Contemplamos um ótimo e demorado momento de silêncio, recheado com trocas de olhares profundos e emoção.
Porém, depois de muito pouco tempo ele apenas se limitou a sorrir, despedindo-se:
—Tchau... Natalie.
Sorri para Bryson. Enquanto ele se afastava da bancada do voluntariado, com o peito e queixo erguidos enquanto levantava o seu skate vermelho e cheio de autocolantes de bandas desgastados no ar com uma pontapeada forte.
Depois disso, lançou o mesmo no chão e começou a deslizar cima dele pela rua abaixo, com as mãos nos bolsos.Gostava de saber o porquê de aquele rapaz nunca me sair da cabeça, no meu caminho de volta para a escola não consegui focar-me em outra coisa, apenas naquele olhar e naquela forma tentadora de falar.
Uma pergunta não me saía da cabeça:
O que é que aquele rapaz tem que despertou tanto interesse em mim? Sendo que eu nunca senti isto alguma outra vez na minha vida.
Foi tão estranha a forma como atração surgiu do nada, sem grandes esforços, apenas uns olhares aqui e umas frases engraçadas acolá.
Logo que entrei pelo portão da escola relembrei-me que tinha algo mais importante para tratar do que rapazes mauzões... Isa.
Por mais que eu tentasse encontrá-la ela continuava "desaparecida", sem deixar um único rasto para trás, nem uma única pista de onde ela poderia estar.
Então, desesperada fui ter com as únicas pessoas que poderiam saber onde ela estava, os amigos dela do clube de xadrez, onde ela passava horas e horas da sua vida, a jogar o jogo de tabuleiro tão fácil quanto respirar.
—Bom dia, algum de vocês viu a Isa hoje? — Questionei, preocupada mas discreta.
—Somente uma vez ... - Respondeu Tulyus na hora, pois, sempre que o assunto é sobre a Isa nada lhe escapa, porém por muito que ele tente esconder os seus sentimentos não é novidade para ninguém que ele está caídamente apaixonado por ela desde que se tornaram companheiros de clube - Mas ela parecia um pouco constrangida...
-Obrigada Tulyus ... - Agradeci com um sorriso, saindo de perto deles.
Mesmo que a informação que eles me tenham dado tenha sido muito pequena e vaga, despertou-se em mim uma esperança, um lugar onde eu sei que Isa estaria precisamente.
No WC Feminino, na última cabine sanitária, esse era o único lugar onde ela se sentiria confortável de se trancar num dia depressivo.
Até porque lá tem a nossa marca, foi tudo num dia em que eu estava completamente caída do avesso, sem esperanças... Isa teve a brilhante ideia de pegar numa caneta permanente e escrever na porta da cabine "Isalie", a suposta combinação de nomes que criámos para nós as duas. Como melhores amigas. Lá no fundo ela sempre me valorizou, eu é que não estava disposta a querer ver isso tudo.
Entrei na casa de banho, tudo estava vazio e não se ouvia um mínimo barulho, assim como todas as cabines sanitárias tinham a porta aberta. Todas menos a fundo.
Andei em passos lentos até a mesma, passando a minha mão pela madeira fria das portas, quando lá cheguei encostei o meu ombro direito e o meu ouvido a porta e perguntei:
—Isa ... Estás aí?
Não tinha obtido nenhuma resposta, nem um simples barulho, isso levou-me por momentos a pensar que estava a falar sozinha ou até mesmo para uma outra pessoa qualquer.
—Isalie? — Acrescentei.
—Natalie... — Falou ela baixo com imensa dor na sua voz.
—Isa por favor. Sai daí de dentro...
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Harmful
RomanceNatalie é uma das jovens mais reservadas da escola, apenas tem como companhia a sua amiga Iza, ambas alunas de mérito. Na tentativa de fazer troça delas, o grupo "machão" da escola convida as duas para uma festa de barril no meio da floresta. Para s...