Um professor fora do comum

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Depois de tomar banho e colocar uma roupa confortável, me joguei na cama, completamente exausta. Coloquei a faca perto da caixinha, assim como a pedrinha rosa. Olhei para aquele teto com a tempestade e a luta do homem com a mulher. Era algo que devia ter algum sentindo ou não, deve ser apenas uma pintura de teto.

Me revirei na cama e me cobri, fechando os olhos e respirando fundo. Amanhã vai ser melhor, quem sabe você descobre alguma coisa pensei, tentando melhorar a situação com meu restante de otimismo.

***

- Como você não o matou?! – Perguntou Thomas – Aislin, sinceramente, eu mataria.

- Eu não consegui. – Falei. – Eu iria ficar sem as respostas e eu não tenho capacidade de matar alguém, simplesmente não consigo.

Thomas franziu o cenho e me encarou por um tempo, depois coçou a nuca e fitou o chão, pensativo. Estava de manhã cedo, tinha acabado de comer o café da manhã e trazido um pouco para ele. Olhei por cima de meu ombro, avistando as jaulas. Tinha um ar meio sombrio ali dentro...

- Ontem, quando eu sai daqui, eu vi Kamura matando um cara e quando ele morreu, Kamura respirou fundo e seus olhos ficaram pretos. O que eu ainda não entendi foi essa troca de cores. – Falei depois de alguns minutos em silêncio – Tipo, fica vermelho, depois laranja, já ficou violeta, roxo, preto, castanho e verde... Os três últimos foram só uma vez.

- Acho que deve ter alguma ligação com o que ele está sentindo, não acha? – Thomas disse pensativo.

- Pode ser, mas eu queria saber a que sentimento cada uma pertence.... Sei lá.

- Querer descobrir os sentimentos daquele assassino pode levar uma vida inteira. Deixa isso quieto, acho que você se acostuma e...

- Os da Kamorra não mudam de cor! – Me impressionei, arregalando os olhos. Encarei Thomas, que estava completamente perdido. Respirei fundo e dei de ombros.

- Aislin, não se preocupe, nós vamos descobrir, eu vou te ajudar de todas as formas possíveis. Vou te ajudar nem que eu morra tentando. – Seus olhos brilharam e eu fiquei sem jeito, provavelmente fiquei completamente corada.

- É... Eu vou indo então. – Falei colocando um fio de cabelo atrás de minha orelha, dei alguns passos para trás e acabei tropeçando e cai no chão. Thomas deu uma gargalhada. Me levantei rapidamente e sorri.

- Não se esquece de mim. – Pediu ele sorrindo – Agora vai e vê se não tropeça.

- Eu não esqueço e eu não vou cair de novo. – Falei e comecei a andar de novo. Ao chegar próximo aos degraus, olhei para trás, em direção a Thomas. Ele me olhou no fundo de meus olhos, causando-me um arrepio, acenei e ele também. Subi as escadas com o pensamento nas nuvens, eu gostava de conversar com Thomas, parecia que eu me esquecia de todas as coisas ruins, fazendo com que eu quisesse ficar ali toda hora, ao seu lado.

Ele transmitia confiança ao falar, parecia que realmente queria me ajudar, que se importava com o que eu sentia. Senti algo dentro de meu peito e fiquei feliz por isso. Só o fato de ter alguém que está te ajudando de qualquer forma é ótima, Thomas me fazia feliz. Ao seu lado eu me sentia única e especial,

Sem perceber para onde estava indo, esbarrei em alguém, fazendo-me sair de meus devaneios. Vi Root me encarando com uma sobrancelha arqueada.

- Desculpa eu não te vi. – Falei.

- Onde você estava?

- No banheiro do meu quarto. – Menti rapidamente. Ele me encarou, parecendo não acreditar.

O reino de AurionOnde histórias criam vida. Descubra agora