A festa não duraria muito mais. Aquele era o ápice. Dentro de uma hora todos começavam a partir. Lorenzo entrou no próprio quarto e no lugar de Beatrice, viu Elena. Apesar do que queria Cesario, ele não se importava com a jovem ruiva. Só não queria tê-la por perto. Sacodiu Elena com um toque.
Elena dormia profundamente devido o chá tranquilizantes que tomara sem saber. Fazia tempos que não tinha um sono tão profundo, um descanso tão merecido. Seu corpo estava completamente jogado sobre a cama. Os braços e pernas abertos, deitada de barriga para baixo. O cabelo rubro lhe cobria o rosto e não se podia comparar seu sono com os de musas românticas. Seus sonhos estavam num lanche delicioso posto sobre uma toalha, descansando sobre o jardim. Frutas, pães, vinhos. Um lago. Ouviria risadas de crianças e tomaria uma suculenta maçã em mãos e...
"Vamos, SAIA!"
-Vamos. SAIA.Saia antes que Francesca volte. Ela foi se livrar dos corpos e eu acho melhor que ela não encontre a senhorita aqui.
Irritado, ele começou a chamar pela esposa
- Beatrice, minha senhora, por favor encaminhe essa moça para um lugar seguro. Eu não quero mais mortes por hoje e e o que minha irmã irá fazer se a vir aqui. - mentia, naquele ímpeto de incriminar sua irmã a todo custo.
A mulher foi desperta num susto, saltando da cama como se um exército tivesse invadido a casa para matar todos em suas camas. Forçaria a visão e então veria que Lorenzo estava no quarto. Ela e Lorenzo no mesmo aposento. Ela de camisola. Tirou os cabelos que estavam sob seu rosto.
- Santo Cristo! Não ouse olhar para mim, criatura odiosa! - Elena tinha as faces rubras como seus cabelos.
Começou a correr atrás de suas coisas. Se estivesse vestida decentemente e com suas armas, teria seu acerto de contas com aquele homem naquele exato momento. Sim, já havia imaginado várias vezes como seria. Ele iria suplicar por sua vida, se ajoelhar, ela riria. Ia adorar e...? Por fim deu-se conta do que Lorenzo dissera e sentiu um tremor subir sua espinha. Mortes. Francesca. Onde estava Rosa?! E Beatrice? Assim que Lorenzo partisse jogaria um livro na direção de onde este estava antes, praguejando como um trabalhador de cais de porto. Logo trocaria de roupa rapidamente, sentindo muito medo. Por fim ouviria a voz de Beatrice pelo corredor e se acalmou.
A outra mulher também despertaria com as palavras de Lorenzo, mas não seria de um sono profundo. Tinha caído na poltrona e sentiu um profundo esgotamento, embora sua cabeça não tivesse descansado em momento algum. Ao vê-lo ali, apesar de tudo que assistira naquele salão, sentiu um profundo alívio. Isso seria visível em sua expressão.
- Meu marido, tirarei minha irmã do quarto mas preciso do seu apoio. Machuquei meu pé.
Sua face estava pálida mas tentava demonstrar calma. Era realmente a esposa perfeita para Lorenzo Sforza. Ele saberia que ela teria visto o que aconteceu no salão, mas dava sinais de que não queria comentar sobre a sua conduta. Parecia evidentemente feliz em vê-lo bem e só. Assim que chegassem ao quarto não veriam sinal algum de Elena. A moça escreveria sob uma das partituras de Beatrice e colocaria sob a cama.
"Fui para casa. Nunca se esqueça que te amo. Lena."
Quando estivessem sozinhos novamente, Beatrice faria um curativo no próprio pé e então se deitaria, calma. Fitaria o teto e então voltaria os olhos para Lorenzo.
- E o chá que darei para Francesca, já providenciou meu marido?
Com aquelas palavras Beatrice mostraria que não mudara a opinião à respeito da cunhada e que sabia com qual das faces de Lorenzo estava lidando naquele momento.
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Sob o Signo da Serpente
Misterio / SuspensoUm segredo de família guardado a sete chaves, em um teto onde alguém pode não ser o que parece. A história de um clã que carrega uma sina maldita. Em meio a luta pela sobrevivência e o amor encontrado entre as frias paredes da mansão de Veneza, uma...