XI - Fraturas

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Logo Cesare ajudaria os empregados levarem Lorenzo até a carruagem para rapidamente conduzi-lo a um hospital.

Assim que o marido partiu com Cesare, Beatrice se sentou numa poltrona e escondeu o rosto entre as mãos, respirando fundo. Por fim, quando ergueu a cabeça, viu-se envolta do olhar curioso dos criados. Em qualquer outra situação eles lhe confortariam, mas não desejavam o bem de Lorenzo.

- Quero...Quero que limpem a casa. Abram as janelas e as cortinas. - Ergueria-se, se aproximando de sua criada pessoal. - Me prepare um banho rápido. Vou me limpar e ir ao hospital.

Era evidente que Beatrice também não tinha muita fé na cura de Lorenzo. Lamentou que seria o seu amado Lorenzo que sofreria as dores da morte.

- E...A respeito do que aconteceu esta tarde. Nenhuma palavra. Se a polícia intervir, digam que não conheciam quem fez tal maldade com vosso patrão.

Os pedidos da mulher seriam atendidos com alegria pelos criados. Havia um novo ânimo no lugar e isso era evidente, limpavam o sangue como se limpassem os restos de uma festa de bodas. Beatrice partiria com a carruagem particular de seu marido e chegaria no hospital em pouco tempo. Logo seria guiada até o médico que atendera Lorenzo.

- Seja sincero, doutor. Como meu marido está?

O médico sorriu para Beatrice, acalmando-a.

- Ele vai sobreviver, senhora Sforza. Creio que o sangue foi mais impressionante do que os ferimentos de fato. Quem o atacou estava furioso demais para saber o que estava fazendo. Nós estamos dando pontos e limpando as feridas. Dentro de uma hora poderá vê-lo.

E assim seria feito. Lorenzo estava consciente e bem na medida do possível. Sentado na cama, ele tinha o olhar parado e não sorria. Apenas quando viu Beatrice ele estendeu a mão e sorriu.

- Quanto sangue Sforza foi derramado nestes dias, Bea. Mas...Eu...Não sinto mais aquela coisa comigo. Agora você já sabe do que estou falando. Não vou mais mentir. Ele...Talvez esteja com Francesca, trancado naquele lugar. Vamos tentar seguir em frente, Bea.

Ele acariciou o rosto da esposa. Lorenzo estava leve como nunca estivera.

Beatrice adentrou ao quarto imaginando que iria encontrar o Lorenzo de sempre. Estava blindada à isso. Protegeria seu marido com a própria vida se fosse possível. Por fim, quando ficassem sozinhos, ela tomaria a mão de Lorenzo e então sentiria os olhos se marejarem ao ver que era o verdadeiro senhor Sforza ali.

- Eu lamento por isso. - Beijou-lhe a mão, por sobre a atadura. - Não pude impedir. E nem teria como. Só pude agir de maneira rápida para que lhe salvassem, meu querido.

Tocaria o rosto do marido e então se ajoelharia a sua frente, sorrindo. Já deixava algumas lágrimas se escorrerem e Lorenzo veria que a mulher estava completamente aliviada.

- Tens certeza? Se sente livre, meu marido? Livre? - Secaria as próprias lágrimas com as costas da mão e então tornaria a falar. - Eu...Parece que pressenti. Pedi para que limpassem toda a casa, abrissem as janelas, deixassem o ar entrar. Espero que logo esteja bem para voltar comigo. Começarmos novamente.

Se ergueria e então beijaria-o nos lábios com cuidado, postando-se ereta e parecendo muito animada, embora sua expressão denunciasse um extremo cansaço. 

-Bea...Antes mesmo quando ele não estava dentro de mim, estava por perto. Era dificil respirar. Agora se foi...-deu um beijo em seus lábios, de forma amorosa.- Mal posso esperar para ver o lugar aberto e iluminado onde criaremos nossos filhos.

- Irei amanhã mesmo libertar vossa irmã. E pedirei para fazerem uma missa para nossa família.

A única coisa que trouxe uma sombra para a felicidade de Lorenzo foi o assunto que envolvia libertar sua irmã.

Sob o Signo da SerpenteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora