Sentei em minha cama e desabei em choro. A dor é muito grande, ela me corrói por dentro, é algo impossível de explicar. Parece que arrancaram um enorme pedaço de meu coração. Comecei a me lembrar da cena da morte de minha mãe e de Philip. O sangue dos dois banhavam o chão e eu não fiz nada para impedir. Senti o sentimento de culpa, raiva e inutilidade na mesma hora. As palavras de Kamura também não ajudam. Ele esconde tanta coisa... Ele só me quer aqui para causar uma guerra! Sou como uma refém. Será que alguém sabe que estou aqui e que provavelmente está vindo me buscar? Aislin, se toca, você pode até ser uma princesa, mas essa história de que um príncipe virá para te salvar em um cavalo branco não existe. Pensei.
Eu precisava impedir essa guerra de alguma forma. Mas a fraqueza e o medo tomavam conta de mim. Eu me odeio! Por que não consigo fazer alguma coisa de útil uma vez na minha vida?
Root sentou-se ao meu lado e colocou o braço em volta de meus ombros.
- Por que ele é tão Cruel e mau? – Perguntei aos soluços. As lágrimas desciam por minhas bochechas.
- É da natureza dele, não podemos fazer nada. – Disse Root. Eu sentia todo o meu corpo doer.
- Vulcano estava com medo, ele era só uma criança! Ele não devia fazer isso. – Falei – Eu odeio ele, nunca odiei tanto alguém em minha vida. Kamura simplesmente destruiu tudo o que eu mais amava, acabou com tudo. Eu não tenho mais família. Nem sei o que aconteceu com meu pai. Minha melhor amiga, Emma e meu irmão mais velho, Ben, eu não sei se estão vivos. Não sei o que está acontecendo! Por que você não me conta algo?
- Eu não posso. – respondeu.
- Por quê?!
- Porque o único que pode lhe dar as respostas totalmente certas é Kamura e ele não parece disposto para isso. – Root fitou meus olhos.
Sequei minhas bochechas fungando. Senti as lágrimas diminuírem, mas a dor continuava. Root me abraçou e eu retribui o abraço. Ficamos ali, abraçados por um bom tempo, esperando que minhas lágrimas cessassem e que o sofrimento diminuísse.
- Melhorou? – Perguntou ele depois de um tempo.
Assenti, passando a mão sobre meu rosto.
- Você é a melhor pessoa.... Quero dizer - me corrijo -, melhor demônio que existe no mundo. – Dou uma risada com a voz um pouco rouca. Ele sorri, assentindo com a cabeça.
***
Eu seguia Phoenix de um lado para o outro, se não era ele, era Root, os dois andavam para todos os lados, fazendo tarefas. Porém, depois do almoço, a maioria dos que moravam no castelo, saíram para explorar, observar os inimigos e essas coisas. Fiquei rondando por um bom tempo pelos corredores, completamente perdida.
Foi então que dei de cara com a Porta Gótica, a porta proibida. Olhei em volta, não avistei ninguém. Se não tenho nada para fazer, vou arranjar algo e, pelo visto, não tem ninguém para me impedir. Me aproximei da porta, é incrível como o proibido me atrai!
Encostei meus dedos na maçaneta e senti um choque, rapidamente eu afastei meu braço. Franzi o cenho e fiquei encarando aquela porta. O que será que ela esconde? Levei minha mão até a maçaneta novamente, a segurei com força e empurrei. Estava trancada.
Aí é o momento em que eu paro e penso: Nossa Aislin, como você é burra. Você acha mesmo que uma porta proibida estaria aberta para qualquer um entrar? Afinal, é proibida! Quanta audácia.

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O reino de Aurion
FantasiAislin é a uma princesa que não gosta nem um pouco de sua vida. É revoltada e não gosta de seguir regras. Sem saber o que tem depois dos enormes muros que cercam o castelo, ela se sente aprisionada e angustiada. Após o casamento de sua melhor amiga...