Capítulo 4

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31 de dezembro de 2015- Acapulco

2016 será diferente, tomarei meu destino em minhas mãos e farei com que meus desejos se realizem. Sonhar, sonhar e sonhar outra vez!

              Escrevi em um post-it verde neon que colei em meu notebook quando a aeromoça nos dizia que havíamos alcançado o nosso destino. Olhei para o lado e Iliana, uma de minhas melhores amigas estava tão lívida e claramente feliz que era como se fosse entrar em colapso. Ela odiava voar.

— Iliana pode soltar já do encosto. — Brinquei enquanto ela piscava seus olhos rapidamente. Ela se colocou de pé e passou na minha frente disparado me fazendo cair de volta no meu assento. Ainda a vi empurrar vários outros passageiros em sua tentativa de fuga para fora do avião. — Iliana cuidado sua louca. — Gritei enquanto a aeromoça fazia um sinal negativo com a cabeça. Nem três comprimidos para dormir foram suficientes para aquela criatura. Seria uma viagem intensa, sorri comigo mesma me movendo para fora também.

             Hospedamo-nos em uma casa que dava basicamente de frente para a praia, de frente para a areia fofa. Tem janelas grandes e uma varanda com cadeiras de balanço e uma rede cor creme. Não é um lugar cinco estrelas, mas é um lugar onde eu posso me sentir bem, me sentir tranquila. Sento nos degraus do lado de fora olhando as pessoas molhando os pés na água.

— O que deu em você pra planejar esta viagem assim de última hora? — Questionou Iliana.

— Ora Iliana que questionadora, eu só queria passar um tempo em um lugar diferente... Com você. — Dou uma risada a abraçando.

— Há algo de muito errado nesta história. — Disse por fim e eu apenas faço uma careta, mas por dentro um leve desespero começa a me tomar pelas paredes. Acapulco é grande demais, e lá estava eu longe da minha cidade, da minha família arrastando a pobre da minha amiga para algo que nem eu mesma sei se quero.

— Precisamos sair daqui, vamos para a praia tomar sol e andar por aí. — Falei correndo para dentro para me trocar e colocando um biquíni preto com um short jeans.

             No final estou sentada de baixo do guarda sol com areia até dentro do cérebro me incomodando e Iliana não parece muito mais feliz enquanto coloca um boné e cruza seus braços olhando com cara feia para as crianças que acabaram de lhe arremessar uma bola bem na testa. Bem 2015 de fato ainda não terminou, penso sentindo meus músculos derreterem e olho para o lado e o vejo. Tem os cabelos castanhos e os ombros largos. Levanto-me com pressa.

— Onde pensa que vai? Não vai me deixar aqui sozinha com estas pestes Dulce. — Grita me seguindo.

— Christopher. — Sorrio tocando seu ombro enquanto sinto meu coração bombear mais rápido e ele se vira lentamente e olhos azuis me encaram. Não, droga, seria muito fácil não é?

— Me... Me... Me desculpe eu pensei que era um conhecido.

— Dulce Maria? É mesmo a Dulce Maria? — Ele questiona a minha amiga com uma cara chocada.

— Não, é Shakira. — Diz ela debochada com uma careta de poucos amigos e a encaro por um segundo.

— Por favor, poderia tirar uma foto comigo? Você é incrível sabia? — Ele me pede e eu apenas consigo pensar: Não eu não sou incrível, principalmente agora parecendo um empanado, toda suada e com ideias estúpidas na cabeça.

              Caminhamos agora de volta para o nosso guarda sol e o mormaço do dia parece apenas cada vez maior e eu poderia apenas desmaiar e não abrir meus olhos mais, por isso decidimos que o melhor a fazer é retornar para a casa.

— Não estou acreditando. — Diz minha amiga depois de meia hora de silêncio enquanto eu mordo um sanduiche de queijo.

— No que Iliana, está mal?

— Eu sabia que havia algo estranho. Por que não diz a verdade?

— Do que está falando?

— Você sabe do que eu estou falando. Christopher? — Ela imita algo que deveria ser a minha voz na última palavra e apenas sai um granido e eu dou uma gargalhada alta.

— Eu não falo assim sua tonta.

— Ele está aqui? Onde? — Questiona e eu balanço a cabeça afirmativamente e depois encolho os ombros. — Não sabe? Telefone agora pra ele então, droga.

— Não Ili, não é assim.

— Então o que é assim? Você vem pra um lugar na véspera de ano novo pra caçar um cara, é isso?

— Estou deixando o destino cuidar das coisas, deixando ao acaso, quando algo deve acontecer acontece. Sempre foi assim entre nós. — E realmente havia sido assim entre nós. Vejo duas criancinhas brincando felizes e me lembro dele.

Poderíamos Cair (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora