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— Aqui... — Sorriu Bryson, apontando para a frente, com o olhar fixo na ponta do seu dedo.

Dei um sorriso, simplesmente por ver Bryson sorrir, as vibrações que ele me transmitia eram demasiado boas, de uma forma em que mesmo estando escuro naquele estacionamento,  eu conseguia ver as suas pupilas dilatarem de felicidade, e, com uma leve aproximação ao seu peito, ouvia o seu coração.
Era isso que me deixava feliz, estava a ser tudo tão sincero, tão verdadeiro... É bastante importante para mim fazer parte da vida dele.

Deixei os sentimentos um pouco "de lado" e olhei para onde ele estava a apontar, um parque infantil enorme seguido de uma quadra de basketball.
O parque tinha 2 escorregas, para 2 diferentes idades, um maior e outro mais pequeno, por detrás deles, 4 baloiços, 1 tirolesa de pequena distância, e o que me impressionava mais, um trampolim.

— Um parque infantil ? — Devolvo o sorriso.

Bryson desviou o olhar dos brinquedos e permaneceu-o em mim, vendo-me observar com atenção cada centímetro daquele local, logo falou, com um sorriso honesto:

— Quando ela não podia levar-me até à praia, ou até mesmo quando o meu pai ficava num estado tão horrível que ela não queria que eu visse... Era para aqui que ela me trazia... — Olhou para os baloicos, como se ainda conseguisse ver a sua forma infantil sorrir sentado nos mesmos, enquanto a sua mãe o observava com orgulho sentanda no banco mesmo atrás de nós — Ela dizia que estar ao lado de outras crianças iria me fazer bem... Mas ao fim de um tempo eu percebi que eu não vinha até ao parque para estar com outras crianças... Mas sim com ela...

Os sentimentos de Bryson falavam mais alto que ele, conseguia sentir na sua voz que levemente mostrava insegurança, enquanto ele engolia a sua própria saliva com frequência, mas, no meio de toda a emoção a felicidade aparecia, apesar do orgulho.

Com pequenos passos avançamos até aos escorregas, deixando o mesmo atrevessar-se no meio dos dois, olhamos um para o outro com os braços pousados nas beiras do brinquedo.

— Deviam ser tempo importantes para ti... — Refleti com as expressões do rosto dele.

— Bem... — Deu um sorriso irônico — Mas sim... Foi muito importante para mim...

Bryson quis manter uma imagem de menino mau toda a sua vida, e, quando finalmente expressava os seus sentimentos a alguém, a ironia e o sarcasmo falam mais alto, porém, eu não vejo isso como algo infantil, ele simplesmente nunca se sentiu assim, essa é a forma do seu psicológico recolher toda a informação, tendo um maior impacto  no que ele quer mostrar ser  do que o que realmente é.
Todos os dias damos de caras com isso,pois todos nós queríamos ser alguém, mas, quando o destino não o permite e acabamos por ser alguém completamente diferente, fingir torna-se a solução mais fácil e é aí que a ciência começa, quando todos os nossos hormonas têm a tendência de não nos deixar pensar duas vezes,  quando a adrenalina se liberta no nosso corpo, ficamos sem medo algum, deixando as nossas ações serem o oposto da realidade.
Isso é a mente de Bryson.

— Bryson... — Passei por debaixo do escorrega na sua superfície mais alta, agarrando a mão dele ao chegar ao outro lado — Tu podes falar qualquer coisa comigo, nunca te vou julgar... Ser quem tu realmente és, é o mais importante para mim... — Levo a minha mão até à sua bochecha esquerda, vendo o olhar pensativo que ele me mandava, com os seus lábios um pouco contraídos — Eu não ligo ao que os outros dizem sobre ti.

Num sorriso silencioso as nossas testas tocam uma na outra.
Depois de uns segundos Bryson movesse para trás,  com um sorriso brincalhão e uma voz encenada de um cavalheiro saído de um filme diz:

— A Senhorita Patel gostaria de um visita guiada ao meu Reino — Agacha-se levemente, com uma mão atrás das suas costas e a outra no ar dirigida a mim.

— Oh que gentileza a sua Senhor Hill — Entrei na brincadeira, fazendo uma vénia à sua frente, falando sempre com a voz mais doce que o normal — Seria uma honra - Ri pousando a minha mão na Palma da dele.

Ele agarra na minha mão, e com um sorriso enorme  corremos para o meio do parque, como crianças.

Deixei que ele me empurrasse no baloiço, agarrando com força as correntes lançando risos estridentes no ar.

Vi uma bola de baskett no chão parada.
Olhei para a bola, e de seguida, lancei um olhar desafiador a Bryson, do tipo, "O primeiro a apanhar a bola ganha!".

Saltei do baloiço, de forma a ficar à frente dele, ganhando avanço, até chegar perto da bola.
Correndo para a mesma, enquanto pedia mentalmente que ele não chegasse lá primeiro.

Peguei na bola,  pressionei-a contra a minha barriga, envolvendo-a com os meus braços.

Bryson chegou perto de mim com um riso maléfico num tom engraçado, ameaçando pegar na bola.

—Não! — Gargalhei — É minha!

Rodei, ao tentar chegar até ao cesto mais a frente, enquanto tentava esquivar-me de Bryson, que com os seus braços grandes tentava agarrar-me pelos lados.

Fingi erguer a bola no ar, em direção ao cesto, enganando-o, pois o mesmo saltou em direção ao cesto.

Ri com a pequena brincadeira e atirei a bola ao cesto, acertando em cheio.

— Ah! — Resmungou, lançando um sorriso provocador enquanto se lançava a mim — Agora quero uma desforra!

Assim que terminou a frase, agarrou-se a mim, apertando-me num abraço frontal, com um beijo nos lábios, ainda com os peitos encostados ele ergueu-me no ar, rodando-me sem desfazer o abraço.

Depois de horas de diversão, vimo-nos deitados num trampolim, a olhar para o céu estrelado, tocando com os narizes e um sorriso.

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