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Francesca viu aqueles homens engravatados e os deixou virem, esperando-os com o portão aberto. Ela não os temia porque não devia nada. Mas apenas cogitava em silêncio se eles estavam atrás de Rosa.

- Francesca sou eu. Meu irmão está trabalhando e não mora aqui. O que querem conosco?

Falou, séria. Ela ainda não havia aprendido a falar português pois convivia apenas com sua família e com um bairro de maioria italiana, nisso Rosa estava se saindo muito melhor, já discursava em português apesar do sotaque espanhol. Francesca lhes falou em italiano, devagar para que entendessem.

Felizmente um dos homens era fluente em italiano. Este seguiu na direção da moça. Letizia arregalou os olhos. Seu mundo de sonhos estava desabando hora pós hora, agora eram procurados pelo governo.

- Senhorita Sforza, somos da administração pública. Mais especificamente trabalhamos com investigações sobre os imigrantes que vieram para a nossa terra. Tivemos denúncias que a senhorita e seu irmão estão envolvidos com terroristas. Poderia me dar maiores informações a respeito de vossa vinda para o Brasil e de sua ligação com uma senhorita de nome Rosa Savedra... Seja lá qual for seu real nome.

Com aquilo deixariam claro que sabiam que a moça havia embarcado com documentação falsa. Era uma prerrogativa óbvia para que a cigana fosse enviada para longe. Se somasse algumas acusações de crimes contra a pátria, seu fim poderia ser pior.

Cesário passaria com seu carro na frente da casa de Francesca na hora que a polícia foi fazer sua batida. Puxaria a pequena cortina que cobria o vidro e observaria a cena discretamente. Riu. Não precisava ter feito nada daquilo. Era um alto executivo, não tinha que lidar com gerenciamento. Mas também se divertia em ver aquelas pessoas que um dia o trataram feito idiota acuados feito ratos magros.

- Vamos para o hotel. Não vai demorar nada e minha prima vai pedir minha ajuda. Quero estar longe quando isso acontecer.

Lembrou-se que logo estaria retornando para a Itália. Teve de admitir que sentia saudades do seu lar e das pessoas que vivia consigo. Pensou que não queria aqueles quatro idiotas novamente em Veneza. A influência deles era péssima para tudo que havia planejado e construído.

Francesca ouviu aquelas palavras como se fossem a coisa mais absurda e estranha que ja ouvira na vida. A acusação de louca lhe parecia caber mais do que comunista. Vicenzo começou a chorar alto em seu colo, como se pudesse sentir que algo ruim estava acontecendo às suas mães.

- Senhor meu bebê está agitado. Por favor entrem. Preciso colocá-lo no berço. 

A jovem entrou e se sentou após colocar Vicenzo no berço, que Cesare havia arrastado para a sala, para que Francesca pudesse cuidar dos trabalhos domésticos e do pequeno, que ela se recusava a deixar sozinho.  A acusação pairando sobre Rosa havia apertado seu coração à beira do desespero. Era verdade...Os Sforza amavam com intensidade.

- Rosa é criada da minha família desde pequena. Sim e este o nome dela mesmo. Eu tive problemas com meu irmão mais velho, que é o chefe da família afinal...Eu...Passei algum tempo internada num manicômio. Quis deixar a Itália e esquecer tudo isso. Ela sempre foi minha amiga e veio para me ajudar com o filho que eu esperava. Nunca soube de nada sobre comunismo ou terrorismo, senhor. E estou certa que também não é o caso de Rosa.

A jovem dissera a verdade. Sem a parte que envolvia a maldição dos Sforza e um demônio, mas a verdade. Vicenzo voltou a chorar. Ela o pegou no colo e começou a balançá-lo para que ficasse mais calmo. Ela parecia apenas uma dona de casa e mãe dedicada. Talvez tivesse algum problema psiquiátrico se contara aquilo...Mas nada que parecesse perigoso.

Sob o Signo da SerpenteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora