O reino de Aurion

Kamorra invade meu quarto

- Aislin, Aislin! Acorda! – Me sacudiram. Resmunguei e abri os olhos, sonolenta. Vi Vulcano me encarando com seus olhos sem íris, era horripilante, tinha apenas uma pupila acinzentada.

- O que você quer? – Perguntei com a voz rouca.

- Já está na hora do almoço. Fiquei preocupado e vim te acordar. – Respondeu Vulcano se sentando ao meu lado.

- Eu queria ficar sozinha. – Falei.

- Foi mal. Então vou embora. – Ele se levantou.

- Ei, não precisa. – Disse, ele me encarou. – É.... Você está bem? – Lembrei de sua expressão assustada após ter matado aquela mulher. Vulcano respirou fundo, parecendo entender o que eu queria dizer com a minha pergunta.

- Acho que sim. – Ele encolheu os ombros.

- Você tem pais? – Perguntei, mas logo me arrependi ao ver sua expressão de tristeza.

- Eles não me querem.

- O quê? –Perguntei.

- Meus pais não gostam de mim, são humanos. Meu pai me espancava e minha mãe me chamava de todos os nomes possíveis, então fugi e parei aqui. – Vulcano falava olhando para o chão, vi seus lábios tremerem.

- Como? – Perguntei curiosa.

- Eu vi que aqui tinham criaturas como eu, anomalias para os humanos e, resolvi morar aqui.

- Mas Kamura, ele deixou?

- Sim, afinal, vou ajudá-lo em seu exército.

- Ele deixa você ficar aqui só se matar pessoas? – Perguntei me sentando na cama, eu estava impressionada.

- Exatamente. – Vulcano disse – Aquela mulher foi meu primeiro ato, e hoje eu vou para o treinamento com o Root. – ele sorriu.

- Você acha legal isso? – franzi o cenho. – Treinar para matar?

- Kamura disse que posso me vingar de meus pais.

- Vulcano, você quer isso?

O garoto ergueu o olhar, completamente confuso. Seus cabelos ruivos intensos caiam sobre sua nuca e grudavam no pescoço por conta do suor, ele estava nervoso.

- Eu não sei. – respondeu hesitante.

- Cara, você não percebe que ele está te usando? Kamura está usando todos vocês para fazer uma coisa que só ele quer. Matar a todos para se tornar poderoso! O que você acha que ele vai fazer depois de conseguir o que quer? – Eu articulava, minha mente estava a mil. Vulcano parecia assustado. – Vai matar todos! Kamura é um assassino sem coração, que só pensa nele mesmo e acaba com todos a sua volta.

- Ele não acaba com nenhum de nós... – Vulcano falou baixinho.

- Mas acabou comigo! Ele simplesmente pegou meu coração, o espremeu, esfaqueou e jogou fora, falou coisas que acabariam com qualquer um. É uma dor que eu não desejaria ao pior de meus inimigos. Me diz a verdade, Kamura nunca fez nada com você, sei lá, falou algo que o magoou?

Vulcano ficou me encarando pensativo e estático.

- Sim, ele já fez...