Dallas

33. A salva

Leiam a nota final, é importante!

Sander

Eu não conseguia processar o que estava acontecendo a minha volta, tudo estava confuso. Só conseguia observar o corpo da Dallas em cima de uma maca, sendo carregada por bombeiros. Não consegui enxergar muito bem devido a água que se acumulava cada vez mais nos meus olhos. Eu queria chorar, mas não conseguia. Queria ter certeza de que era a Dallas quem estava coberta naquela maca, mas eu estava paralisado.

Os gritos de choro da Taylor fizeram eu despertar e voltar a mim. Quando percebi que o corpo da minha baby estava indo embora, corri em direção a ele e tirei o pano de cima do mesmo, vendo o rosto frágil e pálido dela, sem vida. Os bombeiros insistiram em me afastar do corpo, mas eu queria ficar perto dela.

Mais pessoas vieram me segurar para me controlar, então eu apenas assisti eles levando a Dallas naquela ambulância, sabendo que não iria mais voltar pra casa.

Senti meu corpo caindo no chão.

Ela não pode ter morrido.

Como isso foi acontecer?

Hoje estávamos conversando por SMS e ela estava tão bem!

Eu não sentia mais nada, além da Taylor me abraçando, tentando me consolar.

Olhei para frente e vi a Muriel em choque. Ela realmente não gostava da Dallas, mas não sabia que isso ia acontecer. Ninguém sabia. Eu não sabia.

[...]

- Você sabia que a Dallas se cortava? - Taylor perguntou, tentando evitar mais lágrimas. - Ela sofria depressão, Sander. Como não notamos isso? - A sua resistência não funcionou, então ela voltou a chorar. -Como não sabíamos que ela tinha que tomar remédios anti-depressivos? Como não sabíamos que ela não estava bem? Ela parecia estar bem! Apesar de algumas coisas, parecia estar feliz. Mas agora olha onde estamos! - Disse, se referindo ao funeral. - Eu perdi a minha babygirl, Sander.

- Todos nós perdemos. - Ouvi outra voz e vi Aaron chegando junto com Spencer, com as mesmas caras de choro.

- Fomos burros em não ter perguntado mais, em não ter nos preocupado mais, em não ter nos importado mais. Mas é tarde. Ela se foi. E nem deu tempo de dar adeus. - Spencer disse, esgotando a minha paciência de ter que ficar ouvindo tudo isso.

Me levantei abruptamente e saí daquele lugar, ouvindo-os me chamando.

Fodasse, não tem ninguém além de nós naquela merda de velório. Nem a Muriel se preocupou em ir. Nem me pergunto onde estão os pais da Dallas, não me importo.

Me encostei na parede e deslizei sobre ela, me sentando no chão. O que eu não queria que acontecesse, aconteceu. Uma chuva de lágrimas começou a cair.

A Dallas com certeza iria me chamar de gay se estivesse vendo isso. Mas não está.

Merda, eu só queria saber o motivo de tudo isso! Por que ela se cortava? O que a fez entrar em depressão? O que a fez ingerir milhares de pílulas de uma vez e ser levada á overdose??!!

Nada disso se encaixa. Ela sabia que tinha a mim por perto e sabia que eu poderia ajudá-la, seja lá qual for a situação.

POR QUE DIABOS ELA SE MATOU, PORRA???

Encostei a minha cabeça na parede e passei a mão pelo meu rosto, limpando-o. Engoli o choro.

- Te achei. - Ouvi uma voz conhecida e vi Spencer se aproximando. Ele se sentou ao meu lado e eu tentei não revirar os olhos. - Peço desculpa por ter falado tanto. Devia ter respeitado mais o seu momento. - Ele esperou uma resposta minha, mas eu agi como se estivesse ignorando-o. - Sander, eu sei que é difícil. Nunca conheci os meus pais e eu praticamente não tenho família. Acha que é fácil conviver com isso? Sem ao menos saber qual é o nome da sua mãe ou do seu pai?