3. O primeiro

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Meu primeiro beijo foi aos 12 anos, com uma menina que conheci em Minas Gerais, quando fui passar as férias com meus avós. Não lembro direito da coisa em si, mas lembro que não fiquei nervoso e que tentava disfarçar minha inexperiência.

Quando Verena me disse que nunca tinha beijado, encarei-a incrédulo.

-Você é BV? - consegui perguntar depois de alguns momentos de silêncio. -Cala a boca!

Ela revirou os olhos para mim.

-Esquece, Rafael. Não te contei isso pra ser zuada. Eu sei que quase todo mundo com 14 anos já beijou na boca, eu que sou boba.

-Não, Vê! - segurei seu queixo, fazendo com que seus olhos encontrassem os meus. - Não é nada disso. Eu só não consigo entender o porquê. Fala sério, estou na nossa sala há uns seis meses e já percebi que todos os garotos dali ficariam com você.

-Não viaja. - ela riu. - Não é que nunca tenham tentado. Eu tenho vontade, mas queria que fosse com alguém que realmente se importasse comigo. É só um beijo, eu sei. Tem menina da minha idade que tá perdendo a virgindade! - ela me olhou incrédula e rimos juntos.

Ela terminou de falar e eu não sabia o que dizer. Ela mordia o lábio inferior.

-Você queria que o Vinicius tivesse te beijado? - perguntei baixinho.

- Acho que sim. Ele é legal, me trata bem. Mas eu fico nervosa. Acho que não vou saber o que fazer,ele vai perceber que sou BV e me achar a maior otária.

Foi minha vez de revirar os olhos.

-Todo mundo sabe o que fazer, Verena. É natural. Seu primeiro beijo não vai ser bom, você vai achar meio nojento, a língua dele na sua boca vai parecer estranha , mas depois dá tudo certo.

-Você fala como se tivesse muita experiência, mas só tem catorze anos. - ela riu e eu dei de ombros. Eu não tinha tanta experiência assim. Meus amigos faziam eu parecer muito mais legal do que eu realmente era.

-Tanto faz, Vê. Só não idealiza muito. Depois você se decepciona. - eu ri.

-Você não está me deixando muito mais calma, Rafa. - ela balançou a cabeça, enquanto mexia no celular. - Obrigada, de qualquer forma. Já pedi pros meus pais virem me buscar.

-Eu espero eles com você.

Ela me agradeceu com um sorriso, e olhei para baixo para sustentar seu olhar. Eu tinha crescido uns dez centímetros ao longo do ano, e estava consideravelmente mais alto que ela.
Ela não desviou o olhar, mas sem perceber meus olhos pousaram em sua boca quando ela mordeu os lábios. Ela realmente estava bonita. Mesmo. O silêncio entre nós se prolongou, e dei um passo em sua direção. Ela não recuou.

Eu queria beijá-la naquele instante. Mas depois de ouvir todas suas inseguranças, tive que verificar.

-Vê...

Eu não consegui completar minha frase, mas ela acenou com a cabeça e eu dei um sorriso.

Aproximei-me com cautela, e meus lábios pousaram nos seus suavemente. Aguardei uns segundos, enquanto puxava-a pela cintura para mais perto de mim. Entreabri minha boca, e ela fez o mesmo. Pude sentir seu hálito doce e quando finalmente nossas línguas se encontraram, fiquei feliz por estar sendo seu primeiro beijo.

Não durou muito, e foi extremamente delicado. Quando nos separamos, abracei-a com carinho e sussurrei em seu ouvido:

-Agora você pode dizer que seu primeiro beijo foi com alguém que se importa com você. Muito.

Ela abriu um sorriso largo e colocou o cabelo atrás da orelha. Como se tivesse sido combinado, seu celular tocou e seu pai avisou que estava à sua espera.

-Eu tenho que ir. - ela disse, terminando a ligação. Eu assenti e ela suspirou. - Obrigada, Rafa. Foi bem melhor do que você descreveu.

Rimos juntos e esperava que ela tivesse sido sincera.

-Boa noite, Verena. - dei um beijo em sua bochecha.

-Tchau. - ela acenou, afastando-se de mim.

Eu esperei até que não pudesse mais vê-la e soltei o ar. Não tinha percebido que estava prendendo a respiração.

O que estava acontecendo?

VERENA - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora