I don't need friends, I have you・Teen!lock

16. Little Harriet

Depois que sua detenção acabou, Sherlock foi diretamente para casa. O ônibus estava completamente vazio, o que foi bom, pois Sherlock conseguiu pensar sobre alguns assuntos. Assuntos chamados John.

Sherlock queria muito vê-lo, se sentia bem ao seu lado. Era como se John fosse seu porto seguro, um lugar onde ninguém podia machucá-lo ou fazê-lo mal algum. Mas não queria incomoda-lo, principalmente agora que estava cuidando de sua irmãzinha.

Chegando em casa, Sherlock subiu as escadas correndo e se jogou em sua cama, cansado. Sorte que sua mãe não estava em casa, ou iria perguntar o porque de ter demorado tanto para chegar, e iria ter que inventar uma desculpa, que obviamente sua mãe não iria acreditar. Percebendo que estava completamente sozinho e com absolutamente nada para fazer, decidiu passear com Redbeard na praça a poucos metros de sua casa. Chamou o cachorro pelo nome e o mesmo veio correndo latindo. Sherlock sorriu, pegando a coleira e a colocando em Redbeard, saindo de casa logo em seguida.

Caminhou por alguns minutos, observando o céu e as pessoas em sua volta. Nunca havia reparado nisso, antigamente preferia não fazer contato visual com ninguém. Mas depois que conheceu o John, se tornou uma pessoa mais...Viva? Como se todos seus sentimentos, todas suas emoções, estivessem voltando aos poucos.

"Se importar com os outros não é uma vantagem."

As palavras de seu irmão ecoavam em sua mente. Sherlock não se importava com os outros, não se importava nem com si mesmo. Nem com os xingamentos, as piadas sem graças que teve que escutar a vida toda. Sherlock se importava com John. De alguma forma, sem nem perceber, acabou ficando muito próximo ao loiro. Seu melhor amigo, seu único amigo, a única pessoa com quem se preocupa.

Chegando ao parque, Sherlock foi andando mais para o fundo, onde ficava menos pessoas e era tranquilo. Sentou-se e colocou sua cabeça para trás, batendo-a de leve mas ignorando a dor. Queria parar de pensar sobre o John por um momento, então começou a pensar sobre o assassinato. Precisava resolver aquilo logo, mas precisava de mais provas. Outra pessoa iria ter que morrer para conseguir juntar todas as peças.

Sherlock se distraiu tanto em seu pensamento que só depois de alguns minutos percebeu que Redbeard estava latindo sem parar. Se agachou para acariciar o cachorro e perguntou porque estava latindo — mesmo sabendo que não iria ganhar uma resposta de um cão, mas perguntou mesmo assim. Redbeard começou a correr e Sherlock não conseguiu segurar sua coleira, então a única coisa que pode fazer foi ir atrás do cachorro.

O garoto correu todo desajeitado atrás de seu cão, até ele finalmente parar atrás de um menino baixinho de cabelos loiro...John?!

Sherlock não falava nada, nem ao menos se mexia. O que era aquilo? Destino? Não, não existe essa tal coisa de destino. O moreno percebeu que John estava agachado conversando com uma menina. Sem pensar duas vezes Sherlock começou a analisa-lá.

Menina jovem, entre 10 e 12 anos. Cabelos loiros presos por um laço vermelho. Olhos azuis-esverdeados e bochechas grandes e rosadas. A menina tinha alguns arranhões em sua perna, se machucava facilmente, então devia ser muito travessa. Seria a irmã de John?

A menina percebeu que Sherlock estava a encarando e falou algo para seu irmão, que se virou imediatamente.

— Desculpe, mas - O loiro abri um sorriso quando percebe quem era. Sherlock apenas sorri fraco de volta - Sherlock! Que sorte te encontrar aqui! Veio passear com o Redbeard? - John pergunta, apontando para o cachorro, sentado na grama perto de seu dono.

— Sim. E essa menininha...?

— Ah, ela é minha irmã. Harriet. Harry, cumprimente o Sherlock.

— E...Eu sou Harriet, mas pode me chamar de Harry - a menina diz timidamente, se escondendo atrás de seu irmão logo em seguida.

— Não se preocupe, ela não é realmente tímida. Em menos de poucos minutos aposto que já vai aprontar alguma coisa. De novo - John enfatizou a palavra De novo e olhou para Harry, que estava de cabeça baixa sussurrando desculpa - Tudo bem Harry, não estou brigando com você. Apenas não faça aquilo de novo.

Harry balança a cabeça e sai de trás de seu irmão, se aproximando de Sherlock, olhando para Redbeard. Sherlock percebeu que a menina queria brincar com o cão, mas fez uma pergunta apenas para confirmar. A menina balançou a cabeça afirmando e abriu o maior sorriso quando Sherlock deixou-a brincar com Redbeard. Ela o chamou pelo nome e foi brincar perto das árvores, enquanto Sherlock e John se sentaram em um banco lá perto.

— Então, - Sherlock disse, gaguejando um pouco - O que a Harriet fez?

— Machucou outra criança, - John respondeu, não tirando os olhos de Harry e Redbeard correndo perto das imensas árvores que rodeavam o parque - Você deve ter percebido o quanto ela é bagunceira.

— Sim, eu percebi.

Os dois amigos ficaram em silêncio por um bom tempo, apenas olhando a bela paisagem do parque; Árvores imensas quase cobrindo o céu, com pequenas flores em si. Adultos e crianças correndo e se divertindo, como se nada mais importasse naquele instante. O silêncio entre os dois, não era ruim. Era bom. Sherlock se sentia bem só de ficar perto do loiro, observando seus gestos e traços; seus olhos mágicos, seu sorriso encantador, tudo em si era perfeito. Tudo estava em completa paz, mas não durou por muito tempo.

Sherlock escutou algumas pessoas gritando, e viu Harriet paralisada em frente à uma moita enquanto Redbeard latia sem parar. John percebeu também, e foi correndo até lá, enquanto Sherlock ia atrás.

— Harry? - John gritava enquanto se aproximava - Harry, o que aconteceu?

John parou quando percebeu um braço e um pouco de sangue, puxando Harry e olhando para Sherlock preocupado logo em seguida.

Sherlock se aproximou da moita, tirando algumas folhas de sua frente descobrindo um corpo ensanguentado.
Harriet gritou e abraçou seu irmão, colocando sua cabeça entre seu peito. Sherlock assustado, não conseguindo raciocinar tudo aquilo, apenas ligou para Mycroft, pedindo para que viesse imediatamente. Enquanto seu irmão não chegava, Sherlock pediu para que John levasse Harriet e Redbeard para longe de lá. O loiro balançou a cabeça e pegou Harriet no colo, chamando Redbeard e indo para o mais longe possível de lá. Em menos de poucos minutos as pessoas souberam do corpo e começaram a ligar para polícia, juntando uma multidão perto do parque, o que só atrapalhou Sherlock, pois o mesmo não conseguia se concentrar com tanto barulho.

Poucos minutos depois Mycroft chegou com alguns policiais, indo em direção à Sherlock, que ainda encarava o corpo.

— Outra obra do nosso assassino de esposas? - Mycroft pergunta, se agachando perto de seu irmão, para ver o corpo

— Kate. - Sherlock respondeu, sem nem pensar duas vezes.

— Como?

— Kate, Kate Green.

— Encontrou alguma identificação?

— Não, eu a conhecia. Quer dizer, mais ou menos. Ela era casada com nosso professor de química. Percebi que hoje na sala ele estava agindo de uma forma diferente, meio triste. Acabei descobrindo que tinha terminado seu casamento na noite passada.

— Se ele terminou na noite passada, como a mulher já está morta? E por que o corpo está aqui?

— Não sei, - Sherlock limpa a garganta, pensando em alguma possível solução - O assassino deve estar entediado; sempre estão. Ele quer ser pego logo.

Sherlock procurou por mais pistas no corpo, encontrando um celular e uma nota na bolsa vermelha da mulher. Na nota lia-se "Descubra logo; estou começando a ficar entediado.", Sherlock entregou o celular para seu irmão, que chamou mais alguns policiais para fecharem o parque e pedirem para que as pessoas se retirassem imediatamente.

Com isso, Mycroft pediu para que Sherlock voltasse para que casa; ele iria cuidar de tudo a partir de agora. Sherlock concordou e foi procurar John, que estava do outro lado da rua com Harriet e Redbeard.