56. Karaokê

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Sander

Depois de ter saído daquela escola, eu voltei pra casa. Fui pensando o caminho inteiro no que eu tinha falado para a Jennifer, sobre eu não poder ter filhos. Era verdade. Essa é a pior coisa que existe na minha vida. Por um lado é uma vantagem, mas por outro, é totalmente triste, porque, eu sei que essa fase de jovem mulherengo vai passar e a vontade de ter uma família vai aparecer.

Já fiz diversos exames pra me certificar de que eu realmente não posso ter filhos. Descobri isso aos 16 anos, no começo eu me senti bem aliviado e até feliz por não conseguir reproduzir, mas, quanto mais o tempo passa, mais esse pensamento pesa na minha consciência e mais eu me sinto triste por causa disso.

Dói pensar que eu não vou poder ter um carinha igual a mim. Dói muito.

Decidi ficar assistindo séries no computador, já que não tinha nada pra fazer. Assisti alguns episódios de Dexter, até cansar. Me levantei e fui ao banheiro, tirei a minha camiseta e depois a faixa que cobria o meu machucado. Observei ele e dei um suspiro longo, mas no segundo seguinte eu senti dor.

Não suspira desse jeito, babaca.

Juro que o Matheus vai pagar pelo que ele fez. Não acredito que ele me deu uma facada. Eu não esperava que ele fizesse isso, mas também não fiquei surpreso. Espero tudo vindo daquele filho da puta.

Não duvido muito que ele tenha transado com a Jennifer só pra dizer que ela me fez de corno. Ugh. Foda-se os dois.

Tenho dúvidas depois do que a Dallas me disse no hospital. Acho que ela sabe quem a estuprou e não quer me contar, visto que disse com toda a certeza que não foi o Matheus.

Eu não conseguiria suportar mais esse silêncio dela. Não aguento mais ela escondendo as coisas de mim. São coisas graves, Dallas não deveria esconder elas das pessoas, principalmente de mim! Bom, só espero que ela não tenha mais um segredo guardado.

Fico impressionado ao ver como Dallas mudou desde que nos reencontramos. Ela mudou muito, só que pra pior. Antigamente era durona, enfrentava todo mundo, dava risada de coisas bobas, ela era... feliz. Hoje eu só vejo uma garota extremamente frágil e sensível e que não consegue segurar o choro, é cabisbaixa e tem medo de todos ao seu redor. Problemas mudam pessoas.

Enrolei a faixa em volta da minha barriga novamente e resolvi ficar sem camisa mesmo. Estava calor.

Voltei para o meu quarto. Observei os móveis superinteressantes, até ver um livro no meu criado-mudo. Andei até ele e peguei o livro.

Fallen.

Dallas estava lendo ele ontem à noite. Ela sempre gostou de ficções e fantasias.

Me joguei na cama, abri o livro e comecei a ler.

O tempo foi passando e eu nem me dei conta disso, só fui perceber quando ouvi a voz da Dallas lá em baixo.

- Cheguei! - Ela gritou para que eu pudesse ouvir. Larguei o livro na cama, levantei com um pulo, gemendo de dor em seguida. Ignorei a dor e corri lá pra baixo.

- Hey! - Exclamei assim que vi a garota.

- Você está bem? - Ela riu da minha cara eufórica.

- Sim, estava ansioso pra você chegar porque não tem nada pra fazer. - Eu falava, enquanto seguia ela até a cozinha.

- Você está parecendo um cachorro, Sander.

- E eu não sou? - Ergui uma sobrancelha e ela riu novamente. - Como foi o seu dia?

- Foi bem, tirando a parte do incômodo que eu sentia quando estava em meio àquelas pessoas da escola, foi bem.

- Pelo menos ninguém foi esfaqueado. - Murmurei, Dallas deu um riso engraçado, o que me fez rir junto. - Você está com fome, baby?

DallasOnde histórias criam vida. Descubra agora