Capítulo 47

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*Tracy

No dia seguinte, depois de ter recebido alta, fui para casa. Bastou eu colocar meu pé na porta que Lucas já apareceu. Ele sorriu ao me ver. Aquele sorriso tão brilhante quanto as estrelas. Logo ele me abraçou e eu não retribuí.

-Que foi?-ele me tira das reflexões.

-Hã? Ah! Nada demais, eu só estou dolorida.-respondi rápido.

-Ah... tá.-ele me deu um selinho que eu retribuí.

O convido para entrar então me deparo com Kah, Rachel e Lena. Dou um sorriso largo... meio falso mas bom para disfarçar.

-Meninas!-me animo um pouco.

-Vadia!-elas dizem em uníssono.

Formamos um abraço coletivo e apesar de tudo, eu me sinto um pouco melhor em relação aos últimos acontecimentos. Lucas dá uma piscada e vai para a cozinha, enquanto nós, ficamos conversando sobre tudo.

-Que susto que eu tomei! Achei que aquele filho da mãe ia te matar!-Lena exclama.

-Eu sabia que não... A Tracy é dura na queda.-Kah me olha com compreensão.

Algum tempo passou e Lucas nos chamou para irmos jantar. Estava me levantando quando Rachel me puxou pelo braço até um corredor afastado da sala.

-Você não me engana Tracy! Alguma coisa aconteceu né? O que foi?-ela diz sussurrando.

-N-Nada! Você está delirando.-tento esconder, mas não funciona.

-Tracy... Eu não contarei a ninguém. É uma promessa. Agora me conte o que há de errado.-Ela continua.

Havia preocupação em seus olhos. Desde pequena Rachel soube guardar bem meus segredos. Nunca fez nada que traísse minha confiança, apesar de algumas vezes me tirar do sério. Fecho os olhos e respiro fundo. Olho bem no fundo de seus olhos e depois para minha barriga, para em seguida colocar minha mão na mesma.

Ela entende o recado. Ela me olha assustada mas parece se conformar, enquanto olha de longe para Lucas e move seus lábios, pronunciando sem voz alguma "Ele sabe?". Olho para o chão para não ter que chorar. Faço que não com a cabeça e ela toca meu ombro.

-Estou com você.-ela diz baixinho.

Dou um sorriso sincero e nos direcionamos para a sala de jantar. Todos estavam prontos para começar então minha mãe começa falar algo:

-Quero agradecer a todos que estão aqui pela Tracy. Ela, não ter tido problemas graves foi um alívio para todos presentes.

-Uauu! Quanta formalidade.-Kah brinca.

Todos dão risada mas eu não, ou melhor, eu dou mas não o tipo de risada verdadeira tipo aquelas que você dá quando acha graça de verdade, mas aquelas que você dá para evitar que vejam sua tristeza eminente.

Não sei quanto tempo passou mas teve um ponto que o assunto já chegava em um caminho meio... Complicado.

-Então, Lucas... Quais são os planos de você e a Tracy?-a Kah diz meio bêbada.
-Ah... No momento é só curtir a presença do outro. -ele responde.
-Ah, que é isso! Tem que pensar em tudo! Casamento, viagens, filhos...-ela o interrompe.
-Pretendo não ter filhos tão cedo. Vai ser muito problema! Casar, viajar... Até vai, mas filhos? Honestamente eu só quero um filho daqui a pelo menos 7 anos!-ele diz naquele tom do qual você sabe que ele não está brincando, mas também não está sério.

Fico muda e engulo em seco. Rachel chega a dar um olhar de reprovação para Karina e depois um de consolação para mim, mas a merda já está feita. Não faz diferença.

-Nossa, mas 7 anos? Não é muito?-digo tímida.
-Amor... Eu te amo, muito mesmo, mas não quero filhos.-ele dá um sorriso.

E aquela foi a primeira vez que o Lucas disse que me amava que não fosse sob pressão. Mas ao mesmo tempo, foi a primeira e última vez que ouvirei isso da mesma forma. Não posso contar nada a ele. Simplesmente não posso!

* * *

Depois que todos vão embora vou para meu quarto refletir. Fico deitada, olhando a lua pela janela. Sempre tão linda e iluminada... É uma pena que não posso dizer o mesmo do estado da minha vida. Deixo uma lágrima cair e acabo pegando no sono.

Quando acordo já era de manhã e eu não tinha mais sono algum para ficar na cama. Resolvo me levantar e preparar o café da manhã. Vejo que meu celular tinha 1 mensagem de um número desconhecido.

Tracy, desculpa por ter reagido daquela maneira ontem na sua festa. Podemos conversar? Quero te explicar tudo. Se decidir que sim, me encontre hoje, ás 17:00 na praia.
-Arthur

Fico meio receosa no começo, mas a curiosidade é maior do que qualquer tipo de medo ou algo do tipo. Respondo com um ok e minha mãe aparece.

-Bom dia.-sorrio.
-Bom dia!-ela abre os braços e me abraça.
-Tá de bom humor! Isso é incrível!
-Eu sempre estou de bom humor.-ela dá um sorriso enorme.
-Mas hoje tá mais que o normal. Teve um sonho erótico né?

Faço uma cara bem maliciosa e ela se engasga com a água e arregala os olhos.

-Meu Deus, Tracy!-ela segura o riso.
-Ué, você é normal como qualquer outro ser humano! Eu também tenho sonhos eróticos. Na semana passada mesmo eu sonhei que estava em uma terra onde havia bananas para todos os lados!

Ela me olha indignada mas logo faz uma cara meio difícil de decifrar.

-Isso é horrível, mas pelo menos me diga que eram grossas.-ela me surpreende.
-Eram grossas! E não apenas isso! Eram gigantescas!!!-olho para o nada tentando lembrar do sonho.

Ela cai na gargalhada e eu a acompanho. Conversamos mais um pouco sobre nossos sonhos mais terríveis e maliciosos para depois ela ir trabalhar, e eu, ficar em casa assistindo Netflix.

P.S. Eu Não Ligo Pra Você Onde histórias criam vida. Descubra agora