Estávamos finalmente na minha rua. Era dificil não sentir falta daquele lugar, um lugar que eu chama-va de casa. Percebi neste instante que a nossa casa não era simplesmente um lugar, era um sentimento.
O Ron parou o carro mesmo em frente à minha casa. Ficamos os dois a olhar lá para fora, e a contemplar a beleza das cores de Verão. Não sei se era de mim, mas as tais cores tinham ficado mais escuras.
- Vamos? - O Ron interrompeu os meus pensamentos.
- Se não te importares... gostava de ficar sozinha.
- Tens a certeza? - ele perguntou.
- Tenho.- Disse.
- Ficas mesmo bem?
- Ficar bem? Não. Mas neste momento preciso mesmo de ficar sozinha para pensar o que fazer daqui para frente.
O Ron percebeu, e fiquei feliz por ele não ter insistido. Ele saiu do carro e ajudou-me a levar as malas até à porta.
-Obrigada.- Disse.
Abraçei-o. Foi um abraço que não me arrependo de todo pois soube-me pela vida. Ficámos assim durante alguns segundos, pelo que percebi. Depois? Cada um teve que seguir o seu caminho.Procurei a chave dentro da minha mala, e coloquei-a na fchadurandura, rodando-a com cuidado.
A minha casa já não era a mesma. Por mais que me tentasse convencer que eu fora feliz ali, a verdade que a minha felicidade já não morava ali.
Estava especada a olhar, sem conseguir dar um único passo lá para dentro. Sentia falta do cheiro das panquecas, e do perfume da minha mãe, pairando no ar.
Tu consegues Sam, és mais forte do que pensas.
As minhas pernas caminharam lentamente até junto do sofá, onde me sentei a descansar por uns meros segundos. A última vez que aqui estive, a minha mãe estava a ver fotografias antigas no computador. Não me senfia capaz de as ver agora e por isso peguei nas minhas malas e levei-as para cima. Estava agora no meu quarto. Por meros segundos senti falta do meu pequeno cúbiculo.
A minha secretária estava desarrumada tal e qual como a tinha deixado.
Havia algo de estranho no quarto. Coloquei as malas no meio do chão e dirigi-me até à minha cama e lá estava ele: um papelinho dobrado em quatro ou em cinco pedaços com um nome pelo meio: Sam.
Os meus olhos arregalaram-se assim que reconheci a letra que estava no papel, era da minha mãe!
Sentei-me na cama , e, à medida que tentava respirar fundo para não chorar abri o papel. Era uma carta.
Querida Sam, sim, sou eu a tua mãe.
Aparentemente, estou morta, e quero que saibas que não o desejava nem um bocadinho, porque pior que estar a sofrer, é ver-te sofrer a ti.
Deves estar a perguntar porque te escrevi esta carta, e imagino que tenhas montes de perguntas na tua cabeça. Prometo que vou tentar responder a tudo.
Sempre foste uma miúda muito forte apesar de tudo . Ver-te crescer foi sempre uma tarefa tão dura para mim, neste mundo que está cheio de perigos. Há uma coisa que tens de saber: A razão por eu nunca ter aprovado a tua relação com o Ron.
Sei que estás apaixonada por ele, e que pensas que vão ficar juntos para sempre e ter uma relação segura e eficaz, mas lamento informar-te minha querida, mas isso não é verdade. Preciso que saibas que ele não é o que mostra ser, preciso que vejas que as aparencias iludem, e ele não é bom para ti. Sei que um dia vais encontrar um rapaz que te mereça e que olhe para ti com o mesmo brilho nos olhos com que tu olhas para o Ron.
Conheci o pai dele, quando era mais ou menos da tua idade nós eramos miúdos como vocês, não tinhamos sequer noção da realidade, e aconteceu. Apaixonámo-nos. A verdade? Era que a nossa familia pertencia à realeza, de um micro-estado que nem sequer está no mapa por ser uma coisa insignificante, e a dele? Do micro-estado rival. Um dia descobriram que estávamos juntos e... bem, a partir daí nunca mais nos vimos. Tive que esquecer toda a minha vida e aprender a ser uma adolescente normal, sem dinheiro , sem familia, estava por minh conta, e por mais que isso fosse dificil, aprendi a trabalhar, e consegui guardar este pequeno segredo.
Todos temos um segredo, e bem.. este é o meu. Desculpa se não te contei, mas queria esquecer aquela vida por completo, mas quando comecaste a namorar com o Ron , o pai dele veio à minha procura, queria voltar à nossa vida passada, queria que tudo voltasse a ser como antes... e, eu não podia deixar que isso acontecesse porque , não te podia deixar!
Sempre te fiz pensar que o teu pai tinha morrido, mas a verdade, é que tanto quanto sei ele está vivo.
Desculpa se te fiz viver numa mentira, e desculpa sd por momentos não fui a melhor mãe do mundo, mas a verdade é que tentei, e sei que vais sempre estar no meu coração como a melhor filha que alguém poderia ter pedido.
Se algum dia te sentires só, nunca te esqueças que eu nunca te deixei, eu ainda moro dentro do teu coração e dos teus pensamentos, e quando vires um raio de sol entrar pela tua janela, de manhã, lembra-te de mim. Sou eu a dar-te os bons dias.Com amor e com todo o meu coração, mãe.
Fechei o bocado de papel entre as minhas mãos. Não conseguia parar de tremer, e aquela dorzinha aguda no coração tinha voltado.
Era uma treta!
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secret ♥
Novela Juvenil"-Porque acreditar no destino é a unica coisa que me resta..."