XV - Liberdade

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-Lorenzo...Sou eu, Cesare. Fui visitar Francesca. Ela está entristecida mas está bem. Mas meu irmão....Precisamos conversar. Eu gostaria de falar com você a sós.

A voz do músico logo seria ouvida junto à pesada porta do quarto do casal Sforza. Cesare sentia que precisava poupar Beatrice daquela informação. Era terrível demais. Ele esperou a mulher sair e lhe pediu desculpas pelo inconveniente de interromper a conversa dela com o marido. Ele se sentou na cama e fitou Lorenzo, o rapaz normalmente tinha uma postura leve e descontraída, mas parecia tenso, como se carregasse um terrível segredo, que talvez não fora absolutamente expresso em suas palavras. Os cabelos castanhos estavam molhados da chuva que caia la fora, e seus olhos negros paralisados.

-Meu irmão...Ela disse que a criança que carrega não está com aquela criatura...E sim Beatrice.

O homem sobressaltou indignado. Lorenzo parecia-se com uma fera grande demais para seu pequeno palácio quando se enfurecia daquele modo.

- Pare! Não quero ouvir mais isso. Ela disse tamanho absurdo e você acreditou, Cesare? Não lhe parece óbvio? Ela lhe disse isso apenas porque se eu acreditasse nessa tolice iria libertar a ela e a coisa que está nela. Não. Ela e o filho dela ficarão lá até que aquela coisa nasça e eu possa mandá-la para longe. Assunto encerrado.

Cesare balançou a cabeça, indignado

- Lorenzo como pode ser tão impiedoso? Ela é uma moça gravida naquele lugar...

Lorenzo aumentou o tom de voz, tornando-o terrivelmente intimidador.

- Gravida de uma aberração que roubou nossas vidas por anos. Ela vai ficar presa la.

Cesare não suportou e puxou o irmão pelo colarinho, apesar de ser um rapaz pacífico aquilo o transtornara. Eram os dois fortes, altos e corpulentos, e um embate poderia trazer mais consequências sérias para aquela conflituosa família.

-Covarde! Está sacrificando a ela como se fosse uma coisa da qual você pode se livrar. E não quer ver que o que ela disse é verdade. 

Ele largou o irmão com raiva e Lorenzo tombou, ja estava ferido.

-Saia do meu quarto e não se atreva a contar essa história demente de Francesca à minha esposa

Cesare saiu batendo a porta. Ainda que Beatrice não pudesse entender o conteúdo da conversa, saberia que fora uma briga terrível e que envolvia a internação da irmã deles.

Beatrice desceria as escadas, deixando os irmãos conversar em completa privacidade. Nunca fora dotada de grande curiosidade sobre assuntos que não eram os seus, embora soubesse que o assunto deveria ser a internação de Francesca, já que Cesare havia acabado de voltar de lá. Assim que chegasse no hall, veria sua irmã que havia acabado de entrar com a ajuda da governanta. Sorriu para esta, fazendo uma mesura desengonçada e então a abraçando forte.

- Minha irmã! Vim lhe falar! É urgente.

Elena tocou o braço da irmã e o sorriso de Beatrice morreria nos lábios. Por fim ela voltou a cabeça para trás e dispensou a governanta com um sinal, até que ficassem completamente sozinhas. A ruiva respirou fundo e então começou a falar em sussurros.

- Gaetana foi assombrada quando esteve aqui. Um espírito lhe ameaçou para que não interferisse na relação sua com Lorenzo e acabou por jogá-la no chão com muita força. Bea, ele FALOU com ela!

A moça foi veermente e Beatrice arqueou as sobrancelhas, demonstrando completa surpresa.Beatrice já não podia duvidar de nada depois do que passara com os Sforza e principalmente com a possessão do marido. Tocaria o próprio rosto e antes de puder dar uma resposta para Elena, ouviria a briga que se instalara entre os irmãos. Rapidamente subiria para o quarto e encontraria Lorenzo jogado sobre a sua poltrona. Fecharia a porta atrás de sí e se aproximaria, surpresa.

Sob o Signo da SerpenteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora