Capítulo 30

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Entro em casa e vou em direção ao meu quarto. Troco de roupa e me olho no espelho. Se isso teria que acontecer, por que adiar?

Me despeço da minha mãe e ando em direção ao parque. 

O que será que eu posso falar pra ele? "Oi, acabou tudo aqui. Não me procure mais, adeus!" Não, essa dai não é nem um pouco boa. Se for pra terminar, que termine com classe. "Bom fim de tarde, peço desculpas, mas não quero mais ficar com você. Que tenha uma boa vida." Não. Quando chegar a hora eu vejo o que falar pra ele.

Chego no parque em pouco minutos e já o avisto sentando num banquinho com cara de triste pensando sobre morte... Ok, se ele tava pensando sobre morte, eu não faço a minima ideia, mas a cara dele diz que ele tá pensando em morte sim!

Assim que me vê, vem em minha direção. Ele faz menção de me abraçar, mas - acho que pela minha cara - ele não me abraça. O abraço dele era tão quentinho. Que desgraça. Por que eu vou terminar com ele mesmo? Ah é, namoro à distância não dá certo. Por que não dá certo mesmo? Só vou dar uma relembrada aqui. Porque você fica com paranoia! Eu não quero ser louca. Por que isso tem que acontecer justo comigo? 

- Vamos sentar ali? - Ele aponta pro banquinho que ele tava sentado. Apenas assinto e vou em direção ao banco e ele vem logo atrás. 

Ficamos alguns minutos básicos sem falar nada. Sabe, eu ia terminar com ele, eu tinha que deixar esses minutos pra ele apreciar a minha presença. 

Ele fica impaciente e resolve falar: - Então?

- Então? É, então... 

- O que você queria falar comigo?

Eu ainda não sei o que falar, então fico olhando pra ele sem dizer nada mesmo... Tô tentando arranjar um jeito de acabar com tudo. Vai dar merda, mas eu vou ser direta, amanhã ele vai tá num avião mesmo, vai me agradecer.

- Eu quero dar um tempo. - Não era pra falar "Dar um tempo" mas saiu isso. 

Ele demora uns minutinhos pra digerir a informação, mas quando cai em si, fala alguma coisa que toda pessoa fala quando alguém tá terminando com você:

- Você tá terminando comigo?

- Tô, você sabe que eu não acredito em namoro à distância e não quero ficar em casa pensando "Será que ele tá me traindo?" "O que ele tá fazendo agora?" "Será que as gringa de lá é mais bonita do que eu?"

- Se for por isso, eu fico!

- Eu vou terminar do mesmo jeito, não quero que se a gente brigar algum dia você fale "Eu não fui pro Canadá por causa de você e você faz isso. Eu deveria ter ido mesmo." 

- Isso nunca iria acontecer.

- Tudo é uma possibilidade e eu sei que se você ficar em algum momento da sua vida você vai pensar "Por que eu não fui pro Canadá?" e eu não quero ser o motivo de você ficar, um dia você vai me agradecer. - Paro um pouco e olho pro lado, onde umas crianças brincavam alegremente e seus pais estavam às olhando. Droga, por que eu não tinha aquela idade? Tudo iria ser mais fácil. - Mas isso não é do que estamos falando. 

- Por que você tá fazendo isso comigo? - Ele pergunta com os olhos cheios de lágrimas. Oh droga, eu também tô chorando.

- Porque eu não quero namorar alguém que tá à um oceano de distância, Arthur! Eu não acredito nesse negócio de namoro à distância e você sabe muito bem disso! 

- A gente tenta, por favor... 

Eu não o deixo terminar falar: - Arthur, eu não quero um namoro à distância, ouviu? Não adianta! - Me levanto - ACABOU!

Dito isso, eu sai correndo. Boa, Alicia! Sai correndo que nem uma retardada mesmo! É uma coisa muito legal à se fazer! O que será que as pessoas que estavam presenciando aquilo deveriam ter pensando? 

A única coisa que eu tenho certeza é que eu não tô indo pra minha casa. Isso é um fato. Pra onde eu tô indo? Eu não faço a minima ideia.

Paro de correr e começo à andar. Eu conheço essa rua, é a rua de baixo da minha casa. Agora é só eu andar até uma avenida que tem lá e subir e depois virar pra minha rua. Isso! Eu não fiz merda. 

Por que a minha vida é uma droga? Por que eu não fiquei com cinco anos eternamente? Seria tudo mais fácil! Eu não precisaria arrumar a casa, não teria lição de casa, meu pai não teria se separado da minha mãe e eu ainda pensaria que ele é meu pai, eu não teria conhecido o Lucas, o Arthur, o Felipe... Estaria tudo muito feliz. 

- Alicia? - Uma voz que eu conheço muito bem fala atrás de mim.

***

Eu amo deixar vocês curiosas. Não sou má, tá? Só um pouquinho. E eu cansei de avisar que tem grupo, não vou avisar mais não. 

Vocês não fazem ideia de como tá sendo difícil escrever esses últimos capítulos, estou arrancando meus cabelos aqui.... Mas tá aí!

Feliz Ano Novo, fofoletes! <3

Beijos da Thais e até ano que vem! 




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