O urso

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Acordo com o Sol em meu rosto, pisco várias vezes e me sento. Minha boca e garganta estão secas e a fome me perturba. Bocejo e espreguiço meus braços, estico minhas pernas e fico em pé. Sinto-me um pouco fraca e sem motivação. Eclipse dá uma pequena cabeçada em minhas costas, como se estivesse tentando me animar. Faço carinho em sua crina.

- Bom dia... – Digo sonolenta. De dia a floresta fica bastante iluminada e alguns animais aparecem, como passarinhos e pequenos roedores, nada fora do comum. Monto em Eclipse e sigo por um caminho com árvores tortas e folhas secas. Eu simplesmente deixo o cavalo me guiar, apenas observo a paisagem. Borboletas e joaninhas aparecem perto das flores.

Andamos por um longo tempo, e minha sede aumentou, assim como minha fome. Eclipse respirava com mais dificuldade e andava um pouco mais devagar. Precisamos de água urgentemente, podemos ficar sem comida por mais tempo.

Eu devia fazer alguma coisa, preciso tomar uma decisão, mas vou fazer o quê? Desço do cavalo e sinto a textura da terra em meus pés, está seca. Olho para os galhos das árvores, muitos também estão secos. Era isso, devia seguir para o lado em que as folhas estivessem mais esverdeadas e a terra mais úmida. Olhei em volta e comecei a andar em direção à árvore menos seca dali.

Passamos mais um dia procurando água. No meio da noite aqueles passos voltaram, mas logo foram embora. Já estava com muita sede. Estava quase perdendo as esperanças de manhã, as árvores estavam ficando um pouco mais esverdeadas e vivas, mas nenhum sinal de um lago ou algo do tipo. Eu seguia em frente, seguindo a minha intuição.

Enquanto eu ia andando, as folhas do caminho iam ficando mais verdes. Pressenti que estava indo para a direção certa. Continuei, não estava disposta a desistir, Eclipse ia atrás de mim e, ao chegar em uma certa parte da floresta, me senti observada e parei. Olhei em volta e não consegui ver nada além de plantas e árvores, a sensação continuou por um bom tempo, mas me contive em continuar em frente.

A terra já estava ficando um pouco mais úmida e minhas esperanças aumentaram, ao longe ouvi um barulho parecido com água corrente. Meu coração disparou e comecei a seguir o barulho, o vento foi ficando mais fresco.

Não muito longe de mim, avistei um rio corrente. Uma alegria me invadiu, soltei Eclipse e corri em direção à água. Cheguei na beirada, era um rio transparente com uma correnteza forte, eu conseguia ver as pedrinhas do seu fundo, não deve ser sujo e provavelmente não vou me contaminar. Não perdi tempo, fiz um formato de concha com as mãos, me agachei e comecei a beber a água límpida, era fresca e minha garganta agradeceu.

Bebi goles grandes e matei a sede. Sentei-me em uma pedra, Eclipse me seguira e ainda estava bebendo água. Olhei para o Rio, vi que ele terminava em uma cachoeira e, perto dessa cachoeira, tinha um tronco caído que levava de uma borda à outra, como uma ponte. Respirei fundo e me levantei, agora eu precisava achar comida.

- Eclipse, eu vou procurar algo para comer. Não sai daí. – Digo e, então começo a vasculhar os arredores do rio. As árvores chão altas e muitas não possuem frutos, e as que possuem, eu nunca vi na vida e é arriscado comer, pode ser venenoso. Modéstia parte, para uma princesa que nunca saiu do castelo, acho que eu estou me saindo um pouco bem aqui na floresta.

Percebo que me afastei um pouco de Eclipse e a sensação de alguém me observando volta. Olho ao meu redor, não vejo nada, apenas escuto alguns passos pesados, como da noite passada. Posso escutar um bufo também. Era só o que faltava, toda vez que eu acho que tudo vai melhorar, as coisas pioram, agora tem um bicho me perseguindo.

O reino de AurionOnde histórias criam vida. Descubra agora