P.S. Eu Não Ligo Pra Você

Capítulo 48

*Tracy

Algumas horas antes de ir para o local marcado resolvi deixar uma carta para minha mãe, que se eu não voltasse até as 19:00, era para ela se desesperar.

Coloquei um vestido azul meio folgado e calcei uma sapatilha branca de lacinho.

-De piriguete virei uma romântica, era tudo que precisava.-reviro os olhos para mim mesma.

Apesar do comentário me olho bem no espelho. Talvez ser romântica não seja algo ruim, ás vezes mostra que você apenas acredita em amor. Afasto o pensamento e vou até o carro pronta para o perigo.

Demorou apenas algum tempo até eu chegar na praia. Já o avistei de longe perto de algumas grandes rochas. Andei até lá e quando ele me viu, deu um sorriso meio envergonhado.

-Vamos logo com isso.-disse me sentando afastada dele.
-Ok...-e deu uma pausa.- Antes de tudo quero pedir desculpas pelo meu comportamento daquele dia. Nem imagino como deve ter doído em você e...-o interrompo.
-Arthur, não venha com esse papinho porque não sou nenhuma bonequinha de porcelana precisando de ajuda.-começo a me irritar.- Sim, você me machucou, mas não foi como se eu nunca tivesse apanhado de ninguém! Então fala logo o que você tem pra dizer ou eu vou embora!

Ele pareceu assustado com a minha reação mas depois algo como... orgulho? Ele deu um sorriso, olhou para as pedras e me encarou.

-Eu sei, Tracy. E por isso estou aqui. Quero que você saiba que... naquele dia, eu estava fora de mim. Além de bêbado, tinha descoberto que você e seus amigos mataram a Cris e... somente ela sabia onde a filha dela estava.
-Mas o que tem demais nisso?-pergunto com desdém.
-A filha dela é o amor da minha vida, e a Cris só iria me permitir vê-la novamente se eu a ajudasse. Quando eu soube que ela morreu achei que tudo estava acabado... até eu acordar em uma manhã e perceber que Érika veio atrás de mim. Tracy, a culpa me encheu por inteiro. Eu não queria ter feito isso, não sei como acabamos assim se comparado que éramos tão amigos....-ele parecia arrependido.

Um parcela de dó me caiu, mas logo afastei essa ideia. Ele me enganou, me dopou, me estuprou, tentou me separar do Lucas, me engravidou, me fez perder o bebê, daí ficou do lado da vadia que tentou me matar, então me espancou e quase me fez perder o bebê DE NOVO! A última coisa que eu posso ter dele é pena, até porque quem tem pena é galinha, o que não é muito diferente de mim, mas.... enfim, não posso perdoá-lo.

-Arthur, não posso te perdoar. Você fez merda atrás de outra e isso eu não posso aceitar. Mas pode ficar tranquilo, não o odeio. -disse me levantando para ir embora.
-Já é um começo.

Dei um sorriso de lado e me levantei para ir embora. Uma tontura fortíssima me passou e fez minha cabeça girar. Então tropecei e quase caí, mas Arthur me segurou.

-Obrigada.-disse me recompondo.
-Tracy... você está bem?
-Estou. É só que... não tenho me alimentado direito.

Ele olha para minha barriga meio grandinha então olha para mim e minha cara deve ter se confessado pois no momento seguinte, ele me olhou preocupado.

-Quem é o pai?-ele perguntou.
-O Lucas seu tonto! Não sou mais tão vadia.
-Tá, mas ele sabe?

Fico quieta e fito o chão. As palavras se perderam na minha mente e ele pareceu entender tudo.

-Eu te levo, e relaxa, vamos direto para sua casa. -ele disse alertado.

Dei de ombros e encostei a cabeça no vidro. O caminho foi quieto o tempo inteiro, exceto pela minha cabeça e coração que não podiam descansar. Pelo menos não com tantas preocupações como a parte em que o Lucas não deseja ter filho algum. Tenho que bolar um plano... e logo.