6. Marijuana

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O ensino fundamental acabou, fiz quinze anos, veio o natal, o ano novo, Verena fez quinze anos (comemorados com muita originalidade na Disney) e entramos no ensino médio.

Ah, o colegial. Três anos intensos e lembrados com muito carinho.

Aquela festa na casa de Lara Lima marcara o início do que seria nossa adolescência. Foi dali ladeira abaixo ( ou acima, dependendo da sua interpretação). Beijei Verena, e assim eu o faria por quase todo o ano seguinte. Continuávamos amigos, mas agora era diferente. Implicávamos um com o outro mais do que nunca, nos provocávamos, abusávamos da ironia.

E frequentemente ficávamos. Era tóxico, porque brigávamos feito doidos. Nossas famílias não entendiam ao certo o que acontecia; pudera, nem nós mesmos entendíamos. Se até os catorze anos Verena nunca tinha beijado, aos quinze a situação era outra. Passamos a sair, organizávamos festas, íamos a shows, bares... E, puta que pariu, ela estava mais gata do que nunca!

Passara a frequentar a academia e, desculpe a expressão, estava cada dia mais gostosa. E eu não era o único a perceber isso. Ela fazia um sucesso infernal e isso me irritava profundamente. Brigávamos todas as vezes em que ela beijava outro cara, e vice versa. Para ser sincero, eu começara a fazer certo sucesso com as meninas também, para o ódio de Verena.

Certa vez, era fim das férias de julho, aproveitamos que os pais de Lucas estavam viajando e nos reunimos em sua casa com o único propósito de ficarmos chapados pela primeira vez. Todos tínhamos curiosidade, e decidimos fazer isso juntos. Alguns de nós estávamos mais animados que outros.

-Eu não sei se é uma boa ideia, não sei. - Aisha andava de um lado para o outro na cozinha espaçosa. - É uma droga, vocês sabem, né?

-Cigarro também, e eu não vi você preocupada com isso semana passada no churrasco. - Lucas provocou-a. -E seu fígado já nem sabe mais a diferença entre vodka e água.

Éramos precoces. Não que eu me arrependa.

-Mas maconha é ilegal, Lucas! - ela gritou.

-Não pira, Aish. - Verena tranquilizou-a. - Se você não quiser, tudo bem.

Sua voz era doce, e Aisha balançou a cabeça, mais calma, e encostou-se no balcão.

-Cadê o Sapo? - Verena se dirigiu a mim. Fazia uma semana que não nos falávamos direito. Eu tinha descoberto que ela tinha beijado o Vinicius. Sim, aquele mesmo Vinicius.

-Que honra falar com você, Vereninha. - ela apertou os olhos com o uso do diminutivo. Eu sorri debochado. - Tá chegando.

Sapo encarregara-se de comprar a maconha, e deveria ter chego há pelo menos meia hora.

-E se ele tiver sido preso? - Gabi, uma menina que tinha entrado na escola naquele ano, perguntou com sua voz fininha.

-Ah, você também não, Gabriela! Que porra, vai todo mundo dar pra trás agora?- Diego, que até então estava quieto, estressou-se. - Ele não vai ser preso, para de viagem. Ele tem quinze, dezesseis anos, sei lá. Todo mundo tem que relaxar. Jaja ele tá aí, falou?

Todos concordamos com a cabeça e ficamos em silêncio. Eu observava Verena discretamente. Ela estava com um short jeans rasgado, suas coxas bronzeadas chamativas, uma camisa amarrada na cintura e uma blusa cinza simples caindo no ombro. Eu só conseguia olhar para a alça de renda do seu sutiã que aparecia, os cabelos presos despretensiosamente chamando mais atenção para seu ombro nu.

-Fecha a boca, Rafael. Vai encharcar o chão . - ela arqueou uma sobrancelha e todos riram, quebrando o clima de tensão.

-Você me ama, né , Vê?

VERENA - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora