19. À espera

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O show foi incrível. Público animado, cantando junto, energia boa demais. Desci do palco feliz da vida e minha felicidade só aumentou ao ver Verena me esperando no backstage.

- Cantar Nando Reis é jogar baixo. - ela disse enquanto eu me aproximava.

- Sempre funciona... Não é ? - perguntei, querendo saber se nossa briga já fora esquecida. Ela deu de ombros, bebericando sua bebida.

- É dia dos namorados. Não vou deixar a Carla atrapalhar nossa comemoração. - ela deu um passo à frente e eu puxei-a pela cintura, selando nossos lábios.

Ficamos ali por mais alguns minutos, mas logo depois nos juntamos ao resto do público do pub. Uma banda indie realmente boa se apresentava e curtíamos o show com nossos amigos, bebidas à postos e as letras na ponta da língua. Vê dançava ao ritmo da música, mais solta que o normal devido ao álcool.

- Então, sobre aquele negócio que você tava me falando antes... - Aisha disse após virar uma dose de tequila com uma careta engraçada.  - É verdade?

- Sobre o Davi? - virei a minha dose, uma risada escapando dos meus lábios quando Aisha confirmou veementemente com a cabeça. Nunca a tinha visto daquele jeito. - Ele te acha gata, Aish.

- Então talvez eu devesse falar com ele?

- Claro, né. Vai lá! - incentivei-a e ela sorriu para mim.

- Mas como? O que eu falo?

Sua apreensão era evidente, ela roía o canto das unhas nervosamente e mordiscava o lábio inferior. Verena se aproximou colando a lateral de seu corpo no meu.

- Quer puxar papo com o Davi? Pergunta pra Carlinha, ela é ótima em se atirar, ops, conversar com o sexo oposto. - sorriu cínica e foi minha vez de rolar os olhos.

- Nena, me dê uma dica boa ou eu jogo bebida na sua cara. - ela rosnou e Verena segurou a risada.

- Deus, relaxa, Aish. Só vai lá e fala com ele! Ele tá a fim de você, o papo vai fluir. Mas é o Davi, não se esqueça. Ele não vale nada.

- Eu sei... - ela confirmou com a cabeça, mais para si mesma do que para nós. Murmurou alguma coisa ininteligível e saiu dali.

- Que bom que ela foi atrás do Davi. - comentei, beijando o pescoço de Vê. Ela se arrepiou e sorriu.

- Sim! Eu não aguentava mais essa enrolação.

- Bem, não só por isso. Tenho motivos mais egoístas.

- Ah, é? Quais ? - ela fez um biquinho de desentendida.

- Apesar da Aisha ser nossa vela oficial, eu não me sinto à vontade para te beijar desse jeito na frente dela. - segurei sua mão e a puxei para um canto escuro, meus lábios logo procurando os dela. Ela riu e se abaixou para deixar o copo que segurava no chão e eu fiz o mesmo com minha cerveja. Nos beijamos com vontade e minha mão passeava pelo seu corpo quando ouvimos a voz que menos queríamos ouvir.

- Ei, querem um quarto?

- Ahhh, vai caçar o que fazer, Carla! - Verena quase gritou e voltou a me beijar, ignorando a presença da outra. Mas então ela se separou subitamente.

- Ops, foi mal. - Carla disse, colocando a mão na boca. - Tropecei.

Verena a encarava com um ódio mortal, um líquido pingando de seu cabelo e vi o copo de Carla vazio.

- Fala sério, Carla. - eu disse, abraçando Verena por trás em uma tentativa de segurá-la caso ela decidisse partir pra cima da morena. Vê passou a mão pelo cabelo, na tentativa de tirar o líquido dali e Carla riu. - O que você está fazendo aqui?

VERENA - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora