17. Arguments

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Sherlock atravessou a rua correndo, diminuindo os passos enquanto se aproximava do loiro, que ainda estava acalmando sua irmãzinha. Sherlock se sentia mal por Harriet ter visto aquela cena horrível — pelo menos, para uma criança de sua idade — Mas estava feliz. A morte da ex-esposa de seu professor serviu para algo; deu-lhe mais pistas. Sem perceber, Sherlock estava com um pequeno sorriso no rosto, o que fez John estranhar.

— Por que está sorrindo, Sherlock? - Perguntou, irritado pelo moreno estar sorrindo. Como podia sorrir, outra pessoa acabou de morrer.

— Porque nós temos mais provas. Por que está assim? É só mais uma morte qualquer; isso não importa.

— Como não importa? O certo não seria salvar a vida de uma pessoa? - John pergunta praticamente gritando, irritado com o moreno. Não compreendia como aquilo era "uma morte qualquer".

— O que importa é descobrir o culpado e prendê-lo, John. Pessoas precisam morrer para isso. - Sherlock responde calmamente, deixando John mais irritado ainda.

Harriet, que observava a briga sem entender nada, olhou preocupada para seu irmão. John apenas pegou na mão de Harriet, encarando Sherlock por alguns segundos e indo embora logo em seguida. Sherlock percebeu como deixou o loiro irritado, mas não conseguia compreender; o que tinha feito de errado? Será que foi muito rude, ou, disse coisas que não deveria? Preocupado, apenas pegou Redbeard e foi andando até sua casa, sem parar de pensar no que tinha acabado de acontecer.

Chegando em casa, deixou Redbeard brincando com sua bolinha na sala e subiu as escadas correndo, indo em direção ao seu quarto para pegar seu celular.

Procurou em sua mochila e o encontrou debaixo de alguns livros, ligando-o e escrevendo uma mensagem para John logo em seguida

Por que ficou tão irritado? Fiz algo de errado?
—SH

Minutos se passaram e nenhuma resposta. Agora, horas se passaram e ainda nenhum sinal de uma resposta tinha aparecido na tela de seu celular. Sherlock começou a ficar mais preocupado ainda, pensando que podia ter feito alguma merda e que não iria conseguir consertar depois.
Ótimo, pensou, A única pessoa que me entendia provavelmente me odeia agora. Com esse último pensamento, se jogou em sua cama, fechando seus olhos lentamente. Dormir e esperar até amanhã era sua única opção.

/...

Sherlock pegou carona com Mycroft hoje, então não teve chances de conversar com o loiro no ônibus.

Chegando à escola, correu para sala de aula, procurando por John. Encontrou-o conversando com o grupinho, ficou com vergonha de interrompê-los, mas foi lá mesmo assim.

— J...John - diz, gaguejando.
O loiro finge que não o escuta, mas Molly o cutuca sussurrando para ele falar com o moreno. John vira, irritado. Sherlock percebe que o loiro está diferente; seus olhos estão cheio de desprezo e raiva.

— Sherlock, não temos nada para conversar. - As frias palavras do loiro fizeram seu corpo estremecer, sussurrando certo e indo se sentar logo em seguida.

Molly, que não estava entendendo nada, começou a encarar John, fazendo uma cara estranha, enquanto Sally se levantava indo em direção ao moreno.

— Então, - Sally cruzou os braços, parando em frente à Sherlock - Parece que seu namoradinho se cansou de você, não é? - A garota ri.

— John não era meu namorado, - Sherlock limpa a garganta, dando um sorriso sarcástico - Aliás, parabéns pelo novo casal. Você está com um perfume diferente hoje; igual ao do Anderson. Alguma coisa interessante aconteceu no jardim, uns minutos antes da aula?

Sally se irrita e dá um tapa no rosto de Sherlock, fazendo com que todos olhassem para os dois.

— Sua aberração! - Sally gritava, enquanto se distanciava da mesa - É por isso que você não tem amigos por muito tempo.

