I don't need friends, I have you・Teen!lock

14. Feelings

— Bem... você quer alguma coisa para beber, comer? - Sherlock disse tentando não gaguejar.

— Você nunca trouxe ninguém na sua casa, não é? - John ria com um sorriso bobo no rosto por causa do nervosismo do moreno.

— É, na verdade não. Desculpe se estou parecendo um idiota. - Sherlock começou a rir junto com o loiro e ambos sentaram no sofá, encarando um ao outro sorrindo - Ok, por que estamos fazendo isso? - Sherlock diz para quebrar o clima tenso que estava no ar.

— Eu não sei. O que você quer fazer?

— Posso te mostrar meus experimentos no meu quarto... E alguns casos que eu já solucionei.

— Certo.

Ambos subiram a escada e entraram no quarto de Sherlock, sendo recebidos por Redbeard que estava mais agitado que o costume.

— Que bonitinho! - John se agachou para fazer carinho no cão que lambia deu rosto - Como você se chama garotão?

— Redbeard - Sherlock disse rindo e se agachando logo depois - Ele está mais agitado que o normal... Deve estar com fome. Vem Redbeard, vou pegar sua ração.

Sherlock se levantou e colocou a ração perto de sua cama em um potinho. Redbeard foi até lá e começou a comer enquanto o moreno o olhava sorrindo.

— Então, - John se aproximou de Sherlock - O garoto frio e grosso tem um cão com o nome de "Redbeard"? - John riu baixinho.

— Quando eu era menor queria ser um pirata. - Sherlock virou-se para o loiro sorrindo - Ah, sim. Os casos que eu ia te mostrar.

Sherlock foi até seu armário e tirou uns papéis de lá, colocando sobre sua cama e chamando John. Os dois sentaram sobre a cama. Sherlock explicando cada caso e como o solucionou. John apenas prestava atenção sorrindo. Ele percebeu o quanto o moreno estava feliz naquele momento, era completamente diferente de quando eles se conheceram.

— Eu não entendo - John disse fazendo Sherlock parar de explicar seu caso favorito, de quando ele tinha 13 anos e solucionou um assassinato de 3 crianças.

— Ah, desculpe. O quê você não entendeu? Estou explicando muito rápido?

— Não, não é o caso. É você.

— Como?

— Quer dizer... Você me disse que ninguém nunca gostou de você, não é?

— John, eu...

— Mas por que? Você é uma ótima pessoa Sherlock, você é incrível. E você nasceu com um dom brilhante, as pessoas deveriam gostar de você. Então por que?

— John... - Sherlock coçou sua nuca, olhando para os papéis, com medo de encarar o loiro - Eu não era assim antes.

— Assim como?

— Grosso. Sem sentimentos. Praticamente uma máquina. Eu comecei a deletar todas as minhas emoções na minha infância, e ninguém tentou me ajudar. Nem mesmo meu irmão.

— Sherlock... - John percebeu que o moreno não estava confortável com o assunto, mas decidiu não falar nada, pois queria saber mais sobre o Sherlock. Queria ajudá-lo.

— Certo, eu vou te contar. Quando eu tinha sete anos, conheci um menino, parecido com você. Seu nome era Ben, eu acho. Ou era algum apelido, não me lembro ao certo. Ele foi legal comigo, e acabamos nos tornando amigos. Mas no final... - Sherlock ficou em silêncio, remexendo os papéis. Ele sente algo quente escorrendo em seu rosto. Lágrimas. - Ele... Ele me enganou. Era tudo uma brincadeira estúpida, e como eu sou estúpido, cai direitinho nela. Desde então bloqueei todos meus sentimentos, me tornando nisso. Uma máquina idiota sem emoções nem amigos.

John ficou de coração partido escutando aquelas coisas saindo da boca de Sherlock. Nunca imaginou o quanto ele tinha sofrido. John se aproximou mais de Sherlock e o abraçou o mais forte que pode, fazendo com que os dois caíssem na cama.

— J- John, o que foi? - Sherlock disse gaguejando envergonhado pela posição em que se encontravam; John em cima com seu rosto no ombro do moreno.

— Eu não vou ser igual esse Ben, eu prometo. Eu realmente quero ser seu amigo, então pare de chorar e falar essas coisas horríveis sobre si mesmo. Você devia se amar em primeiro lugar. - John se levantou calmamente encarando os olhos esverdeados de Sherlock, e suas bochechas agora rosadas por causa das lágrimas. E os dois ficaram desse jeito, se encarando. Foram apenas alguns minutos, mas para os dois pareciam uma eternidade. John corta seus pensamentos e volta ao mundo real percebendo que ainda estava em cima de Sherlock e rapidamente se levanta.

— Ah, m- me desculpe por... isso - John mexia em seu cabelo, olhando para o lado envergonhado.

— Não, tudo bem. - Sherlock arrumava os papéis bagunçados em sua cama, enxugando suas lágrimas - Então, quer descobrir como eu solucionei esse caso?

— Com certeza. - John se virou e sorriu um pouco envergonhado.

Sherlock então começou a falar mais sobre o caso. Enquanto John olhava para algumas fotografias em silêncio Sherlock sussurrou um "obrigado" fazendo um sorriso bobo aparecer no rosto de John.

Eles ficaram por mais algumas horas falando sobre crimes e assasinado, até que John disse que estava tarde e precisava ir embora. Sherlock olhou para seu relógio, 7pm. Como o tempo passou rápido. Pensou.

— É mesmo, daqui a pouco meus pais devem chegar em casa também - Sherlock suspirou arrumando as coisas.

— O quê é isso? Não gosta quando seus pais estão em casa? - John ajudava o moreno à colocar todos os papéis dentro do armário de novo.

— Não exatamente. Meu pai é normal, mas minha mãe é muito curiosa sobre a minha vida e fica me fazendo perguntas todos os dias. Sem falar do Mycroft, que como você sabe, irritante.

— É normal uma mãe se preocupar assim - John ri - E não acho o Mycroft irritante. Ele se preocupa com você, mesmo você não percebendo isso.

— Talvez. Mas não tenho tanta certa. De qualquer forma, toma - Sherlock entrega a mochila de John - Vamos descer?

John pega sua mochila balançando sua cabeça, e assim os dois descem a escada e vão para a porta de entrada.

— Você quer que eu te acompanhe até em casa? - Sherlock disse abrindo um pequeno sorriso

— Não precisa. Te vejo amanhã na aula. Ah, antes que eu me esqueça de novo. Você ainda não tem meu número, não é?

Sherlock balançou a cabeça negativamente e os dois trocaram os números

— Certo. Até amanhã Sherlock.

— Até.

Os dois amigos se despediram e Sherlock fechou a porta correndo as escadas e indo para seu quarto, pulando em sua cama logo em seguida. O quê foi aquilo? Quer dizer, todos aqueles sentimentos esquisitos de novo. Sherlock começou a perceber que se sentia diferente perto do loiro, com uma vontade imensa de abraçá-lo e... beijá-lo? Não, não, não. Eu só posso estar maluco. Pensou, jogando seu rosto em seu travesseiro. Aquilo era normal. Não era?