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A Água quente percorria o meu corpo enquanto eu esfregava lentamente o Gel de banho nos ombros de olhos fechados e cabeça erguida contra as pingas de água que saltavam do chuveiro.

Sentia-me relaxada e não parava de suspirar. Numa vida como a minha é difícil aplicar a palavra relaxante a qualquer momento, então, quando eles aparecem a única coisa que podemos fazer é aproveitar.

Não contemplei o tempo passar e saí apressada do banho, preocupada com as consequências que eu deixei afogar num balneário público.

Com uma toalha enrolada no meu corpo fui para o balneário das meninas, desloquei-me até ao meu cacifo, nº 24 , tirei de lá o meu saco de Educação Física e preparei-me para a continuação de um dia cansativo e repetitivo.

O Lugar estava vazio, aliás, nem eu devia estar ali! Era suposto eu estar á porta da sala de aula para dar início á Lição de Química que iria começar em 3 minutos!

Eu costumo deixar as outras meninas saírem para que eu não fique com tanta vergonha na hora de exibir o meu corpo na frente de pessoas que provavelmente iam rir-se dele ou gabar-se discretamente do que elas têm em especial.
Mas hoje, o tempo passou num fechar de olhos e já não era por esse motivo que eu me apressava a pegar em cada objeto do armário.

Vesti ligeiramente uma saia de ganga, junto com uma Top de manga comprida listrado a preto e branco com umas figuras de rosas espalhadas timidamente pelo tecido e por último, (vestido um pouco mais à pressa que as peças de roupa anteriores) calcei uns ténis All-stars brancos, com o logótipo original.

Olhei para o espelho, bufei, sinceramente não estava com tempo de cuidar do meu cabelo louro e comprido, por isso, peguei num elástico e amarrei-o num rabo de cavalo bem apressado, com bastantes fios de cabelo rebeldes a escapar.

—Pronto — Sorri para o espelho, peguei em 3 livros, fechei o cacifo e segui caminho para a aula.

Caminhei em passos grandes pelos corredores, quase correndo, sempre numa certa esperança de que chegaria a tempo.

O que uma pessoa normal pensaria de mim naquele momento?

''Lá vai a menina certinha a correr para a aula'' ou simplesmente mandaria alguma o piada do tipo "Deixaste um livro para trás foi?"

O que mais me irrita na minha vida, é ela mesma! No porquê de ela ser assim.

Eu nunca admirei a escola, nunca foi uma paixão para mim ter boas notas, ser a preferida do professor ou até mesmo ser das alunas principais no quadro de mérito.
Não se trata de orgulho mas sim de obrigação.

Tudo, mas mesmo tudo, se resume ao facto do quão controlador o meu pai é quando o assunto é escola, desde criança ele não para de tentar meter na minha mente que estudar é a solução para tudo, de como o meu futuro ficaria destruído caso eu não fosse uma aluna reconhecida.

Acredito que ele fale isso para o meu bem, mas, mais propriamente pelo nome da nossa Família.

Já estive horas de grande pesquisa pela nossa árvore genealógica, a procurar algum Patel que não tenha frequentando as melhores escolas com as melhores notas... tentei, mas falhei.

Seria uma enorme vergonha para o meu pai (e para mim) se eu não continuasse o tão respeitoso legado... por mais cansativo e exaustante que ele fosse, eu podia tentar.... e mais uma vez... falhar.

 falhar

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