Capítulo 8

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          Eu estava tão cansada no dia seguinte que mal conseguia manter meus olhos abertos enquanto nos conduzíamos de van para mais um show e o culpado estava ali logo atrás parecendo melhor e mais saudável que nunca.

— Está mal Dul? Está doente? — Questionou Maite me observando.

— Não, eu estou bem, só estou com sono.

— Sabem... Escutem... — Gritou Christian. — Eu escutei uma conversa muito interessante dos seguranças hoje.

— Que fofoqueiro. — Comentou Anahí mexendo em sua franja.

— Aposto que todos vão querer ouvir, então shiu Anahí. Eu escutei...

— Diz logo Christian. — Falou Christopher que estava logo atrás.

— Escutei que havia duas pessoas peladas ontem na piscina. Pronto falei. — Ah não, senti meu rosto tornar-se rubro quase me denunciando.

— Deve ter sido lorota. Estes caras adoram fofocar. — Respondeu Christopher sem culpa e eu não conseguia entender como ele poderia ser tão sínico assim. Pensar no modo como ele poderia mentir ou até mesmo dissimular qualquer coisa sem dificuldade alguma me tornava apreensíva.

— Por que eles inventariam algo assim? — Defendeu Chistian se virando para todos nós e encarando nossos rostos. — E pelo visto sei exatamente quais de vocês foram. — Ele apontou um dedo para Poncho e eu respirei aliviada sabendo que ele estava longe da verdade, mas então seu dedo também apontou a mim me fazendo ofegar sem ar.

— Está louco Christian. — Respondeu Poncho. — Por que eu estaria pelado na piscina com Dulce?

— Por que antes de ontem eu vi os dois no camarim quando não havia ninguém, e vocês estavam...

— Droga, o que eles estavam fazendo? — Christopher tinha um tom estranho na voz quando falou, não pude evitar perceber. Não tinha coragem de olhar para trás e ver seu rosto, por algum motivo eu sabia que ele estava irritado e eu me sentia absurdamente constrangida que aquela história viesse a tona. Queria esbofetear o delator.

— Chega Christian! — Gritei preocupada.

— Não! Continue Christian. — Ucker parecia cada vez mais estranho.

— Dulce e Poncho estavam quase se beijando.

— Droga Christian! — Senti meu rosto tornar-se escarlate. Eu e Poncho tínhamos terminado já há pelo menos um ano e eu me sentia profundamente incomodada vendo minha intimidade sendo exposta desta forma. Coloquei as mãos na frente do rosto e passei o resto da viajem até o estádio profundamente entregue ao meu mundinho. Eu realmente não fazia questão de pensar no meu relacionamento com Herrera, a verdade é que na ocasião tínhamos acabado de fazer as pazes, depois de ficar basicamente 1 ano sem nos falar devido ao nosso termino.

            Fizemos o show como era previsto e já pela noite nos alocaram em um hotel devido a que uns fãs já tinham nossa localização. Pedi qualquer coisa de comer pelo telefone, não tinha nenhuma vontade de estar com os outros, só queria um momento de paz e descansar longe das turbulências, longe dos mal entendidos. Escutei passos no corredor e me adiantei a abrir a porta pensando ser o funcionário com minhas coisas, mas quando olhei para fora vi Christopher agarrado com uma garota loira peituda rindo-se como nunca. Ele tinha aquele modo como segurava a cintura dela, como já tinha segurado a minha e os olhos... Não, os olhos... Ele nunca me havia olhado daquela maneira. Seus olhos se encontraram com os meus por alguns segundos e eu podia escutar nossa conversa mental: — Por que está fazendo isto? — Eu diria e ele provavelmente me responderia: — Ora, porque sim. — Mas a verdade de tudo é que Ucker não pareceu se importar, não comigo, pois sequer me cumprimentar ele o fez, simplesmente iniciou uma gargalhada com algo que a mulher lhe falava ao ouvido enquanto passava sua unha em seu pescoço. Eu deveria me importar? Não, eu não deveria. Fechei a porta com força. Mas por que eu senti o soco no estomago? Por que eu mal estava conseguindo respirar ao repassar a cena em minha cabeça? A verdade é que fiz isto por um longo tempo, vê-lo ali com a mulher agarrada em seu pescoço de modo indecente, do modo como eu nunca tinha estado em minha vida.

           Senti inveja, raiva, pois Ucker não deveria insistir em levar uma qualquer pra cama na primeira oportunidade. Senti... Ciúmes! Ele era meu, era inegável que me pertencia, éramos muito bons amigos. Ela jamais saberia as coisas que eu sei dele e eu sei que não se ocuparia em querer descobrir, como o fato de ele ser metade alemão-sueco por parte de mãe, amar andar de skate, ou que seus beijos favoritos são quando lhe tocam a nuca, ou o cabelo assim como os meus, que no fundo ele não passa de um garotinho inseguro esperando que o mundo o abrace. Ela não teria mais que algumas poucas horas com ele. Ela sabia e entendia isto? Ela estava de acordo? Oh Deus, de que isto me importa? Pensei me jogando na cama quando a campainha tocou outra vez e desta vez de fato era minha comida.

What will you do when something stops you?
What will you say to the world?
What will you be when it all comes crashing
Down on you little girl?
What would you do if you lost your beauty?
How would you deal with the light?
How would you feel if nobody chased you?
What if it happened tonight?

O que você vai fazer quando algo parar você?
O que você vai dizer para o mundo?
O que será de você quando tudo cair
Sobre você, garotinha?
O que você faria se você perdesse a sua beleza?
Como você se daria com a luz?
Como você se sentiria se ninguém te procurasse?
E se tudo isto acontecesse hoje a noite?

Poderíamos Cair (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora