Destruidor de sentimentos

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Sai apressada das masmorras, com o coração batendo sem parar. Uma esperança me invadiu, eu ia conseguir sair daqui! Vou ajudar todos aqueles inocentes também. Encontrei alguém que me entende, que sente as mesmas coisas que eu! Thomas é um cara legal e está disposto a me ajudar.

O que ainda não entendi foi por que Root pediu para eu não ir até as masmorras, lá não tinha nada de tão assustador. Vai ver eles estão com medo que eu descubra a verdade, afinal, aqui é um lugar que guarda muitos segredos que devem ser bem guardados por alguma razão.

Dei de ombros e comecei a subir as escadas feliz da vida. Eu encontrei um ser humano! Nossa, que pensamento idiota. Ri de mim mesma. Mas olhe, para quem está aqui, cercada de coisas estranhas e tal, achar alguém normal é quase como encontrar um tesouro. Não estou muito acostumada com essas coisas diferentes, para mim, o mundo era normal até eu ser raptada e parar aqui, nesse castelo enorme que eu não encontrei nem a saída.

Pensamentos de fuga e de reencontrar minha amiga me invadiram, que eu nem percebi para onde estava indo. Tinha subido alguns degraus a mais. Olhei em volta completamente perdida e, de noite, tudo ali era mais assustador e macabro. Não tinha ninguém por perto para me ajudar.

Estremeci e tentei me lembrar dali. De canto de olho, vi a enorme porta gótica que Kamura disse para eu não entrar. Não devo estar tão longe de meu quarto. Encarei a porta por um tempo, ela me causava arrepios.

- Perdida? – Ouvi. Olhei em volta e não avistei ninguém. – Estou aqui.

Titânio apareceu cambaleante da escuridão, ele estava com uma cara acabada e sorria, expondo seus dentes afiados. Ele estava assustador.

- S- Sim. – Respondi – Mas eu acho o caminho de volta, não se preocupe. – Dei alguns passos para trás.

- Não, não! Eu te ajudo! - Titânio se aproximou, ainda tropeçando.

- Você está bem?

- Estou ótimo! – Ele me encarou, seus olhos vermelhos me ameaçando. – Nunca estive tão bom... – ele soluçou e se apoiou na parede. Mesmo com a pouca luz, vi que em suas mãos possuía um pó azulado. Engoli um seco...

- Titânio, não precisa. – Falei – Eu estou bem.

- Ninguém está bem aqui! – Ele gritou e depois riu. – Por isso que eu digo, se você ainda está respirando, você é sortudo, porque a maioria de nós está arfando pelos pulmões gastos e sem vida.

Pisquei várias vezes, não estava entendendo.

- Boa noite. – Disse, tudo o que eu queria era sair dali.

- Já? – Titânio cambaleou e caiu no chão, se apoiando com os braços. Logo depois levou sua mão até o nariz e respirou fundo, como se não quisesse parar. Fiquei estática, sem saber o que fazer. O que ele estava fazendo? Seu corpo começou a ter convulsões e ele se levantou, sorrindo.

- Por que ainda está ai? – Titânio perguntou.

- É... É... – Não sei o que falar.

Ele começou a gargalhar, era algo assustador. Meu coração começou a acelerar. Titânio se ajoelhou e seus olhos reviraram, fazendo com que eu só enxergasse a parte branca, meu estomago embrulhou.

O garoto parou e se levantou, ajeitando os olhos, e me fitou. Ele respirava compulsivamente, com o peito subindo e descendo rapidamente.

- O que está acontecendo com você? – Perguntei.

- Estou louco! – Ele gritou – Louco!

Me encolhi. Titânio ria sem parar, era algo assustador, ele estava tonto e completamente sem rumo. Fazia coisas estranhas com a boca.

O reino de AurionOnde histórias criam vida. Descubra agora