim, aceitei-a e me levantei também. Ele segurou minha mão e me guiou até o salão que aconteceu o jantar ontem.
De manhã, o lugar era belíssimo, os raios do Sol penetravam o lugar. As cortinas se moviam com o vento, as janelas estavam abertas. As duas mesas de comida estavam sendo postas e pouco a pouco, foram aparecendo criaturas e, dessa vez, algumas crianças. Duas chamaram a minha atenção, uma menina e um menino parecidos. Eles tinham olhos grandes e azuis, com musgos perto das bochechas. No cabelo comprido e loiro da garota, tinham algumas folhinhas e flores. No do garoto, tinha mais terra.
As orelhas dos dois pareciam a de um veado, grandes e compridas que, em vez de ir para cima, ia para os lados da cabeça. Os dois estavam na ponta dos pés, colocando alguns pratos na mesa.
- É... Vocês fazem o café da manhã muito rápido. – Falei.
- Acho que foi você que chorou muito. – Disse Root com um sorriso torto e colocando o braço em volta de meus ombros.
- Você fez seu café da manhã? – Perguntei com o estômago roncando.
- O nosso café da manhã. – Root disse e pediu para que eu me sentasse, assim o fiz. – Eu já volto. – e se retirou, indo até uma pequena porta no canto do enorme salão. Fiquei olhando a enorme mesa em que eu estava, só tinham quatro criaturas comendo. Na outra mesa, também não tinha quase ninguém. Acho que o resto dorme até tarde...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O reino de Aurion
FantasyAislin é a uma princesa que não gosta nem um pouco de sua vida. É revoltada e não gosta de seguir regras. Sem saber o que tem depois dos enormes muros que cercam o castelo, ela se sente aprisionada e angustiada. Após o casamento de sua melhor amiga...