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Estava no portão da minha casa, olhando para Bryson, que respirava profundamente a olhar para a porta, mentalizando-se do que estava prestes a fazer.
A sua maior vontade era virar costas e com um sorriso irónico do costume dizer "Fica para outro dia", confessando assim o seu medo.
Não o crítico, se eu estivesse o lugar dele, o meu coração já tinha saído pela boca a partir do momento em que olhava para a luz em cima da porta da entrada.
Andamos um pouco mais, e, a cada passo ouvia a sua respiração ficar mais densa, porém, apenas consegui deixar escapar um pequeno riso enquanto observava as suas expressões de pânico.

— Tens a certeza que queres fazer isso? — Perguntei, rindo um pouco mais alto contra o seu ombro, abafando assim as gargalhas.

— Obrigado pelo apoio moral! — Respondeu Bryson com um sorriso.

— Desculpa — Disse ainda a morder os lábios para não deixar escapar mais uma gargalhada, mas... não podia negar, estava só a transmitir o meu nervosismo de uma forma diferente, no entanto, o meu coração batia tanto como o dele... Conhecer os Patel não é algo fácil.

— Respondendo à tua pergunta — Fez uma breve pausa com um sorriso nervoso — Acho que sim.

— Queres que bata á porta? — Tentei tomar uma iniciativa, quando vi que o silêncio se instalava e ambos olhávamos com um sorriso ansioso para a porta.

— É o mínimo que podes fazer! — Riu-se Bryson de forma irónica com um enorme sorriso direcionado a mim.

Sorri para ele uma última vez e aproximei-me o meu punho da porta, batendo duas vezes na mesma.

Agarrei ansiosa no braço de Bryson que estava com as mãos, colocando o meu braço por entre o seu, olhando sem parar a porta, enquanto ouvia os passos se aproximarem da porta.

Quando alguém finalmente abriu a porta, suspirei de alívio ao ver que era a minha mãe, que quando nos viu, deu-nos um olhar sorridente, falando com muita simpatia.

— Ora Boa Noite para os 2! — Piadou.

Bryson deu um riso abafado, com o olhar baixo, e, depois de uns segundos, até se sentir estável, respondeu com a sua voz agradavelmente grossa e um sorriso:

— Bom Noite Senhora Patel. 

— Ah! Pra quê tanta formalidade? Podes chamar-me Christine!

Todos começamos a rir, de uma forma bastante confortável, essa é uma das qualidade que eu mais admiro na minha mãe, ela tem um enorme bem-estar com ela mesma, acabando por o transmitir para os outros.
Ao olhar para a cara de Bryson percebi que ele concordava, pois o olhar confiante que a minha mãe lhe pôs deixou-me feliz.

— Devem estar a passar um frio enorme aí fora — Afirmou a minha mãe, saindo do caminho — Entrem!

Assim que entramos, Bryson olhou para todos os lugares da minha casa, como se fosse a primeira vez, porém, já era a segunda vez que ele fitava o retrato de família que estava no hall de entrada, seguido de muitos fotos minhas... De alguma forma, aquilo encantava-o.

Depois de alguns passos, chegamos á sala, onde o maior obstáculo estava sentado no sofá, folheando um jornal, que rapidamente pousou na mesinha de centro assim que nos ouviu entrar.
E, como já era de esperar, colocou-se em pé, com uma cara neutra, porém não era o tipo de neutro que dizia ''Olá! Tudo bem?'' mas sim um neutro que exclamava '' Estás com a minha filha porquê?''.
Conseguia sentir a aflição na cara de Bryson mesmo sem desviar o olhar para a sua face, pois assim como ele, até eu fitava o meu pai, mantendo um sorriso na cara.

— Boa Noite — Cumprimentou-nos o meu pai, num tom de voz tão duvidoso que chegava a parecer uma pergunta.

— Boa Noite Senhor  Patel! — Respondeu Bryson, com um sorriso respeitoso acompanhado de uma postura impecável, de um jeito que até a mim impressionou.

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