02. Malas trocadas

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Dallas

Não.

Não não não não não.

Definitivamente, não.

Não.

Quero morrer.

Sander e eu nos conhecemos desde que éramos criancas. Eu morava aqui naquele tempo, mas depois de completar os meus 12 anos, tive que me mudar para a cidade que eu deixei há poucas horas.

- Dallas? - Ouvi a voz dele novamente e acordei da minha paralisia. - Você está bem? - Ele perguntou rindo.

- Estou ótima. - Respondi, tentando não mostrar o meu puta nervosismo.

- Está ótima por me ver? - Perguntou elevando a sua sobrancelha e abrindo um sorriso convencido.

- Estou ótima de saúde, porque estou odiando a ideia de ter vindo pra cá, conhecido um idiota no avião e ainda ter te encontrado. Tem como ficar pior?

- Não sei.

- Ugh.

Sander me olhou de cima a baixo e riu.

- O seu estilo não mudou nada, né? - Questionou se referindo ás minhas roupas nada estilosas.

Na verdade, em vez de ser um ser humano normal e usar roupas normais, eu tenho um estilo totalmente meu. Que no caso se parece com um menino. Eu estava usando uma regata, uma bermuda que quase não servia em mim porque era larga e uma bota desamarrada, totalmente suja. Tenho ela há anos. Ah, e claro, as minhas pulseiras tão significativas para mim quanto qualquer outra coisa poderia ser. Tipo a existência da raça humana.

- É, eu ainda gosto desse estilo nada afeminado. - Respondo pouco importando-me com sua ironia.

- Deu pra perceber. - Riu de novo. - Hey, eu estava com saudade.

- Já eu pensei que você tinha morrido. - Eu disse.

- Por quê?

- Esquece. - Murmurei, por preguiça de explicar.

Após uns segundos de silêncio, ele volta a falar.

- Você ainda quer ajuda com a mala?

O olhei, hesitando um pouco.

- Quero.

Me levantei e sacudi a sujeira da minha bunda. Sander se abaixou para pegar a mala e me virei, pronta para entrar na casa da minha tia.

- Dallas! - Sander chamou e me virei novamente. - Não vai me ajudar?

- Não. - Ri, achando a sua pergunta idiota. Sander revirou os olhos. Entrei em casa e olhei em volta, vendo que nada tinha mudado ali.

A mesma coisa sem graça de sempre.

Fui para o meu antigo quarto, ignorando completamente a minha tia que fora falar comigo e me dar o sanduíche que tinha feito.

Cheguei no quarto que dormi por anos e, realmente, nada tinha mudado.

A mesma cama de solteiro estava lá, uma cômoda rosa - que em pouco tempo será customizada - no canto do quarto, uma penteadeira com aquele espelho grande que eu adorava e um guarda-roupas que obviamente caberia todas as minhas roupas dentro, já que eu não tenho muitas.

Muriel deve ter limpado isto aqui ontem, visto que está tudo totalmente organizado e com um cheiro bom.

Me joguei na cama e apreciei o edredom fofo e os travesseiros posicionados no colchão. Eu adoro travesseiros.

DallasOnde histórias criam vida. Descubra agora