Capítulo 16

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              O que está fazendo aqui Dulce? — Ele questiona parando a alguns passos de mim. Sinto minha garganta seca. Ele simplesmente não parece feliz e muito mais que surpreendido ele parece zangado.

— É que... Preciso falar contigo.

— E isto não pode esperar até amanhã? Escuta se for por Pablo, acho que está bem crescidinha para saber o que faz da própria vida de modo que não vou falar mais nada a respeito deste assunto. — Ele me deu as costas retirando do bolso algo, uma key que fez abrir o portão com o barulho. Posteriormente ele se dirigiu ao carro entrando. Abri a porta do passageiro e me sentei olhando para frente fixamente. — Dulce! — Christopher diz irritado, mas simplesmente pega no volante conduzindo o carro para o estacionando. Ele abre a porta da casa revelando a decoração exótica, o sofá estranho com almofadas coloridas meio indianas, os pequenos elefantinhos decorativos, a lâmpada que eu dizia ser do Aladim e enfim as escadarias gigantescas.

— Minha mãe está aqui de visita então é melhor conversarmos no meu quarto.

                  Entramos em seu quarto e ele fechou a porta me encarando. O tempo de fato havia passado, ele estava muito mais forte, seus ombros eram ainda mais largos e seus braços... Era como se pudesse moer ossos com facilidade. Respirei alto rompendo o silencio.

— Está como me lembro... O quarto. — Olhei para o lado, para a cama grande, os retratos em uma escrivaninha, os objetos com formatos estranhos. Tudo muito colorido e vivo. — Como está sua mãe Alexandra?

— Bem.

— Uma vez eu prometi a ela que iria morar conosco quando acontecesse, ela sempre teve medo de estar sozinha. Você se lembra da promessa dos 30? — Falei sorrindo. Alexandra de fato me adorava, bem o sabia. Embora nunca tivéssemos falado nada para ela sobre nós dois ela simplesmente sabia e tanto sabia que me fez jurar aquilo, e a promessa era nossa linda promessa de nos casarmos se estivermos solteiros aos 30 anos. Bom, alguém não está.

— Isto foi há muito tempo atrás. Dulce... O que quer? — Questionou-me me deixando nervosa. Andei até a janela olhando para a noite escura lá fora. Ele caminhou até mim olhando para fora também e então tocou meu ombro. Senti vontade de chorar. Christopher não é o tipo que suporta ver alguém sofrer e não fazer nada, mesmo quando está zangado com a pessoa. Esta é a qualidade que mais amo nele. Me virei e toquei seu rosto olhando fundo em seus olhos, ele se moveu mais para frente e eu entreabri os lábios esperando, mas ele simplesmente se afastou. Sei que ele fazia tudo isto mais por Natalia do que por si mesmo.

— Christopher não me dê às costas. — Pedi sentindo o nó em minha garganta. — Eu sinto... Eu realmente te necessito. Muito!

— É sério que veio me dizer isto aqui agora, depois de tantos anos? — Ele soou zangado me encarando duramente.

— Caramba, eu disse que sinto muito, será que não pode...

— Não! Não Dulce, sentir muito pra mim não é suficiente. Tudo o que tivemos passou. Por que tem que insistir em um absurdo? Você sabe o que fez. Sabe que foi a primeira a colocar empecilhos. Como era mesmo o nome daquele cara que te traiu e que você voltou pouco tempo depois de nós termos transado pela primeira vez? Ah, me lembrei, era Memo não era?

— E você? Não pense que eu não soube das suas orgias nos quartos de hotéis com aquele bando de mulheres que você era incapaz de lembrar o nome na noite seguinte e que os seguranças tinham que despachar pra fora de seu quarto sem aviso ou consideração no dia seguinte. — Grunhi.

— O que eu podia fazer? Me explica. Ficar olhando você com esses babacas que você andava e implorar pra você ficar comigo que nem um idiota? — Ele replicou de volta e eu vi uma veia saltada em sua testa. Era difícil vê-lo irritado de fato, mas quando isto ocorre, Deus sabe que é melhor sair de baixo.

