Raiz de uma geração

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Thomas tossiu e me fitou com os olhos arregalados.

- Me diz logo, eu preciso da sua ajuda. – Cruzei os braços.

- Eu não faço a mínima ideia. – Disse ele – Deve ter uma chave, provavelmente tem uma chave. Eu estou em uma jaula! Socorro, eu não sei! – Ele levou a mão até o queixo – Não sei se dá para sair, acho que deve ter alguma magia negra. Podia ter uma chave mesmo, olha, tem uma fechadura na jaula. Aislin, você é louca. Kamura nunca vai te dizer onde fica as chaves, meu destino é ficar aqui e morrer mesmo e....

- Cala a boca.

- Calei. – Ele encolheu os ombros. Olhei em volta, pensando em como tirá-lo dali. Olhei para a fechadura, era quadrada e tinha um buraco no meio. Preciso achar as chaves. São tantas coisas que passam pela minha cabeça, tantas coisas com que eu fico preocupada e, chega um ponto, que eu fico desesperada!

- Melhor você procurar depois, já está aqui a muito tempo. – Disse Thomas. – Mas acho impossível você achar a chave, porém, vamos ter fé. – ele juntou as mãos.

Respirei fundo e assenti, começando a andar pelo corredor, indo em direção às escadas.

- Você volta amanhã? – Thomas perguntou.

- Sim, eu volto. – Olhei por cima do meu ombro sorrindo. Seus olhos brilharam.

Subi as escadas rapidamente e passei pelo corredor, parei em frente da porta com os ursos, me aproximei mais um pouco e encostei meus dedos na maçaneta, era fria. Então, a porta abre em um rompante, fazendo-me gritar e cair no chão. Um cara com um enorme nariz entra no castelo, ele possui um par de asas e olhos fundos, com um rosto de quem não dormiu faz um bom tempo. Seu cabelo preto estava sujo e ele mancava.

Parecendo não perceber que eu estava ali, passou por mim e subiu as escadas, o segui. Quem era ele? Olhei para cima, Kamura estava na segunda sacada do castelo e, ao ver a criatura a minha frente, deu um pulo e caiu bem na frente dele, se agachando um pouco e levantando-se lentamente. Como ele fez aquilo? Se fosse eu me jogando das sacadas assim, eu estaria estatelada, no mínimo, morta.

- Conseguiu alguma coisa? – Perguntou Kamura, olhando para mim de canto de olho. Encolhi um pouco meus ombros e dei alguns passos para trás, mas não indo muito longe, eu quero ouvir a conversa. Do que eles estão falando?

- Não, senhor. Ela não acreditou e... – Começou o cara olhando para baixo, com a voz falhando.

- O quê?! – Kamura berrou. – Eu falei para voltar aqui só se tivesse conseguido alguma coisa!

- Mas eu não consegui senhor... Perdoe-me. Eu iria morrer lá fora. – ele juntou as mãos. Kamura o encarou e, como era mais alto, fez um olhar superior.

- Eu te dei uma chance, não darei outra. – Os olhos dele ficaram laranjas. Ele ria mata-lo. Um arrepio percorreu minha espinha, do que eles estavam falando? E quem era ela? Kamura empurrou o homem alado no chão e  pressionou sua garganta com o pé, fazendo-o se debater sem oxigênio.

- Por... Favor... Por... – Dizia o homem desesperado. – Eu... Eu...

- Cala a boca! Você é um fracassado! Não tem direito de falar comigo.

Comecei a suar gelado, estava estática, sem saber o que fazer. O que estava acontecendo? Do que realmente eles estavam falando? O que ele estava procurando? Os olhos do homem lacrimejavam, e seu rosto estava ficando roxo. Kamura tirou o pé de sua garganta e levantou o cara, puxando seu cabelo e arrastando-o até o meio do salão.

- Você morrerá na frete de todos. – Disse Kamura. Um amontoado de criaturas e demônios já tinha aparecido em volta do salão, todos com expressões tristes, preocupadas e nervosas, com medo. Eu precisava fazer alguma coisa... Eles estavam sofrendo ali.

O reino de AurionOnde histórias criam vida. Descubra agora