Capítulo 9

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*Tracy

Abro a porta e vejo minha mãe, meu pai, meus tios e minha prima, todos reunidos e sentados no sofá. Fecho a porta atrás de mim e quando estou subindo as escadas, a Rachel me puxa.

-Rachel, me deixa quieta.-digo calma.
-Não, não deixo. Me desculpa Tracy, juro para você que não queria. Não queria mesmo!

Ignoro e continuo a subir. Ela me segue. Já na ponta da escada eu perco a paciência.

-Me deixa em paz porra! Tá ok, eu aceito suas desculpas, mas vaza daqui que eu não quero perder ainda mais a paciência!-grito.
-Tracy!-a minha mãe me repreende.
-Não começa Amber. A Rachel sempre disse o que não devia e você fica defendendo ela, mas hoje eu poderia ter sido estuprada e vocês tão aí, falando como se fosse algo ruinzinho. Eu não sou fraca, eu digo isso muitas vezes mas vocês riem da minha cara e dizem: "Ela odeia admitir". Como se isso fosse engraçado... Não é engraçado! Querem ver seus defeitos também? Pois bem, Rachel você é uma garota que só fala o que não presta. Amber, você é uma pessoa que sempre se engana com tudo. Felipe, você sempre tenta evitar ficar longe de confusão mas se passa como covarde. Ali, você é impulsiva. Pedro, você é uma pessoa que eu não conheço o suficiente pra falar algo de você. Todos vocês já fizeram mais merda na vida do que eu então antes de falarem de mim e fazerem a situação ficar "engraçada", tentem uma vez na vida olharem para si próprios!

Todos ao final de minhas palavras ficam de olhos arregalados. Suspiro alto e saio de novo pela porta. Ouço os gritos furiosos da minha mãe. Bato na porta de uma pessoa que eu pensei jamais bater no momento.

-Tracy?-ele pergunta estranhando.
-Eu posso dormir só hoje aqui?
-Claro...-ele diz com um sorriso malicioso na cara.
-Pare com essa cara, durmo no sofá, mas na tua cama não.

Ele dá um sorriso deprimido mas aceita. Me sento no sofá e coloco minha cabeça entre minhas mãos. Eu nunca pensei que exporia tanto meus sentimentos e pensamentos daquela forma. Meu celular toca desesperadamente, desligo o celular, não quero interrupções hoje.

-O que houve?-ele pergunta mancando até o sofá onde se senta ao meu lado.
-Eu briguei feio com minha família por causa de algo inútil e infantil.
-Ouça bem, nada que venha de você é inútil e infantil.

Dou sorriso triste e olho para ele com admiração.

-As vezes você consegue ser legal, mas sabe, eu não posso me acostumar com isso, sei que é tudo por causa do sexo.-digo ainda mais triste.

Ele coloca a mão em meu ombro e olha no fundo dos meus olhos.

-Não é por causa do sexo, é por causa da sua tristeza que me alcança também.

Ele se aproxima e me dá um beijo delicado, diferente dos que estou acostumada á sentir. Pela primeira vez, nem tudo foi por causa do sexo. Nos separamos e ele me abraça. Não consigo segurar as lágrimas, é uma situação tão simples, nem precisava de todo aquele alvoroço, mas eu ainda sim fiz aquilo. Foi improvável, foi desnecessário, foi improvavelmente desnecessário. Eu não devia ter feito aquilo, mas eu fiz.

-Eu posso saber o que aconteceu?-ele pergunta.
-Minha prima estava lá. Ela não acreditava que eu era forte emocionalmente. Achavam que eu ia me magoar de novo. Eu fugi. Depois eu voltei para casa e eu explodi. Disse todos os defeitos deles. Disse os defeitos até da minha mãe e do meu pai.

Ele no começo não sabia o que falar, até que ele abriu a boca.

-Foi uma situação.... Um tanto dramática, mas você está certa. Como toda família, você deveria receber apoio, e eles não estão te dando apoio seja lá o que for o assunto.

Tento sorrir, mas era muita decepção para isso. Uma mulher desce as escadas.

-Ah, me desculpa eu não...-ela recua.
-Não tudo bem mãe, é que a Tracy, a nossa vizinha, quer dormir aqui pois brigou com os pais.

A mulher assente e se aproxima.

-Angélica.-ela me cumprimenta.
-Tracy.

Ela sorri e que lindo sorriso! Ela vai até a cozinha e começa a preparar algo. Ligamos a TV para ver algo bom. Passava Dr. House. Poucos gostam dessa série, mas eu adoro! Eu sei, meio improvável para mim né? Já que somos opostos. Eles são médicos focados, eu sou uma garota festeira. Eles não saem muito, eu saio até demais. Eles têm talento em descobrir doenças, eu não sei curar nem um resfriado. Mas mesmo assim, eu adoro demais a série.

-Esse médico é muito grosso!-o Lucas reclama.
-Ah, e é essa grosseria que me atrai.

Ele sorri de lado e a Angélica avisa que o jantar estava servido. Corremos até lá e me deparo com sopa de carne.

-Desculpa Tracy pelo trabalho horroroso que fiz, mas...-a interrompo.
-Sem problemas Senhora Angélica, eu adoro sopa, faz tempo que não provo uma!

Nos sentamos e provo da sopa que estava perfeitamente deliciosa.

-Hummmm..... Que saudade disso!-exclamo.

Logo o irmão dele desceu.

-Ih, o Lucas trouxe a namorada!-ele zomba.
-Tiago!-a Angélica o repreende.
-Cala a boca seu merda!-o Lucas se altera.
-Não há problema, é dor de cotovelo pois ele sabe que nunca vai ter uma garota assim.-finalizo.

A mãe e o Lucas aplaudem a minha resposta e o Tiago me olha feio.

-Namoradinha estressada.
-Eu não sou namorada dele.-respondo colocando uma colher de sopa na boca.

O Tiago revira os olhos e eu continuo a provar daquela sopa maravilhosa.

P.S. Eu Não Ligo Pra Você Onde histórias criam vida. Descubra agora