Sherlock passa mão em seu rosto e sente uma pequena dor do lado direito. Estava com uma marca vermelha enorme no local. Várias pessoas começaram a sussurrar sobre o acontecido e Sherlock apenas abaixou sua cabeça, cansado de tudo aquilo.

John, que o olhava do outro lado da sala, sentiu pena do garoto e queria gritar com Sally; mas não podia. Ainda estava irritado por Sherlock ter dito que a ex-esposa do professor de química era apenas uma "morte qualquer".

Um dos professores responsáveis entrou na sala, pedindo para que todos os alunos se sentassem. John foi andando até sua carteira; ao lado de Sherlock, que ainda continuava com a cabeça baixa. O professor explicou que o professor de química estava com alguns problemas, então não iria dar aulas por um tempo, e que um professor substituto iria vir amanhã.

Minutos e horas se passavam e Sherlock ainda continuava de cabeça baixa, triste e irritado por causa de todos esses acontecimentos. Alguns professores chamaram sua atenção, mas o mesmo apenas respondia que não precisava prestar atenção na aula; pois já era mais inteligente do que qualquer um daquela sala.

Finalmente, bateu o sinal para o intervalo, fazendo com que todos os alunos saíssem correndo da sala.
Sherlock levantou sua cabeça lentamente, enxugando algumas lágrimas de seu rosto. Sim, havia chorado na aula. Por sorte, ninguém — nem mesmo John, — percebeu. Levantou-se, indo em direção ao jardim, evitando qualquer tipo de contato visual.

Chegando, sentou-se de baixo da mesma árvore em que ele e John haviam se sentado naquele dia. Odiava estar brigado com o loiro. Quer dizer, nunca se importou com ninguém, mas John... John foi a primeira pessoa que o fez se sentir vivo de novo; e não uma máquina, ou uma aberração. Iria arrumar aquilo de alguma forma, mas não acha que o loiro iria querer escutar o que ele tinha a dizer.

Ficou olhando para o céu, até uns minutos depois, uma sombra tampar sua vista. Era Molly.

— Ah... Oi Sherlock. - a menina falava sem jeito, e Sherlock logo percebeu o porque. Pela sua dedução, Molly gostava de Sherlock. Que desperdício, pensou. Ela podia gostar de qualquer pessoa; podia gostar do Greg.

Sherlock percebeu há um tempo atrás o jeito que Greg olhava para Molly. Não demorou muito para perceber que ele gostava da garota. Mas pelo visto, não era recíproco.

— É um desperdício você gostar de uma "aberração" igual à mim, Molly. - Respondeu, sem nem pensar. As palavras assustaram a garota, mas mesmo assim não perguntou nada.

— E...Eu estou aqui como uma amiga,

— Eu não tenho amigos. Não preciso. - Interrompeu Molly, respondendo friamente. A garota pensou em desistir de falar, mas prosseguiu mesmo assim; não se importava com o que o moreno pensava.

— Você tem amigos. Você precisa de amigos. - Parou por alguns segundos, pensando em que falar - Você precisa do John. - Sua última frase irritou Sherlock, fazendo-o protestar mas Molly o cortou logo em seguida - Não minta para mim, Sherlock Holmes. Eu soube que vocês brigaram. Não sei o motivo, mas aposto que não é tão importante. O John é uma pessoa muito sensível; fácil de se irritar. Mas tenha certeza de uma coisa; ele ainda se importa com você. E você se importa com ele.

— Como você sabe de tudo isso? - Perguntou, fazendo a garota rir e sorrir logo em seguida

— Sabendo. Não é preciso ser nenhum gênio igual você para perceber isso. - Terminou de falar, virando-se e começando a andar logo em seguida, deixando Sherlock um pouco confuso.
Se ele se importasse comigo, sussurrou para si mesmo, teria pelo menos respondido minha mensagem.

I don't need friends, I have you・Teen!lockOnde histórias criam vida. Descubra agora