Capítulo 49

120 13 8
                                    

*Tracy

Nos 2 dias seguintes, não tive contato algum com nenhuma das garotas. Desliguei meu celular e me desconectei de todo contato com o mundo, apenas foquei em trabalhar na despedida de solteira que seria hoje á noite.

Estava com tudo pronto, só faltava confirmar tudo na boate espaçosa e escura. Levantei-me da cama, tomei um banho e desci para tomar café quando me deparo com o bando inteiro na minha sala.

Minha mãe estava visivelmente desesperada pois não sabia o que fazer com um bando de garotas energéticas, exceto pela Rachel... que estava com receio e medo. Ah não...

-Já até sei.-olhei para Rachel que abaixou o rosto.
-COMO você não me contou???!!! COMO você não nos contou???!!!!-disse Kah aos berros.

Sentei-me no sofá e elas também. Rachel quebrou o silêncio.

-Desculpa mesmo, Tracy, mas eu não pude evitar!-ela disse se ajoelhando.
-Calma, Rachel. Eu te conheço e sei que você faria isso uma hora ou outra. -fiz um sinal para ela se levantar.

Kah fitava o nada e uma lágrima escorreu. Ela olhou em meus olhos e me deu um abraço, não me aguentei e comecei a botar tudo pra fora. Tudo que eu estava tentando segurar eu joguei para longe.

-Não foi intencional! Eu JURO! Mas você ouviu o que ele disse né? Você viu que ele nem vai querer saber de mim!-berro.
-NÃO!!! Tracy... não!!! Ele vai assumir sim e vai ficar ao seu lado!-Elena disse.

Chorei ainda mais, até que tive uma ideia.

-Gente... eu já sei o que vou fazer. E vai ser tudo hoje!-me levanto e resolvo comer alguma coisa.

Elas me seguem e pegam alguma coisa.

-O que você vai fazer, Tracy?-Kah fala desconfiada.
-Nada demais. Vou resolver tudo... da forma mais fácil. E não, não vou abortar. -aviso.

Ela dá de ombros e comemos tudo e nos direcionamos até meu carro e explico o que pretendo fazer para a despedida. Ficamos o caminho inteiro ouvindo músicas eletrônicas e quando chegamos á boate, Kah me olha toda animada.

-É INCRÍVEL!!!-ela exclama.
-Eu sei, eu sei. Fazer o que né? Eu que escolhi.-me gabo.
-Sem álcool pra você viu?-Rachel diz dando uma piscada.

Dou uma gargalhada e assinto. Não quero fazer nada que impeça a saúde do meu bebê. Só meu.

* * *

-Daí ela disse: O CÃO FOGUETEIRO!!!-Kah berrou e gargalhou.

Rachel e Elena gargalham da reação da amiga. Uma história comum sobre a vida hilária e interessante de Karina. Não uma história ferrada e sem sentido de Tracy.

-Aaah Tracy!!! Você deu o maior esforço para fazer desta despedida épica! Você nem tá se divertindo!-Kah diz triste.
-Kah, eu tô me divertindo. É bem engraçado essa sua risada de doida... mas o problema é que eu não sou a melhor opção para ser sua companhia.-digo desapontada comigo mesma.

Ela coloca a mão trêmula sobre meu ombro, Karina nunca esteve tão bêbada.

-Não é porque hoje é a minha última noite que eu não possa cuidar de você, baby!-ela diz cantarolando.

Dou uma risadinha e resolvo me animar. Não é culpa da Kah se eu fui uma irresponsável.

-HOJE É A ÚLTIMA NOITE DA KARINAAAAAAAA!!!!!!!!!!-grito o mais alto que consigo e ouço aplausos de outras pessoas.
-É isso aí!!!!-elas dizem em uníssono.

A noite passou bem rápido, até que foi bem legal. Foi bem satisfatório ver a Kah toda alegre, esse mês é justamente o que ela está mais alegre. Mas quando eu resolvo ir embora, e chego em casa, ao invés de entrar em casa bato na porta do Lucas.

Ele atende a porta com o cabelo todo bagunçado e deu o maior sorriso do mundo ao me ver. Ele parecia esperar um beijo, mas finjo que não vi.

-Lucas... preciso te falar um negócio.-digo séria e me esforçando para não chorar.

Ele parecia preocupado mas tive que ser mais forte do que meu coração. O futuro do meu filho... ou filha, depende disso.

-Lucas... eu não posso mais...-respiro fundo.- Eu não posso mais ficar com você.

Ele parecia não entender nada então se aproximou, mas eu recuei.

-C-Como assim?? É aquele pinto frouxo?! Eu dou um jeito! NÓS damos um jeito!

Eu queria dizer que aquilo era nada demais, abraçá-lo, beijá-lo e tudo mais! Eu queria... ser só dele, mas não posso.

-Não! Com certeza não! É só que... o amor acabou!-meu coração se apertou ao soltar aquilo.

A reação dele foi horrível. Me deixou com ódio e nojo de mim mesma. Eu queria me castigar, mas não sei como.

-Eu só quero saber.... O POR QUÊ!-ele aumenta o tom de voz.
-EU NÃO TE QUERO MAIS!!!! Eu me enganei e... não posso te iludir. Não posso. Não mesmo.

Ele se sentou no sofá e encarou o nada. Depois levantou a cabeça e me encarou, então se levantou e abriu a porta.

-Sai. Só irei te ver amanhã e depois desapareça da minha vida. Não fale comigo e nem nada.-ele disse.

Olhei para ele com dor e passei pela porta. Ela se fechou em um estrondo e então eu entrei correndo em casa. Não fiz nada. Só olhei para minha mãe que estava assustada e corri para seus braços.

-ACABOU MÃE!!! EU FIZ O QUE TINHA QUE FAZER!!!!-gritei.
-Tracy... calma. Se você acha que era necessário então pronto. Você contou para ele?-ela disse calma.
-Não, eu não podia. Ele iria querer saber tudo sobre o bebê e eu não quero interromper a vida dele.

Ela me olhou com dor. Como se sentisse o mesmo. Na verdade ela já sentiu. Já sentiu tantas vezes, que já virou experiente.

-Mãe... eu te amo. Agora eu só tenho você e esse bebê aqui.-passo a mão pela minha barriga.
-Eu sempre estarei com vocês querida... sempre estive e sempre estarei. Não importa o que aconteça ou quantas vezes você erre... eu sempre estarei aqui com você.

Foi aí que eu cessei o choro. Minha mãe ainda estava ali. Ela e minhas amigas. Ainda sim meu coração estava partido demais. O amor da minha vida deverá seguir sem mim. Sem mim.

P.S. Eu Não Ligo Pra Você Onde histórias criam vida. Descubra agora