59. Fuga e incêndio

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Dallas

- Temos que sair daqui, babygirl. - Ela me puxou pela mão, mas eu parei.

- Não! Temos que chamar a polícia, isso não pode ficar assim! - Gritei, sem mesmo ter parado de chorar.

- Não podemos ficar aqui esperando a polícia chegar, ele pode acordar! Ele pode vir atrás da gente depois, isso é ainda mais arriscado!

Eu não sabia o que dizer, o medo e a adrenalina me consumiam por todo, então apenas concordei com a Taylor sobre sair dessa casa.

Nós ouvimos o gemido/rosnado de Gary e vimos ele abrindo os olhos.

- Corre, babygirl. - Taylor pegou o canivete que tinha caído perto do homem e eu fui correr, mas ouvi o grito dela. Eu parei imediatamente e me virei, vendo que Gary tinha agarrado-a e estava lutando para pegar o canivete de volta.

A única coisa que eu pensei, foi em chutar ele para sair de cima da garota. E o fiz, ele caiu novamente do lado da Taylor e ela se levantou rapidamente, com o canivete na mão.

Nós corremos pra fora de casa e montamos na moto dela. Taylor arrancou em altíssima velocidade.

Paramos em frente ao CF e descemos, Taylor me levou à pilhas de carros. Ela me sentou no sofá e procurou por uma caixa de primeiros socorros. Quando achou, fez um curativo no corte do meu rosto, que estava doendo muito.

- Eu vou ligar para o Sander. - Taylor disse, guardando a caixa e pegando o celular.

Dei um suspiro pesado, imaginando o que poderia acontecer depois.

Eu sinto que deveríamos ter ligado para a polícia, independente do que acontecesse. Aquele homem pode voltar, não poderei voltar para a casa ou ficar na casa do Sander. Simplesmente não sei pra onde ir.

O meu foco volta à Taylor quando escuto sua voz.

- Sander? Preciso falar com você, é urgente pra caralho. - Ela disse, mas não consegui ouvir a resposta dele do outro lado da linha. - Espera, onde você está? - Taylor franziu o cenho, me deixando preocupada com o seu semblante tenso. - Estamos aqui no CF, vem pra cá. Tchau. - E desligou a chamada com uma expressão confusa.

- O que aconteceu? - Perguntei.

- Ele disse que está correndo. Está ofegante e parece estar assustado.

- Só falta alguma coisa ter acontecido com ele. - Murmurei, colocando meus cotovelos nos joelhos e minhas mãos no meu rosto úmido.

Senti Taylor se sentando ao meu lado.

- Me desculpa por tudo isso. Eu consigo sentir a sua dor, babygirl. - Ela alisou o meu cabelo calmamente e eu a olhei, com os olhos cheios de água.

- Como?

Taylor abaixou a cabeça por um instante e respirou fundo antes de voltar a me encarar e falar.

- Gary já tentou me estuprar. - Ela disse. Eu parei de respirar por um milésimo e pensei o quão difícil deve ser pra ela ter que aguentar um violentador dentro da própria casa, todos os dias.

- Foi por isso que você chorou tanto quando soube que fui estuprada? - Questionei e ela assentiu, apertando os lábios.

- Você lembra de quando eu apareci com marcas no rosto? Lembra que eu disse que ele tinha me batido? - Perguntou e eu anuí. - Na verdade foi tentativa de abuso. Ele chegou em casa bêbado, subiu pro meu quarto antes mesmo de eu conseguir trancar a porta e começou a me assediar. Nós dois lutamos, ele realmente tinha acertado um quadro do Jason (meu irmão) na minha cabeça. Quando ele estava pronto pra me estuprar, a minha mãe tinha chegado em casa. Aí ele parou, saiu do meu quarto, trancou a porta e disse para eu ficar calada, senão faria a mesma coisa com a minha mãe. Sempre foi assim, em todas as tentativas de abuso, mas sempre acontecia alguma coisa que o impedia de me estuprar.

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