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Já esperava que o teste corresse tão mal como supostamente aconteceu, por incrível que pareça, não consegui lembrar de uma única coisa que estudei todas estas semanas.
Estive enganada todo aquele tempo em que pensei que relaxar junto com o Bryson seria bom para mim, mas infelizmente deixou-me ainda mais distraída do que aquilo que eu já estava.
Lá no fundo era bastante satisfatório para mim ver o sorriso que se formava na cara de Isa quando via a sua nota excelente, pareceu que todas as semanas de estudo que ela gastou para aquele teste ter valido a pena.

Quanto a mim, tudo que fiz nos últimos dias foi pelo cano a baixo, todas as coisas pelas quais me esforcei não valeram a pena, nem um pouco.
Gastei bastante do meu tempo e dedicação em algo nulo, algo que via tudo que eu fazia como sendo substituível.
Pode custar imenso, mas a cada lágrima que limpo mentalizo-me que esse algo tem um nome, Bryson Hill.

O mesmo rapaz que me partiu o coração, foi o mesmo que não voltou para a escola durante dias, contra a minha vontade passava todos os dias pelos seus sítios favoritos, mas como eu já esperava ele já não passava os intervalos naquela cadeira da cafetaria onde eu ficava séculos a olhar para ele, também já não passava o dia inteiro a jogar basketball com os seus amigos idiotas quando deveria estar numa aula e já nem mesmo a fazer-lhes companhia no portão da escola, rindo-se das história idiotas uns dos outros.
Preferia voltar para a altura em que via Bryson entrar naquele bosque e viver com a tortura de não saber o que ele ia para lá saber, do que não saber nem sequer onde ele está. A certeza de que tudo isso iria desaparecer para sempre deixava magoada. Ainda mais magoada do que descobrir o verdadeiro lado dele.

Uma parte de mim repetia que eu não deveria sequer olhar para a cara dele, mas por lado sentia que vê-lo uma única vez iria fazer-me bem. Então vi que só teria um lugar onde eu podia encontrar Bryson, somente um, a uma hora específica.

Quando sentada na sala de aula, desliguei-me completamente do que o professor dizia, comecei a fazê-lo à uns dias e facilmente virou um hábito, então naquele dia decidi virar a minha atenção especialmente para o relógio de parede, e quando vi o mesmo atingir as 9:34 em ponto, ergui o meu braço no ar no mesmo segundo que vi o ponteiro mexer, dando um sorriso forçado para que o professor me deixasse sair para ir ao WC.

Supostamente, era onde ele achava que eu iria mas assim que saí da sala, corri levemente até a outra parte da escola em apenas 1 minuto.

Velozmente cheguei ao corredor que Bryson me mostrou naquele nosso dia especial, cheguei a tempo de ver o meu relógio de pulso mudar para as 9:35.
O meu coração deu umas batidas de coração mais fortes que o normal, e, com a minha mão na parede, fechava os olhos e ainda conseguia sentir a pressão do corpo de Bryson contra a aquela mesma parede naquela manhã especial.
Olhei em frente, esperando Bryson, porém os passos que eu ouvia no corredor não eram os dele, tentei sorrir assim que vi que os funcionários estariam a juntar-se, para se amarem em segredo, mas assistir aquilo já não pareceu o mesmo que no outro dia. Eu não estava lá, com a pessoa que partilhou do mesmo momento comigo. Aprendi naquele exato momento que todos os dias vemos as coisas de formas diferente, depende apenas do dia e estado de espírito que habita em nós no momento de tirar a observação.
Perdi todas as minhas esperanças pois já eram 9:36, e Bryson não estava lá, fiquei de costas coladas à parede, olhando para as minhas mãos, até não conseguir vê-las direito devido a toda a água que começava a acumular-se nos meus olhos.

Bryson já não vinha cá para ver a Senhora Mitchel e o porteiro. A caminho da sala, dei uma volta diferente e passei por outros possíveis pontos de referência que ele tinha partilhado comigo, só comigo (Acho eu). Ele já não ia para a ventilação ouvir os telefonemas do diretor, já não roubava as sobremesas da cantina. Não havia sinal algum da sua existência e isso deixava-me num vazio profundo.
Bryson já não parecia presente.

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