18. Dia dos Namorados (?)

67 4 1
                                    

Quando comecei a namorar Verena achei que nosso relacionamento seria daqueles inconstantes, cheio de brigas e drama. Mas me enganei. Além de algumas raras discussões, tudo corria muito bem naquele primeiro ano de namoro. Verena era a única constante da minha vida durante o meu segundo colegial. Minhas notas iam de mal a pior, meus pais protelavam a decisão inevitável de se divorciar, Lucas estava cada vez mais introspectivo e estressado, eu abandonara meu emprego aos finais de semana na lanchonete de meu tio para me dedicar à banda, e sempre me perguntava se aquela havia sido uma boa decisão.

Mas enquanto eu questionava praticamente tudo que acontecia na minha vida, Verena era inquestionável e inegável. Nosso relacionamento era leve, feliz e saudável . Nos primeiros meses, esperava que fôssemos enjoar um do outro, mas o tempo ia passando e ainda assim ansiávamos pela companhia um do outro. Éramos parceiros acima de tudo.

Fazíamos tudo juntos. Tarefas cotidianas como ir e voltar da escola, estudar, ir ao cinema, almoços de família e reuniões de amigos e também inovações como nos matricularmos em cursos diferentes como tênis, dança, culinária. Nos divertíamos tanto fazendo maratona de alguma série no Netflix quanto fugindo de casa aos sábados com o carro de minha irmã procurando por festas para invadir nas cidades vizinhas. E nos apoiávamos em todos os momentos . Verena acompanhava na primeira fila todos os meus shows, fossem eles em bares por Abaré, festas universitárias pelas cidades ali perto ou mesmo no pub de Davi.

E foi assim inclusive no nosso primeiro dia dos namorados juntos. O pub de Davi resolvera organizar uma festa para os solteiros da cidade e é claro que nossa banda tocaria. Era uma festa bem organizada, grande, com várias atrações. De início Vê ficara um pouco decepcionada por não passarmos aquela data de forma romântica, mas logo superara, garantindo que comemoraríamos mais tarde e que eu faria uma janta especial no dia seguinte.

Seria um grande show, talvez o maior público que o pub já havia recebido e estávamos ao mesmo tempo animados e ansiosos. Davi combinara de passar em casa para dar carona para mim e Vê, e minha irmã decidira de última hora nos acompanhar. Eu vestia meu uniforme de shows : calça jeans um tanto quanto rasgada, camiseta preta e all stars. Como estava frio, joguei uma camisa xadrez por cima e estava pronto. Minha irmã , no entanto, havia começado a se arrumar há umas duas horas e ainda não saíra do quarto. Resolvi bater na casa de Vê para apressá-la, Davi passaria em poucos minutos.

Antes que eu pudesse tocar a campainha a porta se abriu, revelando uma imagem que me fez perder a fala por alguns instantes. Verena usava uma bota preta que se estendia até acima de seu joelho, uma minissaia também preta nem tão justa, uma camiseta com o nome da banda e uma jaqueta de couro vermelha. Ela mexia na bolsa preta pendurada no ombro, os cabelos enrolados nas pontas cobrindo seu rosto, e não reparou em minha expressão.

- Puta merda. - disse baixinho, e enfim ela olhou em minha direção, os lábios pintados de um vinho escuro abrindo-se em um sorriso. Seus olhos, maiores que o normal devido a maquiagem, brilhavam.

- Que foi?

- Você tá sensacional. Sério. - ela riu, e deu um passo à frente, jogando os braços em torno de meu pescoço e depositando um beijo em meus lábios. Seu perfume me envolveu e eu suspirei. Verena nunca tinha estado tão linda, se é que isso era possível.

- Já disse que sou sua fã número um. Feliz dia dos namorados. De novo. - ela disse em meio ao nosso beijo. Já tínhamos nos visto mais cedo, e eu havia lhe dado um buquê de rosas, apesar de ela ter dito que preferia o de trevos. - Você também não está nada mal, sabia? - ela fechou a porta atrás de si, me empurrando contra a  parede. Sorriu maliciosa e me beijou com vontade, correspondi surpreso com a intensidade de seus movimentos. Ela mordeu meu lábio inferior, e se afastou sorrindo.

VERENA - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora