Capítulo 47

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    Pov. Christopher


           Tudo ocorreu muito rápido desde o tempo em que Dul estava ali e então já não estava. Então, okay, eu tinha convidado minha ex-namorada para ser madrinha do meu casamento, isso me torna um idiota? Talvez. Vi seu carro partir rapidamente para longe enquanto eu me mantinha de pé, firme ao chão, eu poderia ficar ali por horas pensando sobre o que eu havia feito e o que não. Eu sei que no fundo muitas vezes eu quis punir Dulce pelo "nosso" não ter dado certo e é uma verdade que ela não tenha tido a culpa de tudo, mas é verdade também que eu não poderia dar um passo atrás um passo para quando éramos quando sei que poderia ser em falso. Eu não volto atrás em algo e eu acreditei que ela também não voltaria, pois se ambos tínhamos alguma similaridade, era esta.

         Caminhei para dentro da casa novamente. Minha mãe olhava para fora, pela janela da sala com o tipo de olhar reprovador que só uma mãe consegue dar.

— O que ela está fazendo aqui na sua casa? Mãe o que você estava armando quando me convidou? Eu te conheço bem, então... Isso foi... Péssimo. Você não tinha o direito.

— Convidou ela pra ser sua madrinha de casamento Christopher Alexander?

— Então não só estava assistindo como também escutando tudo?

— Ah, por favor, como não haveria de estar? Escuta, deixa eu ver se compreendi seus planos. Você pretende se casar com aquela lá, sua noiva e manter sua ex por perto como madrinha já que fica mais fácil levar pra cama? — Ela cuspiu as palavras e senti o sangue subir pra minha cara.

— Mãe, que droga de palavras são essas, está louca? Eu jamais trairia a Natalia e... Dulce é minha amiga assim que...

— Assim que o que? Dulce não é sua amiga, vocês mal se falam. Eu não te criei pra você ser exatamente essa cópia descarada do seu pai. Sabe por que não deu certo nossa relação? Por que ele sempre gostou do que é fácil, e obviamente eu nunca fui uma dessas mulheres fáceis onde tudo está bem, não senhor e agora você aí como... É como reviver todo ele a minha frente quando tinha sua idade. Parece que todo o meu duro trabalho em te criar praticamente sozinha, vai por água abaixo.

— Mãe. Eu não sou como meu pai. Eu jamais serei como ele. Ele praticamente nos abandonou. Eu não tenho nada dele.

— Queria que fosse verdade. — Ela tocou meu rosto com um olhar quase ausente e me deu as costas. Dixie, o gato mais preguiçoso e comilão que eu já conheci na vida deitou próximo aos meus pés. Ele era orgulhoso demais pra solicitar carinho de modo que apenas fazia charme e engraçadamente mal conseguia dar mais que três passinhos no chão sem deitar um momento.

— Adeus Dixie, cuide dela. — Respirei fundo e sai pela porta da frente entrando no carro.

Peguei meu celular jogado em algum canto do acento de passageiro e disquei um número, o primeiro que me ocorreu. O céu parecia mais azul do que de costume e os raios de sol brilhavam sobre a grama verde.

— Alo... Alo... Quem é? — Questionou Dulce do outro lado da linha. Eu tinha tantas coisas pra dizer, como me desculpe por às vezes fazer tudo errado, mas eu apenas não consegui. Ouve o silencio, o som de sua respiração do outro lado da linha por segundos intermináveis até eu desligar. Se eu desistisse de tudo por ela agora? Mandasse para o inferno minhas próprias recomendações e todos os erros que cometemos no passado?

— Não, eu não posso. — Disse pra mim mesmo e estacionei em frente à casa azul. Abri a porta e me movi até o banheiro. Precisava de um banho pra esfriar a cabeça. Olhei para o espelho e vi Dulce imersa em água e espuma deitada na banheira me sorrindo. Parte de seu cabelo flutuava e eu me perdia na curva insinuante de seus seios. Sua mão me soprou um coração e bolhas de sabão voaram para o chão. Pisquei os olhos. Natalia estava ali. Fechei os olhos com força e os abri. Candy. Me aproximei agachando ao lado da estrutura branca que ocupava o canto do toalete e toquei seu rosto. As pintas que eram como estrelas e universos enfeitando seu colo sempre seriam minha eterna obsessão. Ela sabia disso. Toquei seus lábios rosados com as pontas dos dedos. Como eu amava aquela expressão que me dizia: Ama-me forte. Eu não podia recusá-la. Quantas voltas estamos dando?

Poderíamos Cair (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora