A mais poderosa

Meditar

As coisas nem sempre são deveriam ser.

Não me reconhecia mais. Fiz tudo o que Martin e Lívia mandaram: Me tornei forte.

Perfeito. Esse era o objetivo, não é mesmo?

Me aproximei do espelho, vi meu rosto enrijecido, sem marcas dos meu antigos sorrisos. O cabelo preso como o da minha irmã, os olhos escuros, sem sentimentos, como os dela. Soltei o cabelo e não conseguia me ver. 

Eu fui forte, agi como uma verdadeira soldada. Esqueci quem eu era...

Ás vezes, fingir é mais fácil. 

Essa frase se tornou meu lema. Fechei os olhos e tentei lembrar de algo que me fizesse voltar a ser quem eu era, mas parece que nada poderia me fazer voltar. 

Percebi que os caminhos que me trouxeram até aqui não podem ser repetidos. Eu não posso voltar atrás.

Lembrei da minha conversa com Dimitri na primeira aula... 

"Angelina, olhe para mim. Eu quero que quando tiver qualquer problema, qualquer mesmo, você medite. Você aprendeu hoje como fazer, então se não quiser falar comigo ou com ninguém, por favor, vá para seu quarto medite em silêncio. Isso vai te ajudar sempre que precisar. " 

Sorri ao lembrar do toque de Dimitri, ele era doce e calmo. Talvez estivesse certo, eu precisava pensar...

--------------------------Narração Dimitri-----------------------

Sinceramente, já superei o fato da pequena Angel tentar imitar a irmã.

Era óbvio que uma hora outra iria acontecer, mas a vida dá voltas.   "Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta" já dizia o grande psiquiatra Carl Jung, e era exatamente isso que aquela garota, que antes não sabia nem quem era, iria fazer.

Ao olhar a irmã forte e potente, se imaginou plena e confortável. Quis segui-la para provar a si mesma que era a mais poderosa das irmãs, pena que mal sabia que o que a tornava mais forte do que todas, não era seu físico ou sua mente preparada, mas seus sentimentos.

Parece tolo e até batido falar que os sentimentos são de valor inestimável, porém ela precisava aprender essa lição: Ser totalmente racional não era o caminho.

Angel não conseguia ver que ela precisava ser o equilíbrio entre as irmãs; Lívia era forte, bruta e racional. Ficou assim devido sua história, ela nunca sentiu um amor verdadeiro, acha que o que sente por Martin é amor, sendo que é apenas uma obsessão. 

Lívia precisava de um amor, daqueles que a tirasse do chão, mudasse seu mundo, a despertasse para a beleza que a rodeia. O próprio Freud já dizia "Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!".  Sua necessidade era tanta, que se fechou com medo de se entregar.

Martin sugou a vida dela... Tudo por que seus planos com Angel não surgiram o efeito esperado. 

Martin... ainda esperaria ansiosamente para a verdade ser revelada, as máscaras caídas pelo chão da Casa dos Imortais. 

Diferente da Lívia, tem-se a meiga Maria.

Maria foi protegida de tudo e todos, preferiu fechar os olhos para os horrores do mundo. Lívia a protegeu quando criança, mas não pôde protegê-la da ganancia daquele que sorria e dizia que iria salvá-la. 

Cheguei na vida da Maria pouco depois dela se mudar para a Grécia. Trabalhei para os pais adotivos dela como terapeuta da filha, mas eu me tornei muito mais do que isso. Dionísio deveria seguia-la, mas estava ocupado demais (que grande surpresa).

Meu pai nunca foi presente, apenas soube da sua existência em minha vida quando descobri meus dons, então minha mãe não conseguiu esconder mais. Era meio difícil explicar cientificamente o porquê dos meus olhos ficarem roxos quando me sentia motivado (seja positivamente ou negativamente). Descobri que conseguia acalmar as pessoas com um simples toque, e coincidentemente dizem que o um bom vinho relaxa as pessoas...

Consegui conviver bem com a novidade. Busquei todas as explicações racionais possíveis e acabei me formando em psicologia. Me mudei, minha mãe ficou na companhia do meu irmão mais velho e eu fui viver minha vida. Mas, meu pai decidiu me encobrir da tarefa de ajudar as irmãs mais perigosas do mundo. Para a minha sorte, Maria sempre foi fácil de entender e ajudar. 

Lívia contentava-se com Martin, mas, por obrigação, aceitou as minhas aulas e aprendeu tudo que a ensinei. 

Apesar de Lívia ser díficil, Angel se saiu mais complicada pois não tinha a personalidade formada. No inicio, ela era só uma garota normal que estava começando a descobrir seus poderes, agora; um espelho da irmã que a treinou mais fortemente e que exigia mais dela.

Depois que o espanto ao ver o que Angel fez com Maria acabou, fui até a sala e esperei por alguma movimentação.Todos estavam muito apreensivos 

Fábio fez os primeiros socorros com Maria, provavelmente a fez dormir para a dor aliviar. Os dons dele eram magníficos. Sheamus e China estavam sentados no sofá, ambos sem reação. Sheamus encarou Martin, que o repreendeu com um olhar severo. Sheamus provavelmente culpava Martin pelos danos, ele conhecia o conhecia bem, afinal, havia uma ligação entre eles.

Reyna estava plantada na escada cuidando o movimento nos quartos, ela viu Angel se trancar e ficou cuidando, provavelmente com medo que ela fizesse algo insano. 

Lívia estava parada em pé ao lado do sofá, talvez não soubesse o que pensar sobre s situação. 

Todos estavam calados, sabiam a gravidade da situação. Se aquele incidente desencadeasse alguma reação na Angel, não sabia-se o que podiam esperar.

De todos, o único tranquilo era eu. Não que eu queira me gabar, longe disso, mas confiava em Angel. Sabia que ela iria fazer o que é certo: PENSAR. 

Se ela fizesse o que eu desejo que ela faça...

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Foi um grito! REYNA!

Subimos as escadas correndo e vimos Reyna com as duas mãos na boca olhando para a porta do quarto da Angelina.

A porta irradiava luz pelas frestas, tivemos que nos afastar. 

Todos se olhavam em dúvida. Martin parecia nervoso, e Fábio andava de um lado para o outro.

-MAS QUE DROGA QUE ESTÁ ACONTECENDO? -Martin gritou.

-Nós não podemos fazer nada? Nem sabemos o quê ela está fazendo! -Fábio olhou pra mim, como se pedindo uma direção.

Comecei a sorrir, todos me olharam e simplesmente dei a explicação necessária para o momento:

-Ela está apenas pensando. Já estava na hora.

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