E talvez eu seja o culpado por tudo o que ouvi. Mas não tenho certeza

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- Teddy, atenda esse maldito celular, eu sei que você está aí, volta para casa, vamos convesar por favor! Eu sei que você tá afetado, mas... - encerro a mensagem de voz da minha mãe antes de acabar

Por que meu pai não pode ser que nem os outros pais?

Estou na praia de Seattle, sim, eu vim apé. Estou sentado na areia vendo o horizonte, o mar está agitado, as ondas se desmancham perto de mim, mas não me preocupo caso elas me molhem, está garoando, então é óbvio que de uma maneira ou outra irei me molhar, mas como disse, não me importo.

As vezes é bom refletir, principalmente quando se descobre que seu pai é um sádico.

Ele sempre deu mais atenção para aquela empresa do que para mim ou Phoebe...

Na quinta série, quando era dia dos pais, os professores organizaram uma apresentação dos alunos para os pais, todos os pais compareceram, menos o meu.

Mas, porra, um sádico? Eu não posso acreditar nisso. Ele poderia ter qualquer segredo como um contrabando, ou ser gay, mas um sádico?

Junto um monte de areia na mão e vejo ela caindo entre meus dedos.

Aqui é tão calmo.

Meu celular toca, pego ele, é uma chamada de Bruna.

Olho para o horizonte. Atendo o celular.

- Teddy? Onde você está? Seus pais estão me ligando que nem loucos aqui! - diz ela

Sou filho de um sádico...

- Teddy?

- Amorzinho, você ta chorando? - pergunta preocupada

- O que houve no Escala? - insiste

- Bruna, eu tô na praia. Por favor não ligue para meus pais, eu nunca mais vou falar com você se você ligar para eles

- Teddy... vou te buscar, aí vamos para minha casa, ok? Mas você precisa me falar o que aconteceu no Escala

- Eu... não posso falar

- Tô indo aí amor, preciso desligar. Em dez minutos chego aí. Beijo, te amo

- Tchau. - murmuro, ela desliga.

Me levanto e começo a caminhar pela praia, as ondas estão enormes, o mar está agitado. Uma onda se desmancha perto da onde estou, por sorte não me molho.

A praia tem poucas pessoas, hoje não é um dia para frequentar a praia, porque está frio e está chovendo.

Ando com as mãos no bolso olhando para frente. Minha cabeça está a mil, pelo menos estou conseguindo me acalmar aos poucos.

Alguns minutos depois vejo minha bela namorada caminhando até mim, está usando regata, shorts jeans, sapatilha, e uma blusa leve por cima da regata. Seus cabelos louros voam ao vento.

- Oi. - diz quando vem até mim, ela me abraça e me beija.

Ela se aperta no casaco por causa do frio.

- Oi.

- Vamos, minha mãe ta esperando lá na entrada. - diz ela e começa a andar, pego na sua mão e ando ao seu lado.

Ela encosta a cabeça no meu ombro enquanto anda, estamos colados.

Passo o braço ao redor dela parando minha mão no seu ombro.

- Oi Teddy, você está bonito - diz a mãe dela quando chegamos no carro

- Obrigado. - respondo e entro no banco de trás, me sento ao lado de Bruna.

A Bruna me dá um selinho

- Tudo bem? - pergunta minha loirinha

- Vai ficar.

Pego meu celular e respondo algumas mensagens. Que dia de merda, hoje.

Ao chegar na casa da Bruna nós transamos, ela disse que fui cruel e que tinha machucado ela.

Céus, não estou me reconhecendo.

- Independente do que aconteça, você sabe que não posso te esconder para sempre. - diz ela. Estamos sentados no chão frente a frente ao lado da lareira, lá fora chove descontroladamente.

- É, eu sei.

- Você tem que voltar para casa meu amor

- Não sei se estou pronto para encarar a realidade

- O que você viu lá? Me conta por favor, só assim vou poder te ajudar baby - pede me olhando carinhosamente

Respiro fundo, pego suas mãos e acaricio seus dedos.

- Meu pai é um sádico. - digo enojado, sua boca forma um O, ela me olha com dó, ela permanece quieta e me puxa para um abraço.

Pois é baby, nem você e nem ninguém podem me ajudar.

Ted GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora