Sai desesperadamente em direção à Kamura, abri a porta que ele entrou e acabei parando na cozinha. Ele estava perto de uma mesa, afiando uma faca, que brilhava com os raios solares que entravam pela janela. Ele ergueu os olhos e logo depois, continuou a afiar a faca. Respirei fundo e tomei coragem, dizendo:
- O que aconteceu? O que fez com Vulcano? Dá para explicar alguma coisa para mim, por favor?
Kamura continuou a afiar, seus braços se moviam com uma graciosidade única. Seus cabelos castanhos caiam levemente sobre sua testa.
- Fala alguma coisa! – Pedi batendo na mesa.
- Alguma coisa. Satisfeita? – Ele ergueu o olhar. Mais uma vez, sem expressão.
- Responde as minhas perguntas seu assassino! – A raiva borbulhava dentro de mim. Kamura pegou sua faca e fez algumas piruetas com ela na mão, o objeto parecia ser completamente dominado por ele e, então, em um movimento rápido, ele a jogou em minha direção.
Gritei e fiquei estática. A faca passou raspando pelo meu rosto, senti ela cortando um fio de meu cabelo e acertou a porta atrás de mim, ficando presa. Meus braços começaram a tremer.
- É incrível como você acha que tem poder. – Disse ele calmamente, mas de uma forma tão superior que me assustei. – Sua persistência me perturba.
- Então me mata! – Falei. Kamura cruzou os braços e me encarou, fuzilando-me com os olhos.
- Não.
Respirei fundo e revirei os olhos.
- Me diz pelo menos o que você fez com Vulcano. – Pedi.
- Nada.
- Mas você falou isso antes e...
- Eu não fiz nada com ele. Na verdade - Ele começou a andar até mim, seus olhos violetas foram ficando roxos brilhantes. Ele tinha tanta graciosidade ao falar, sua respiração era contínua -, ele fez alguma coisa. Vulcano matou. Tirou uma vida. - Kamura estava há um metro de distância – Ele sentiu o poder da morte nas mãos.
- C-como? Ele é só uma criança.
- Não mais.
- É sim. Ele tem dez anos! – Repliquei. Kamura deu um sorrisinho.
- Então tá. – Ele ergueu as mãos, como se estivesse sendo ameaçado. Vi três anéis em seus dedos. Kamura estendeu seu braço, passando-o ao meu lado, próximo ao meu rosto, e pegou a faca atrás de mim. – Eu não o considero mais uma criança. Ele já tem bastante maturidade.
- Por que você não usa uma camiseta ou blusa? – Pergunto, depois de alguns segundos em silêncio, olhando para seu peitoral. Ele ergueu uma das sobrancelhas e abaixou um pouco a cabeça para falar comigo.
- Você se incomoda? – Vi um sorriso torto em seu rosto.
- É... Não. Só não acho que um "rei" deveria ficar andando por aí só de calça, exibindo a barriguinha musculosa, os bíceps fortes e tal. – Fiz uma voz mais grossa e tentei imitar um cara fortão, afastando os braços no corpo, cerrando os punhos.
Kamura não fez nenhuma manifestação de que gostou ou não. Era para ser engraçado. Fiquei meio sem jeito e voltei ao normal.
- Você tem um senso se humor estranho. – Falei baixo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O reino de Aurion
FantasíaAislin é a uma princesa que não gosta nem um pouco de sua vida. É revoltada e não gosta de seguir regras. Sem saber o que tem depois dos enormes muros que cercam o castelo, ela se sente aprisionada e angustiada. Após o casamento de sua melhor amiga...