Capítulo 40 - ULTIMO

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Alicia

As últimas semanas foram uma loucura. Aqui, eu e a minha mãe corremos atras de fazer passaporte, comprar roupas e malas — porque eu não tenho alguma mala e também não tenho muitas roupas — e agendar e ir em consultas porque minha mãe queria que eu estivesse em um ótimo estado de saúde para viajar. 

Lá no Canadá, meu pai me matriculava numa escola própria para intercambistas ou pessoas que não tinham o inglês completamente perfeito, comprava minha passagem e a passagem para ele vir pra cá.

Minha mãe certamente estava enlouquecendo, ela estava correndo que nem uma louca nessa loja atras de blusas, calças e sapatos. E me deixava dentro do provador porque, segundo ela, é muito mais fácil eu ficar lá e vestindo todas as roupas que ela me mandar.

— Mãe, eu não gostei dessa blusa, pelo amor de Deus. — digo quando ela me entrega o mesmo modelo de blusa, pela terceira vez, apenas trocando de cor.

— Mas ela é tão bonita, filha.

— Parece que eu tô usando um saco de batata.

— Para de ser chata!

— A gente pode parar um pouco? Eu tô morrendo de fome. A gente pode comprar todas que eu separei aqui e vamos comer alguma coisa, depois a gente volta pra essa loja pra recomeçar a tortura.

— Tá, mas seja rápida que a gente ainda tem que comprar as malas. 

Depois de comprar tudo que eu tinha separado  — minha mãe ficou indignada porque eu só gostei de três calças, duas blusas e um sapato.

— Eu não entendo porque a gente só comprou isso, todas as roupas que eu dei pra você experimentar eram lindas e ficaram ótimas em você.

— Na maiorias delas, eu parecia um saco de batata ambulante, mãe.

Ela bufou do meu lado e me mandou escolher logo o que eu queria comer porque ainda tínhamos muitas coisas pra fazer.

(...)

Depois de passarmos o dia todo fora, comprando as coisas, finalmente chegamos em casa com duas enormes malas de unicórnios e uma de mão — também com a estampa de unicórnio — e quatro enormes sacolas cheias de roupas.

— Será que essas roupas vão dar? — Min ha mãe perguntou do meu lado.

— Mãe, você comprou o shopping inteiro, praticamente. E, se você esqueceu, eu também tenho dois armários cheios de roupas.

— Tá, quantas caixas de sapatos tem aí dentro das malas? — Sim, a gente colocou as caixas de sapatos dentro das malas.

— Tem, um, dois, três... Seis caixas.

— Será que é o suficiente?

— É mais do que o suficiente. E existe lojas de roupas e calçados em Vancouver, sabia? 

— Sim, eu sei, mas até você se acostumar com lá, precisa de roupas e sapatos.

(...)

O tempo passou rápido e o dia de partir estava chegando cada vez mais perto.

Meu pai já estava na minha casa, minha mãe estava mais maluca do que nunca e o Felipe não desgruda de mim nem um segundo. Já fomos confundidos como namorados pelo meu pai e por várias pessoas. Ele dorme aqui praticamente todo dia.

Todos na escola sabiam que eu iria para o Canadá estudar lá, mesmo pessoas que eu nem conhecia e nunca tinha reparado na existência delas.

Lucas não olhava mais pra mim, quer dizer, eu já peguei ele me olhando mas assim que ele vê que eu percebi, afasta o olhar rapidamente.

Não estava esperando que ele fosse se despedir de mim ou algo do tipo. Nossas conversas eram baseadas em "Dá licença?" ou "Você me empresta sua borracha?", um dia rolou um "Bom dia" mas só foi naquele dia mesmo.

O meu vôo sairia amanhã, eu tinha que chegar no aeroporto às 15h00.

Minhas malas já estavam prontas e eu estava morrendo de nervoso, o vôo demoraria muito e eu tenho um certo medo de aviões, mesmo meu pai dizendo que estaria lá.

Eu provavelmente gritaria que iria morrer na primeira turbulência.

(...)

Passei a noite em claro, o que me rendeu boas olheiras, me levando a ter que passar maquiagem no meu rosto.

Sai da cama antes das 9h30 e, como sempre, minha estava que nem uma louca correndo pela casa.

— Mãe, o que você tá fazendo? — Perguntei enquando colocava suco de laranja num copo.

— Suas tias acabaram de ligar falando que viriam almoçar aqui, então eu tenho que limpar a casa e preparar o almoço — Disse enquanto saia correndo com um frango.

Fui para o quarto colocar a roupa que iria viajar, já tinha tomado banho mas coloquei uma roupa qualquer que encontrei no guarda roupa.

Sabia que as minhas tias me prenderiam e não deixariam que eu saísse da sala por nada, então era melhor que eu já estivesse arrumada.

(...)

Depois de um lindo almoço, estávamos partindo para o aeroporto, minha mãe tagarelava alguma coisa com meu pai e eu ficava apenas observando a paisagem pela janela do carro, me esforçando muito para não roer as unhas de nervoso.

(...)

Cheguei no aeroporto e me surpreendi com a quantidade de pessoas que estavam segurando uma plaquinha enorme escrito "Nós te Amamos, Alícia."

E ali, bem no fundo, segurando um envelope, estava Lucas.

(...)

Depois de abraçar todo mundo, chegou a vez de Lucas. Cheguei perto dele e o ouvi falar:

— Canadá hein?

— Pois é.

Ouvimos a primeira chamada do meu vôo.

— Nossa, o tempo passou tão depressa. Tinha muita gente mesmo. — Comentei olhando pro lado.

— Eu esperava por isso, então fiz essa carta para você ler no avião. — Ele me entregou o envelope e ouvimos meu pai me chamar.

— Então... — Disse e o ouvi sussurrar um "foda-se."

E em seguida, me beijou.

Me beijou.

Por essa eu realmente não esperava.

***

OLAAAAA

isso daqui vai ser um agradecimento porque eu não queria postar um capítulo só pra isso.

obrigada, de coração, pra todo mundo que leu, votou e comentou. terminamos essa história com 40K de visualizações e eu agradeço demais por isso.

sério.

e sobre esse final: talvez, só talvez, tenha 2° temporada em 2017
 

A Mesma Vida de Sempre?Onde histórias criam vida. Descubra agora