— Talvez fosse exatamente o que você deveria ter feito. Não me culpe por nunca ter dado certo Christopher, porque você também tem a sua cota, porque eu nunca... Nunca pude confiar em você.

— Não pôde, e o que eu fiz para a donzela despreparada?

— É bom parar com a sua ironia. Você sempre foi galinha, tinha o que queria quando queria, o que eu podia fazer a cerca disto? — Questionei e ele abaixou a cabeça levando a mão a testa e suspirando cansado.

— Está vendo, por que nunca deu certo? É melhor ir embora. — Disse simplesmente me dando as costas novamente e caminhando até a porta do quarto.

— Eu não posso... Christopher, eu preciso ter certeza que o nosso terminou, eu não consigo seguir em frente sem isto.

— Então quer que o diga? Você e eu não... — Começou a dizer quando me movi rapidamente até ele segurando seu rosto entre minhas mãos. Ucker ficou em silencio olhando diretamente para mim.

— Quero que prove... Com um beijo. Prove! — Olhei para os seus lábios e o sangue do meu corpo correu depressa me fazendo corar facilmente quando avancei em direção a ele e o beijei como se fosse nosso primeiro e último beijo, mas ele simplesmente não correspondeu, parecia paralisado como uma estátua. Agora eu tinha certeza, ele não me amava mais, tudo tinha chego ao fim como se jamais tivesse existido. Me afasto e as lágrimas quentes começam a rolar de meu rosto, limpo-as rapidamente com medo de que ele as veja. Meu coração simplesmente está mais quebrado e destruído do que já esteve em toda a minha vida. Como evitar? Eu precisava disto não é? Então tudo bem, é tarde demais.

— Droga! — Ele sussurra entre dentes e puxa meu rosto novamente em direção ao meu enterrando sua língua em minha boca e levando uma de suas mãos ao meu cabelo me forçando mais em direção a si, sinto que ele vai me partir, mas não me importo, eu senti tanta falta disto que é absurdo o efeito que isto tem em meu corpo. Sou um vulcão em erupção. Ele me empurra contra a parede me dando alguns milésimos de segundos para respirar e logo volta a mim apertando minha cintura com certa violência desmedida me fazendo suspirar conta seus lábios e assim ele se afasta um pouco mantendo nossas testas coladas e ofegando. Toco seu rosto e então ele simplesmente se afasta.

— Eu sempre vou cair na sua armadilha não é? Eu a amo, mas como uma das minhas melhores amigas, eu nunca vou poder esquecê-la Dul. Se me ama também do jeito que for, vai entender que eu fiz a minha escolha também e você não se encaixa mais nisto.— Falou, mas ele não estava sendo duro, ou tentando me punir por algo, era diferente o que me machucou mais. — Dulce não me olhe deste jeito. Eu nunca quis me afastar de você, mas é melhor por um tempo.

— Eu pensei que já estivéssemos sabe? — O ressentimento brotou em minha voz.

— É melhor eu te levar pra casa, não gosto que dirija por aí, sozinha de madrugada. É perigoso, sabe disto, não sei por que sempre teima.

Todo o caminho em que ele dirigiu o meu carro por mim foi cercado de puro silencio e quando enfim ele parou no meu estacionamento, lhe dei as costas sem dizer adeus ou qualquer coisa, não por raiva, mas porque eu era completamente incapaz, e assim ele se foi pedindo um táxi. Acredito que não vou vê-lo tão cedo. Há que se superar algumas coisas não é mesmo? Talvez fosse a nossa hora.

Que nos paso

Porque nos perdimos
Donde quedo
Aquello que nos prometimos
Quien se metió entre nosotros
Quien te lleno de primaveras
Esos ojos que no me saben mentir
Que no me pueden mentir

Poderíamos Cair (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora